
Foto: Netflix / Divulgação
Lançada nesta terça-feira (15) na Netflix, a série “O Domo de Vidro” (Glaskupan) é a mais nova produção escandinava que promete fisgar os fãs de thrillers densos e dramas psicológicos.
Com apenas seis episódios, a minissérie criada pela consagrada escritora de romances policiais Camilla Läckberg combina mistério, trauma e uma ambientação sufocante para entregar uma narrativa que não se contenta apenas em descobrir “quem fez”, mas também explora o “por que isso ainda dói”.
Sinopse da série O Domo de Vidro (2025)
Na trama, acompanhamos Lejla Ness (Léonie Vincent), uma criminologista que retorna à sua vila natal, Granås, após a morte da mãe adotiva. Mas esse reencontro com o passado carrega bem mais que saudade: Lejla é marcada por um trauma de infância, quando foi sequestrada e mantida presa dentro de um domo de vidro. O algoz jamais foi identificado.
Tudo ganha contornos ainda mais perturbadores quando Alicia, filha de uma amiga de Lejla, desaparece em circunstâncias assustadoramente similares às que a protagonista enfrentou anos antes. Em meio à investigação, Lejla se vê obrigada a confrontar suas memórias fragmentadas, as cicatrizes que nunca fecharam e os segredos enterrados pela comunidade aparentemente tranquila de Granås.
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Crítica de O Domo de Vidro, da Netflix
Apesar da estrutura de whodunit e de toda a tensão clássica de desaparecimento, “O Domo de Vidro” se destaca por mergulhar no interior da mente de sua protagonista. A série não se apressa em resolver o mistério. Em vez disso, prefere decifrar o impacto psicológico que o passado deixou em Lejla, construindo uma personagem em constante colisão entre o instinto investigativo e o pânico emocional.
A atuação de Léonie Vincent é uma das grandes forças da minissérie. Sua atuação é contida, mas inquieta — cada gesto é carregado por um silêncio incômodo, como se cada respiração escondesse um grito engasgado. Lejla é chamada de “a menina da caixa” por moradores da vila, rótulo que ecoa como uma cicatriz coletiva. É esse estigma, junto da perda recente da mãe e da nova tragédia, que faz da personagem um campo de batalha interno.
Mais do que a resolução do crime, a série parece interessada em mostrar como o trauma molda comportamentos, relações e percepções da realidade. Em muitos momentos, os fantasmas do passado são mais tangíveis do que os vilões do presente.
Ambientação que respira tensão e isolamento
Granås não é apenas o cenário — é um personagem. A vila coberta de neve, com sua frieza literal e simbólica, amplifica a sensação de claustrofobia e abandono. A direção de Henrik Björn e Lisa Farzaneh sabe explorar isso com uma fotografia cinzenta e fria, que parece aprisionar a narrativa num ciclo sem fim de sofrimento e suspeita.
As cenas alternam entre presente e passado com fluidez, construindo camadas de revelações aos poucos. Os flashbacks não explicam tudo, mas insinuam bastante — um recurso eficaz que mantém o espectador sempre desconfiado, tanto dos outros personagens quanto das memórias de Lejla.
Segredos, tensão e reviravoltas até o fim
Como em todo bom suspense escandinavo, não faltam suspeitos, pistas falsas e viradas inesperadas. O roteiro de Amanda Högberg e Axel Stjärne aposta numa trama fragmentada e desconfiada, que exige atenção constante do público. Tomas (Johan Rheborg), o chefe de polícia, e Valter (Johan Hedenberg), pai adotivo de Lejla, adicionam camadas dramáticas e humanas a essa rede de intrigas que não tem mocinhos claros.
Se há alguma fraqueza, ela está nos momentos finais. A reta final pede um pouco mais de suspensão de descrença, com algumas soluções menos orgânicas do que o início promissor. Ainda assim, o saldo geral é de uma experiência envolvente, tensa e comovente.
Conclusão
“O Domo de Vidro” é mais do que um suspense sobre sequestros e desaparecimentos. É um mergulho no trauma, na identidade e nas cicatrizes deixadas pelo silêncio. Ao colocar uma mulher frente a frente com seu passado e as sombras de sua infância, a série constrói uma jornada emocionalmente densa e visualmente marcante.
Mesmo com algumas oscilações no ritmo, o trabalho de direção, o roteiro bem amarrado e a interpretação hipnotizante de Léonie Vincent garantem que essa produção sueca tenha lugar garantido entre os melhores thrillers psicológicos recentes da Netflix. Para quem busca não só descobrir quem é o culpado, mas também entender o que o sofrimento faz com uma pessoa — “O Domo de Vidro” é imperdível.
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Onde assistir à série O Domo de Vidro?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de O Domo de Vidro (2025)
Elenco de O Domo de Vidro, da Netflix
- Léonie Vincent
- Johan Hedenberg
- Johan Rheborg
- Farzad Farzaneh
- Ia Langhammer
- Cecilia Nilsson
- Emil Almén
Ficha técnica da série O Domo de Vidro
- Título original: Glaskupan / The Glass Dome
- Criação: Camilla Läckberg
- Gênero: suspense, policial, drama
- País: Suécia
- Temporada: 1
- Episódios: 6
- Classificação: 16 anos