Não é de hoje que o streaming aposta em dramas de suspense envolvendo famílias aparentemente perfeitas, ambientados entre casas luxuosas, segredos sórdidos e uma tragédia que expõe rachaduras escondidas sob o verniz do sucesso. “A Melhor Irmã”, nova série do Prime Video, adapta o best-seller de Alafair Burke para entregar exatamente esse tipo de narrativa: envolvente, polida, misteriosa – e, por vezes, frustrante.
Com um elenco estelar liderado por Jessica Biel e Elizabeth Banks, a produção flerta com o que há de mais característico no subgênero pós-Big Little Lies, mas nem sempre encontra o equilíbrio entre forma e conteúdo. A seguir, destrinchamos os pontos fortes e as armadilhas dessa história de assassinato, memórias fragmentadas e rivalidade entre irmãs.
Sinopse da série A Melhor Irmã (2025)
Na trama, Chloe Taylor (Jessica Biel) parece ter tudo sob controle: uma carreira sólida como editora-chefe de uma revista renomada, uma casa impecável nos Hamptons, um filho exemplar e um casamento estável com Adam (Corey Stoll), um advogado bem-sucedido. Essa fachada desmorona quando ela retorna de uma festa e encontra o marido morto na sala, envolto em sangue.
Enquanto a polícia inicia as investigações, segredos vêm à tona. Adam tinha um passado nebuloso, e o filho adolescente Ethan (Maxwell Acee Donovan) é, na verdade, fruto do relacionamento anterior com Nicky (Elizabeth Banks), a irmã rebelde e desaparecida de Chloe. Quando Nicky reaparece para o funeral e acaba se reaproximando de Ethan, o clima de tensão e desconfiança entre as duas irmãs volta com força total.
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Crítica de A Melhor Irmã, do Prime Video
“A Melhor Irmã” começa com o pé direito: ritmo certeiro, atmosfera bem construída e uma protagonista cuja vida de aparências se esfarela rapidamente. O primeiro episódio, dirigido por Craig Gillespie (Eu, Tonya), estabelece uma tensão elegante, sem apelar para o exibicionismo do luxo – o que, ironicamente, torna a sofisticação ainda mais presente.
A fotografia fria e os ambientes minimalistas reforçam o vazio emocional de Chloe, e Biel assume bem a persona de uma mulher acostumada a controlar narrativas, mas impotente diante da tragédia.
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Elizabeth Banks: o elemento de ruptura
A entrada de Elizabeth Banks é o que realmente movimenta a série. Nicky chega como um furacão disfuncional – politicamente incorreta, visceral, hilária e dolorosamente humana. Ao contrário da elegância congelada de Chloe, Nicky transpira desordem e verdade.
Sua relação com Ethan se reaquece com uma espontaneidade que falta ao restante da série, e suas provocações à irmã resgatam feridas familiares que tornam a narrativa mais emocionalmente crua. Sem ela, “A Melhor Irmã” seria apenas mais um drama polido sobre gente rica se desentendendo em casas caras.
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Mistérios, reviravoltas e… distrações
A série se sustenta em seu mistério central – quem matou Adam? – mas não tem pressa em resolvê-lo. E isso nem sempre funciona a seu favor. Embora os episódios iniciais sejam viciantes, a trama se alonga com subtramas irrelevantes e tentativas de humor deslocado, como o detetive com aparência de Borat e piadas adolescentes que quebram a tensão do enredo.
Além disso, o uso excessivo de flashbacks e visões do passado, muitas vezes sem conexão orgânica com o momento presente, atrapalha a fluidez. O suspense, que deveria intensificar-se, dilui-se em desvios narrativos que tornam os episódios finais arrastados.
Um falso whodunit: mais sobre as máscaras do que sobre o crime
Assim como outras produções do gênero – The Undoing: Já Devias Saber, O Casal Perfeito, Objetos Cortantes –, o assassinato em “A Melhor Irmã” é mais um ponto de partida do que um fim. O interesse não está tanto em saber quem matou Adam, mas em observar como a tragédia escancara os podres de personagens que sempre viveram de aparência.
A série brilha quando aposta nesse desconforto: o retorno forçado ao passado, as dinâmicas entre irmãs, as contradições emocionais de mulheres moldadas por traumas e expectativas.
É uma série sobre máscaras sociais, sobre a performance da perfeição – e, nesse ponto, entrega momentos genuinamente inquietantes.
Conclusão
“A Melhor Irmã” tem todos os ingredientes de um thriller psicológico contemporâneo: assassinato, segredos de família, protagonistas femininas complexas e tensão doméstica em cenários de alto padrão. No entanto, ao tentar adicionar humor estranho, alívios tonais e desdobramentos excessivos, a minissérie perde parte de sua força dramática.
Jessica Biel oferece uma performance sólida e contida, enquanto Elizabeth Banks brilha com sua energia imprevisível. A série vale a maratona, especialmente para fãs do subgênero, mas talvez deixasse impressão mais marcante se tivesse sido mais concisa e menos dispersa. Ainda assim, funciona como entretenimento afiado para quem gosta de ver vidas perfeitas se desfazendo sob a luz implacável do crime.
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Onde assistir à série A Melhor Irmã?
A série está disponível para assistir no Prime Video.
Trailer de A Melhor Irmã (2025)
Elenco de A Melhor Irmã, do Prime Video
- Jessica Biel
- Elizabeth Banks
- Lorraine Toussaint
- Corey Stroll
- Kim Dickens
- Bobby Naderi
- Matthew Modine
- Gabriel Sloyer
- Maxwell Donovan
- Gloria Reuben
- Paul Sparks