Taynna Gripp A nova série da Netflix, “O Píer”, marca o retorno de Kevin Williamson à televisão em um tom muito mais denso do que seus fãs poderiam imaginar. Conhecido por sucessos como Dawson’s Creek e Pânico, o criador agora mergulha nas águas turvas da criminalidade e dos conflitos familiares com uma trama que, segundo ele mesmo, foi “livremente inspirada” no passado de seu pai — um pescador que acabou se envolvendo com o tráfico de drogas.
Ambientada na fictícia Havenport, na Carolina do Norte, “O Píer” não é apenas mais uma história sobre uma família rica em decadência. É um retrato complexo de sobrevivência, ganância e relações marcadas por culpa, dependência e ambição. A série estreia com oito episódios e um elenco de peso, incluindo Melissa Benoist, Maria Bello, Holt McCallany e Jake Weary, e promete ser um dos dramas mais comentados da temporada.
A obra começa em alto-mar, com uma cena de tensão que define o ritmo da narrativa: um carregamento de drogas dá errado, dois homens são assassinados, e o império da família Buckley começa a ruir em velocidade acelerada. A partir daí, a série se desenrola em um emaranhado de traições, decisões questionáveis e tentativas desesperadas de manter a fachada da respeitabilidade.
Sinopse da série O Píer
Durante décadas, os Buckley dominaram a indústria pesqueira e a gastronomia de Havenport. Mas, após sofrer dois infartos, o patriarca Harlan Buckley (Holt McCallany) se vê afastado dos negócios. Cabe então à esposa Belle (Maria Bello) e ao filho Cane (Jake Weary) manter o império de pé — mesmo que para isso cruzem perigosas linhas morais.
Enquanto Belle tenta fechar um acordo imobiliário às escondidas, Cane recorre ao tráfico de heroína para pagar dívidas. Paralelamente, Bree (Melissa Benoist), filha de Harlan e ex-dependente química, luta para se reintegrar à família e recuperar a guarda do filho, Diller (Brady Hepner). Mas em meio a tantos segredos, disputas e falhas do passado, o que sobra é uma família disfuncional à beira do colapso.
Crítica de O Píer (2025)
“O Píer” se sustenta não apenas pela tensão constante, mas também pela maneira como mergulha nos erros de seus personagens. Kevin Williamson declarou que a série é “sobre um bando de pessoas que cometem erros”, e isso se reflete na forma como a narrativa recusa qualquer tentativa de redenção fácil.
Cada integrante dos Buckley é movido por uma mistura de medo, ambição e carência emocional. Cane, interpretado com rigidez por Jake Weary, é um filho ressentido que tenta provar seu valor da pior forma possível.
Belle, vivida por Maria Bello em uma atuação firme e comedida, esconde sua vulnerabilidade por trás de decisões pragmáticas. Já Bree, interpretada com energia emocional por Melissa Benoist, é a alma instável da história — marcada pelo trauma e pela busca desesperada por um lugar ao sol.
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Trama acelerada e narrativa viciante
Williamson adota um ritmo ágil e cheio de reviravoltas. “O Píer” é uma série que não dá respiro: cada episódio traz novos conflitos, revelações e alianças inesperadas. Há um tom de novelão noir que funciona surpreendentemente bem, lembrando obras como Revenge e Brothers & Sisters, com o acréscimo de tráfico de drogas, corrupção e investigações policiais.
Apesar dos exageros ocasionais — como certas coincidências convenientes ou personagens que beiram a caricatura —, o roteiro mantém o público preso. A ambientação costeira é bem explorada, oferecendo uma estética entre o bucólico e o decadente, que casa com o espírito da história: bonito por fora, podre por dentro.
Personagens femininas que se destacam
Embora a série tenha como eixo o patriarca Harlan e as atitudes destrutivas de Cane, são as mulheres da trama que realmente se destacam. Belle e Bree são personagens com camadas bem desenvolvidas, que transitam entre o erro e a tentativa de reconstrução. Danielle Campbell, como Peyton — a esposa aparentemente perfeita de Cane —, ganha destaque ao longo dos episódios, revelando facetas surpreendentes.
Essa complexidade feminina ajuda a afastar a série de uma simples glorificação do anti-herói masculino. Aqui, todos erram — mas nem todos são perdoados com a mesma facilidade.
Uma história pessoal com ecos universais
O fato de “O Píer” ter sido inspirado na história do pai de Williamson dá à série uma dimensão adicional. Há algo de íntimo e melancólico nos diálogos e nos dilemas éticos apresentados. Mesmo que o enredo tome liberdades criativas, a questão central — como pessoas comuns acabam tomando decisões drásticas — reverbera com força.
O próprio Williamson reconheceu: “Estamos num mundo onde todo mundo tem um bico, todo mundo está tentando sobreviver”. E essa frase resume bem o coração da série: a luta para manter a dignidade em meio ao caos.
Vale a pena ver O Píer na Netflix?
“O Píer” é mais do que um drama criminal com boas doses de adrenalina. É uma reflexão agridoce sobre o que resta quando os pilares de uma família começam a ruir. Com um elenco sólido, ritmo envolvente e personagens que não se encaixam em arquétipos fáceis, a série promete conquistar tanto quem busca tensão quanto quem gosta de tramas familiares bem escritas.
Não espere uma narrativa redondinha ou moralmente reconfortante. Aqui, tudo é turvo — como a água que cerca Havenport. E talvez seja exatamente isso que torne a série tão difícil de largar.
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Onde assistir à série O Píer?
A novela está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de O Píer (2025)
Elenco de O Píer, da Netflix
- Holt McCallany
- Melissa Benoist
- Jake Weary
- Maria Bello
- Rafael L. Silva
- Humberly González
- Danielle Campbell
- Brady Hepner
- Topher Grace
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