
Foto: Disney / Divulgação
Rami Malek retorna ao protagonismo com o filme “Operação Vingança”, um thriller de espionagem que promete inovação dentro de um gênero repleto de fórmulas repetidas. Com direção de James Hawes e baseado no romance The Amateur, de Robert Littell, o longa oferece uma abordagem mais cerebral da vingança, subvertendo o arquétipo do espião musculoso com um protagonista introspectivo, inteligente e… inapto para o combate físico.
Apesar da premissa original e de um elenco recheado de nomes fortes como Laurence Fishburne, Caitríona Balfe e Jon Bernthal, o filme esbarra em problemas de ritmo e desenvolvimento, o que limita o impacto da história. Ainda assim, “Operação Vingança” é uma experiência curiosa que tenta equilibrar conspiração geopolítica, drama emocional e ação em um roteiro sóbrio — por vezes, até demais.
Sinopse do filme Operação Vingança
Charlie Heller (Rami Malek) é um criptógrafo da CIA, recluso e meticuloso, que tem sua vida transformada após a morte brutal de sua esposa, Sarah (Rachel Brosnahan), em um atentado terrorista em Londres. Frustrado com a omissão da agência, que opta por não investigar o caso a fundo, Heller resolve agir por conta própria.
Sem qualquer treinamento de campo, ele embarca em uma caçada global aos responsáveis pelo ataque, movido apenas por sua inteligência e desejo de vingança.
Ao longo do caminho, ele enfrentará a resistência de seus próprios superiores e contará com a ajuda inesperada de uma colega virtual (Caitríona Balfe) e de um mentor relutante (Laurence Fishburne). A jornada o leva a descobrir uma rede de conspirações que envolve altos escalões da CIA e coloca em xeque a própria moralidade de sua missão.
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Crítica de Operação Vingança (2025)
O grande diferencial de “Operação Vingança” está no seu protagonista: Charlie Heller é um “espião às avessas”, um homem comum, analítico, incapaz de lutar, mas extremamente hábil com códigos, estratégias e improvisações. O filme acerta ao construir esse anti-herói de forma sólida, usando flashbacks, momentos de solidão e planos mais fechados para conectar o público ao seu trauma.
A atuação de Malek, no entanto, é divisiva. Seu estilo contido, quase robótico, pode parecer frio demais, mas talvez traduza o próprio estado emocional do personagem. O resultado é um Heller que fascina pela lógica, mas carece de carisma nas cenas de confronto direto.
Ritmo irregular e personagens desperdiçados
Mesmo com boas ideias, o roteiro de Ken Nolan e Gary Spinelli tem dificuldades em manter o fôlego. O primeiro ato é promissor, mas a narrativa perde força ao longo do tempo, alternando entre cenas esticadas e um clímax apressado.
Além disso, personagens secundários, como os vividos por Fishburne e Bernthal, têm potencial desperdiçado. O mentor vivido por Fishburne até possui momentos interessantes, mas sua importância para a trama é diluída por mudanças bruscas de rumo e falta de background. Já o papel de Bernthal é praticamente decorativo.
Direção competente, mas contida demais
James Hawes entrega uma direção eficiente e sem excessos. Conhecido por seu trabalho em Black Mirror, ele aplica o mesmo olhar meticuloso aqui, com atenção às locações reais e ao clima de tensão crescente. A jornada de Heller por cidades como Londres, Paris e Istambul é visualmente atraente e ajuda a reforçar o escopo global da trama.
A melhor cena — uma invasão a um hotel com piscina de vidro — mostra que o diretor sabe orquestrar ação quando necessário. Mas falta ousadia. O filme evita se aprofundar em discussões mais polêmicas, como o envolvimento geopolítico dos EUA, e opta por uma abordagem mais segura e convencional.
Temas relevantes, mas pouco desenvolvidos
A faceta mais moderna do longa está na idealização tecnológica. A inteligência digital de Heller, em muitos momentos, beira o impossível. A quebra da segurança de locais ultravigiados parece fácil demais, o que compromete a credibilidade do roteiro. O filme tenta justificar tudo pela genialidade do personagem, mas o excesso de conveniências e gadgets quebra a imersão, especialmente para um thriller que se propõe mais realista.
Embora o filme trate de temas como luto, moralidade e responsabilidade institucional, eles não são aprofundados como poderiam. O conflito interno de Heller — entre a sede de justiça e a perda da humanidade — é interessante, mas não evolui a ponto de provocar reflexões mais complexas. O desfecho, que deveria selar essa transformação, soa vago e pouco satisfatório. Falta contundência para marcar a mudança do protagonista de forma significativa.
Conclusão
“Operação Vingança” é um thriller que começa com potencial para se destacar, mas termina como mais um exemplar mediano do gênero. A proposta de colocar um protagonista cerebral no centro da ação é válida e, em parte, bem executada.
Rami Malek entrega uma atuação coerente, ainda que fria, e a direção de James Hawes consegue construir tensão nos momentos certos. No entanto, a falta de ritmo, o desperdício de personagens e as soluções convenientes comprometem o resultado final.
Não é um desastre — longe disso. Há boas cenas, ideias interessantes e um esforço visível em fugir da pancadaria gratuita. Mas também não é memorável. Um filme que tenta se distanciar dos clichês, mas que, no fim, acaba tropeçando em muitos deles.
Ideal para fãs de espionagem à moda antiga, e para quem aprecia ver a inteligência ser usada como arma. Só não vá esperando uma revolução no gênero. E, definitivamente, não precisa assistir em IMAX.
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Onde assistir ao filme Operação Vingança?
O filme está disponível para assistir nos cinemas.
Trailer de Operação Vingança (2025)
Elenco do filme Operação Vingança
- Rami Malek
- Rachel Brosnahan
- Jon Bernthal
- Evan Milton
- Nick Mills
- Tiffany Gray
- Adrian Martinez
- Kate Sumpter
Ficha técnica de Operação Vingança (2025)
- Título original: The Amateur
- Direção: James Hawes
- Roteiro: Ken Nolan, Gary Spinelli
- Gênero: suspense, ação
- País: Estados Unidos
- Duração: 104 minutos
- Classificação: 16 anos