
Foto: Vitrine Filmes / Sinny Assessoria / Divulgação
Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade Maravilhosa, as feiras livres são uma atração para cariocas e turistas não apenas em busca de alimentos frescos, mas também chamam a atenção por seu fator humano. Figuras pitorescas conquistam a clientela não apenas pela qualidade dos produtos, mas pela conversa e simpatia, como mostrado em diversas partes do documentário “Todo Dia é Dia de Feira”, primeiro trabalho solo de Silvia Fraiha.
Porém, o momento de descontração na ponta final do processo de um feirante esconde uma vida de muito trabalho, pouco retorno e na maioria das vezes uma identificação entre o trabalhador e suas mercadorias beirando a admiração. O comum, o despercebido pela pessoa comum é o foco, e mostra essas relações dessas pessoas em todos os instantes do dia – a compra do produto perfeito, o transporte, como lidam com os clientes, etc.
Sinopse do documentário Todo Dia é Dia de Feira
“Todo Dia é Dia de Feira” acompanha o cotidiano de Arnaldo, Luiz, Fernando e Cristina, feirantes profissionais, que ao contar suas histórias, revelam os agitados bastidores de uma tradição ameaçada e a dura realidade da desigualdade social para mais de 8 mil famílias do Rio de Janeiro.
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Crítica de Todo Dia é Dia de Feira (2025)
A câmera, como em todo bom documentário, reveza imagens da cidade, das feiras e do cotidiano dos comerciantes. O visual das feiras livres são um convite ao olhar: flores, frutas, temperos e uma infinidade de produtos com seu colorido parecem implorar por um registro.
Porém, a narração em off joga para escanteio qualquer ilusão de imparcialidade que alguém acredite existir. O problema não é esse: é que o texto comentando as agruras das pessoas retratadas beira um pouco a ingenuidade. As entrevistas de cada feirante revelam uma potência que não é acompanhada pela narração.
Os personagens, embora singulares, compartilham a origem humilde, e um certo aceitamento de seus destinos, enquanto trabalham em um estilo de comércio que, embora ainda tenha bastante charme, vem sendo engolido pelas grandes redes de supermercado e serviços de entrega online.
Essa é a nota triste, o risco de tantas personalidades incríveis e o calor humano no tratamento com a população serem perdidos num futuro não tão distante. Hoje, as feiras sobrevivem mais baseadas na tradição e no seu peso cultural, com gente ralando muito sem nenhuma preocupação ou olhar tanto do Estado quanto da população, que talvez sinta mas a falta quando elas não mais existirem.
Conclusão
O documentário “Todo Dia é Dia de Feira” é um retrato afetuoso e necessário de um modo de vida que resiste à margem da pressa urbana e das transformações do consumo. Ao iluminar o cotidiano dos feirantes cariocas com respeito e sensibilidade, o documentário nos convida a valorizar o que muitas vezes passa despercebido: o trabalho árduo, a relação afetiva com os produtos e o vínculo direto com a comunidade.
Apesar de alguns tropeços na narração e de certa idealização no tom, a força do filme está nos rostos, nas vozes e nas histórias de quem mantém viva uma tradição que é, antes de tudo, humana. No fim das contas, a obra serve como um lembrete de que preservar as feiras livres não é apenas garantir o acesso a frutas frescas e legumes coloridos — é manter de pé um espaço de troca, memória e afeto que pode desaparecer antes mesmo que percebamos sua importância.
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Onde assistir ao Todo Dia é Dia de Feira?
O filme está disponível para assistir nos cinemas.
Trailer de Todo Dia é Dia de Feira (2025)
Elenco do filme Todo Dia é Dia de Feira
- Jose Arnaldo Barros da Silva
- Luiz Fernando de Carvalho
- Luiz Regoto
- Ormeli Cristina de Nascimento Silva
- Bianca di Marino Tagliari Sirotsky
Ficha técnica de Todo Dia é Dia de Feira (2025)
- Direção: Silvia Fraiha
- Roteiro: Silvia Fraiha, Sylvio Gonçalves, Daniel Fraiha
- Gênero: documentário
- País: Brasil
- Duração: 77 minutos
- Classificação: livre