Richard Curtis, um nome que se tornou sinônimo de comédias românticas britânicas icônicas, retorna ao cenário natalino com “Aquele Natal” (That Christmas), uma animação baseada em sua série de livros infantis que chega à Netflix.
Conhecido por sucessos como Simplesmente Amor e Quatro Casamentos e um Funeral, Curtis tenta mais uma vez capturar a magia e o espírito de união que os filmes de Natal proporcionam. Mas será que este novo projeto consegue inovar no já saturado gênero natalino?
Sinopse do filme Aquele Natal (2024)
Ambientado na pitoresca cidade fictícia de Wellington-on-Sea, “Aquele Natal” acompanha histórias interligadas de três grupos de personagens lidando com desafios típicos e atípicos do período festivo. Há Danny, um garoto tímido enfrentando a separação dos pais; as gêmeas Sam e Charlie, cujas personalidades opostas geram conflitos e confusões; e Bernadette, que tenta modernizar as tradições natalinas com resultados cômicos.
Tudo isso é amarrado por uma tempestade de neve que isola a comunidade e coloca crianças no comando das celebrações enquanto os adultos estão presos. Para completar, Papai Noel, dublado por Brian Cox, faz uma aparição inusitada, garantindo momentos cômicos e sentimentais.
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Crítica de Aquele Natal, da Netflix
Há uma familiaridade inegável em “Aquele Natal”, tanto em sua narrativa quanto no estilo de Curtis. Elementos já explorados em obras anteriores do roteirista retornam, como o humor britânico peculiar, situações exageradamente desajeitadas e personagens adoravelmente atrapalhados. No entanto, o filme parece mirar um público muito jovem, deixando pouco espaço para camadas que poderiam agradar também aos adultos.
A animação, produzida pelo estúdio Locksmith Animation (Ron Bugado), apresenta um misto de cenários visualmente deslumbrantes e personagens que, infelizmente, deixam a desejar. As paisagens cobertas de neve e os detalhes minuciosos do vilarejo criam uma atmosfera encantadora, mas o design dos personagens é, no mínimo, peculiar. Narizes desproporcionais e expressões caricatas causam estranheza, destoando do realismo dos cenários.
No quesito narrativa, o filme se esforça para abordar temas contemporâneos, como ansiedade infantil, famílias desestruturadas e diversidade cultural. Apesar de louváveis, essas inserções muitas vezes parecem forçadas, como se estivessem marcando itens de uma lista de temas relevantes. A tentativa de modernizar tradições natalinas, embora divertida, se perde em piadas fáceis e situações que carecem de impacto emocional genuíno.
Os momentos cômicos variam entre o eficaz e o desnecessário. Enquanto algumas cenas, como o desastre na peça de Natal, arrancam risadas genuínas, outras – como piadas de teor duvidoso envolvendo renas e neve – soam apelativas e fora de tom. Além disso, personagens promissores, como Bernadette e o próprio Papai Noel, acabam não recebendo o desenvolvimento que merecem, contribuindo para um desfecho previsível.
Conclusão
“Aquele Natal” é um filme que tenta agradar a todos, mas acaba sendo um tanto genérico. Apesar de uma animação caprichada e momentos encantadores, a falta de ousadia no roteiro e as escolhas questionáveis no design de personagens impedem que a obra alcance o nível de clássicos natalinos modernos.
Ainda assim, para famílias em busca de uma opção leve e acessível, é uma escolha válida. No entanto, para aqueles que esperam algo tão marcante quanto as obras anteriores de Curtis, a experiência pode deixar um gosto agridoce.
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