“Cem Anos de Solidão” (Cien Años de Soledad) é o livro preferido deste que vos escreve. Quem já leu o clássico de Gabriel García Márquez sabe que adaptá-lo sempre foi considerado um desafio quase impossível. A complexidade narrativa, o realismo mágico e os detalhes poéticos transformaram o romance em uma obra frequentemente descrita como “infilmável”.
Sinopse da série Cem Anos de Solidão (2024)
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Crítica de Cem Anos de Solidão, da Netflix
Laura Mora e Alex García López, os diretores, captam a essência de Macondo com uma abordagem visual artesanal que valoriza efeitos práticos em detrimento de soluções digitais. Cenários meticulosamente construídos e figurinos ricos em detalhes evocam o universo mágico do romance. Há uma palpável reverência ao texto original, sem, no entanto, sacrificar a linguagem audiovisual.
Liberdades criativas
Ainda assim, a adaptação toma liberdades significativas. A linearidade cronológica adotada facilita a compreensão para quem não conhece a obra, mas dilui a riqueza das idas e vindas temporais que caracterizam a narrativa de García Márquez. Por outro lado, o uso do narrador como ferramenta de transposição literária é um acerto, preservando o lirismo e a profundidade poética do texto.
No campo das atuações, Marleyda Soto (Úrsula Iguarán) e Claudio Cataño (Aureliano Buendía) entregam performances intensas e imersivas, contribuindo para dar vida a personagens que antes habitavam o imaginário dos leitores. No entanto, o grande elenco e a natureza episódica fazem com que alguns personagens se percam em meio à vastidão da trama.
Apesar do esforço monumental, a série enfrenta dificuldades inerentes à adaptação de uma obra tão densa. O tempo limitado obriga cortes que, embora necessários, comprometem o desenvolvimento de certos arcos narrativos. A experiência, embora visualmente impactante, não substitui a leitura do livro, mas oferece uma nova perspectiva que complementa o clássico literário.
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