
Foto: Pandora Filmes / Divulgação
Chegando com um atraso significativo aos cinemas brasileiros, o filme “Máquina do Tempo” é uma produção irlandesa que combina o formato de found footage com um enredo centrado em viagem no tempo.
O longa de Andrew Legge traz uma abordagem visual engenhosa e uma narrativa que explora as consequências de mexer com a linha temporal. Embora o subgênero esteja desgastado e a trama flerte com conceitos já explorados por clássicos como Efeito Borboleta (2004), “Máquina do Tempo” encontra sua força no tratamento estético e no impacto emocional de sua história.
Sinopse do filme Máquina do Tempo
Na Inglaterra da Segunda Guerra Mundial, as irmãs Thomasina (Thom, interpretada por Emma Appleton) e Martha (Mars, interpretada por Stefanie Martini) vivem isoladas em uma mansão decadente. Juntas, elas criam uma máquina capaz de interceptar transmissões do futuro, batizada de Lola em homenagem à mãe falecida.
Inicialmente, as duas usam a invenção para entretenimento e lucro, ouvindo músicas que ainda não foram lançadas e apostando em corridas de cavalos. No entanto, ao perceberem o potencial de Lola para salvar vidas durante o conflito, passam a enviar informações estratégicas ao exército britânico. A intervenção, contudo, leva a uma realidade alternativa devastadora, onde a Grã-Bretanha cai sob influência do regime nazista.
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Crítica de Máquina do Tempo (2022)
Um dos grandes trunfos de “Máquina do Tempo” é sua autenticidade visual. Legge não apenas emula o estilo documental da década de 1940, mas também utiliza equipamentos da época, como uma câmera 16mm Bolex, para criar imagens granuladas e cheias de imperfeições. A combinação entre filmagens encenadas e noticiários reais da Segunda Guerra dá ao filme uma sensação genuína de arquivo histórico, elevando o realismo da narrativa.
O uso da música também merece destaque: o compositor Neil Hannon não só contribui com uma trilha sonora atmosférica, como também cria canções dentro da realidade alternativa em que o fascismo reina, reforçando o impacto da distopia criada pelas protagonistas.
A armadilha da viagem no tempo e suas consequências
Emma Appleton e Stefanie Martini entregam atuações cativantes como as irmãs cientistas. Enquanto Thom é mais pragmática e determinada, Mars traz um lado mais emocional e questionador, criando um contraste essencial para o desenvolvimento da trama. O relacionamento entre elas é o coração do filme, e à medida que as consequências de suas ações se tornam cada vez mais sombrias, a separação entre as duas reforça o peso emocional da história.
O conceito de interferência temporal é um dos mais explorados na ficção científica, mas “Máquina do Tempo” consegue utilizá-lo de maneira instigante ao mostrar como pequenas alterações podem resultar em um efeito dominó catastrófico.
A decisão das irmãs de ajudar os aliados na guerra parece nobre a princípio, mas os desdobramentos levam a uma versão distópica da história, onde a Grã-Bretanha se rende ao fascismo. Essa abordagem lembra filmes como A Pista (1962) e Primer (2004), que tratam a viagem no tempo como algo inevitavelmente perigoso e paradoxal.
Forças e fraquezas da narrativa
Apesar da criatividade, o filme tem algumas inconsistências. O formato found footage funciona bem na primeira metade, mas, conforme a história se expande, a necessidade de registros visuais para tudo o que acontece soa um tanto forçada.
Além disso, a transição da trama de um tom mais leve para um desfecho sombrio é abrupta, deixando alguns eventos menos impactantes do que poderiam ser. Mesmo assim, a inteligência do roteiro e o comprometimento com a imersão fazem de “Máquina do Tempo” uma experiência cinematográfica intrigante.
Conclusão
“Máquina do Tempo” é um experimento fascinante dentro do cinema independente, combinando um conceito criativo a uma execução visual meticulosa. Embora não reinvente o gênero de ficção científica nem o found footage, ele demonstra uma compreensão profunda do impacto da intervenção no tempo e da relação entre passado, presente e futuro.
Para os fãs de histórias sobre viagem no tempo e realidades alternativas, “Máquina do Tempo” oferece uma reflexão envolvente sobre as consequências imprevistas de mexer com a história.
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Onde assistir ao filme Máquina do Tempo?
O filme estreia no dia 13 de março de 2025 nos cinemas brasileiros.
Trailer de Máquina do Tempo (2022)
Elenco do filme Máquina do Tempo
- Emma Appleton
- Stefanie Martini
- Theodora Brabazon Legge
- Francesca Brabazon Legge
- Eva O’Brien
- Rory Fleck Byrne
- Aaron Monaghan
- Cha Cha Seigne
- Shaun Boylan
- Neil Hannon
Ficha técnica de Máquina do Tempo (2022)
- Título original: Lola
- Direção: Andrew Legge
- Roteiro: Andrew Legge, Angeli Macfarlane
- Gênero: ficção científica
- País: Inglaterra, Irlanda
- Duração: 79 minutos
- Classificação: 14 anos