
Foto: Netflix / Divulgação
A temporada 2 de “A Mulher dos Mortos” mergulha ainda mais fundo na escuridão que envolve a vida de Brünhilde Blum. Depois de um primeiro ano marcado por vingança e revelações chocantes, a série germano-austríaca da Netflix retorna com seis episódios intensos, onde os fantasmas do passado batem novamente à porta.
Se a morte do marido de Blum iniciou um ciclo de sangue, agora é o sequestro de sua filha que coloca tudo em risco — inclusive sua própria humanidade.
Sinopse da temporada 2 da série A Mulher dos Mortos (2025)
Dois anos após os eventos que culminaram na destruição de uma rede de abusos em sua cidade natal, Blum tenta levar uma vida tranquila com seus filhos e Reza, seu companheiro e braço direito.
No entanto, a descoberta de restos humanos em um caixão exumado reacende as suspeitas da polícia sobre sua ligação com assassinatos do passado. Ao mesmo tempo, sua filha Nela é sequestrada por um grupo ligado a um vídeo comprometedor que Blum, supostamente, possui.
Na tentativa desesperada de salvar Nela, Blum entra novamente em um jogo de chantagens, violência e decisões morais extremas. Com a ajuda relutante da agente federal Wallner, a protagonista encara a corrupção institucional, confronta velhos inimigos e arrisca tudo para não perder a única coisa que ainda lhe importa: sua família.
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Crítica de A Mulher dos Mortos (temporada 2), da Netflix
O que move Blum nesta temporada é o amor visceral por sua filha. Se antes a vingança era o motor da narrativa, agora o foco está no instinto materno e no medo da perda. Anna Maria Mühe entrega uma atuação ainda mais densa, transbordando dor, desespero e coragem. A personagem está sempre à beira do colapso, mas sua força cresce justamente da fragilidade — o que a torna uma figura complexa e profundamente humana.
A tensão entre Blum e Nela poderia ter sido mais bem desenvolvida. Em vários momentos, sentimos falta de cenas que revelassem a conexão emocional entre mãe e filha, algo que daria ainda mais peso às escolhas da protagonista.
Antagonistas cruéis, mas bem dosados
Se há algo que a série faz bem, é construir vilões detestáveis. Badal Sarkissian, vivido por Peter Kurth, é o retrato da perversidade fria. A forma como o roteiro retrata sua ligação com o tráfico humano e a chantagem política é perturbadora, mas nunca sensacionalista. O mesmo vale para Johanna Schönborn, que emerge como uma figura calculista e ambígua, mais interessada em poder do que em justiça.
Os diálogos dos antagonistas são enxutos e eficazes. Não há necessidade de explicar o mal: ele está ali, cru, presente nos atos, olhares e silêncios. E isso só torna tudo mais inquietante.
Ritmo envolvente, mas com falhas emocionais
Narrativamente, a série consegue equilibrar bem passado e presente. O roteiro entrelaça os eventos de forma inteligente, e a tensão aumenta episódio após episódio. A direção de Daniel Prochaska valoriza a atmosfera sombria, com uso preciso de luz e sombra — especialmente em cenas nos porões e nas sequências de confronto.
Contudo, o maior problema da temporada está justamente na conexão emocional com os personagens. Apesar de tudo que está em jogo, o espectador nem sempre sente o impacto emocional das decisões. Falta desenvolvimento nos vínculos, especialmente entre Blum e seus filhos, e isso enfraquece o drama em momentos cruciais.
De antagonista a mártir
A agente Birgit Wallner, interpretada com firmeza por Britta Hammelstein, tem um arco interessante: começa como obstáculo e termina como aliada. Sua trajetória é marcada por ética, teimosia e, por fim, sacrifício. Sua morte adiciona uma camada trágica à história e reforça o tema central da temporada: o preço da verdade. É um fim digno para uma personagem que carregava em si um senso de justiça inabalável.
Técnica e atmosfera impecáveis
A série continua impressionando pela sua estética. A fotografia aposta em tons frios, contrastes fortes e enquadramentos claustrofóbicos, o que casa perfeitamente com a opressão da trama. As cenas de ação são realistas, brutais e rápidas — sem coreografias elaboradas, mas com impacto visceral. E o silêncio, muitas vezes, substitui a trilha sonora com eficiência, mantendo o clima tenso.
Conclusão
A temporada 2 de “A Mulher dos Mortos” é um thriller psicológico competente, que expande o universo sombrio iniciado na primeira parte. Ainda que peque em construir laços mais profundos entre os personagens, a série se sustenta na força de sua protagonista, nos temas sociais que aborda e em uma execução visual refinada.
Blum sobrevive — ferida, abalada, talvez em uma cadeira de rodas — mas viva. E isso diz muito sobre o tom da série: ninguém sai ileso, mas há uma fagulha de esperança. Com o encerramento sugerindo novos desdobramentos, uma terceira temporada parece inevitável. E, com sorte, ela trará mais do que sangue e conspirações: trará também a alma que esta temporada quase deixou escapar.
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Onde assistir à série A Mulher dos Mortos?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer da temporada 2 de A Mulher dos Mortos (2025)
Elenco de A Mulher dos Mortos, da Netflix
- Anna Maria Mühe
- Yousef Sweid
- Robert Palfrader
- Britta Hammelstein
- Felix Klare
- Michou Friesz
- Emilia Pieske
- Lilian Rosskopf
- Dominic Marcus Singer
- Peter Kurth
- Hans-Uwe Bauer
- Romina Küper
Ficha técnica da série A Mulher dos Mortos
- Título original: Totenfrau
- Criação: Barbara Stepansky, Benito Mueller, Wolfgang Mueller
- Gênero: suspense
- País: Áustria
- Temporada: 1
- Episódios: 6
- Classificação: 16 anos