
Foto: Disney+ / Divulgação
“Morrendo por Sexo”, nova minissérie do FX lançada exclusivamente no Disney+ na América Latina, propõe uma inversão poderosa de narrativas ao colocar uma mulher com câncer terminal como protagonista de uma jornada erótica e existencial.
Estrelada por Michelle Williams, Jenny Slate e um elenco afiado, a série é inspirada na história real de Molly Kochan, que transformou sua experiência de vida e morte em um podcast íntimo e comovente ao lado da melhor amiga Nikki Boyer.
Muito mais do que um relato sobre fim de vida, a produção escrita por Kim Rosenstock e Elizabeth Meriwether mergulha com humor, dor e coragem nas complexidades do corpo feminino, da amizade e da liberdade sexual. “Morrendo por Sexo” quebra tabus com autenticidade e sensibilidade — e o resultado é uma obra surpreendente.
Sinopse da série Morrendo por Sexo (2025)
Molly (Michelle Williams) recebe o diagnóstico de câncer de mama metastático em estágio IV e, diante da contagem regressiva de sua vida, toma uma decisão radical: abandona o casamento com Steve (Jay Duplass), um relacionamento sem desejo, para explorar, pela primeira vez, seus desejos sexuais.
Amparada por Nikki (Jenny Slate), sua melhor amiga e confidente, Molly mergulha num mundo de encontros casuais, fetiches e libertação pessoal. Em paralelo, precisa lidar com a sombra do abuso sexual sofrido na infância, a fragilidade do corpo em tratamento e o reencontro emocional com a mãe (Sissy Spacek), de quem é distante.
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Crítica de Morrendo por Sexo, do Disney+
O maior trunfo de “Morrendo por Sexo” é tirar o sexo do pedestal masculino e moldá-lo a partir da experiência íntima e fraturada de uma mulher comum. Molly nunca teve um orgasmo com outra pessoa. Carrega traumas, bloqueios e inseguranças.
Ao invés de uma libertação glamourosa, sua jornada é feita de tentativas, erros, constrangimentos e pequenas vitórias — incluindo cenas bizarras e tocantes, como quando encontra prazer ao dominar parceiros em jogos de dominação.
Aqui, o sexo não é moldado para o olhar masculino. Ele é desajeitado, honesto e, acima de tudo, libertador. É também uma metáfora para controle: Molly está perdendo o domínio sobre o próprio corpo, mas encontra, nas práticas de BDSM, uma forma de se apropriar dele novamente.
Entrega visceral de Michelle Williams
Michelle Williams entrega uma das atuações mais corajosas de sua carreira. Em vez de explorar um arco de “descoberta da libertinagem”, ela compõe Molly com curiosidade e dignidade. Sua performance é crua, sensível e precisa: nos momentos de desespero, de êxtase, de vulnerabilidade.
Em cenas que poderiam facilmente pender para o ridículo, Williams mantém a narrativa ancorada na realidade emocional da personagem. Seu trabalho é o que sustenta o equilíbrio entre o humor escrachado e a melancolia inevitável da morte.
Jenny Slate, por sua vez, é a alma do afeto na série. Sua Nikki é mais que alívio cômico ou suporte emocional: é coprotagonista de um vínculo feminino raro na televisão. É ela quem banca, cuida, limpa e sustenta Molly até o fim, abandonando sua própria vida no processo. A amizade entre elas é tão central quanto a sexualidade — e tão transformadora quanto.
Sexo, morte e humanidade
Ao colocar lado a lado dois processos inescapáveis — o orgasmo e a morte —, a série brinca com paradoxos de forma inteligente. Há humor até nas cenas mais desconfortáveis, como a participação de um homem vestido de cachorro em uma festa BDSM, ou o momento em que Molly faz xixi nele como gesto de empoderamento. Mas por trás da provocação, está sempre a reflexão: o que realmente importa quando o fim se aproxima?
Ao invés de seguir a cartilha emocional dos dramas sobre câncer, “Morrendo por Sexo” subverte a expectativa. Molly não quer compaixão, piedade ou lágrimas. Ela quer viver. E viver, neste caso, é assumir desejos antes suprimidos, enfrentar traumas antigos e redescobrir o prazer, mesmo que seja por um tempo limitado.
Direção e ritmo: intensidade com leveza
Dividida em episódios curtos (em torno de 30 minutos), a série mantém ritmo acelerado, mas nunca superficial. A alternância entre situações absurdas e conversas emocionais cria uma cadência imprevisível e envolvente. A sensibilidade da direção (com destaque para Shannon Murphy) e a mão firme no roteiro fazem com que até os temas mais espinhosos — como abuso, depressão e deterioração física — sejam tratados com empatia e complexidade.
Ainda que alguns arcos secundários, como o relacionamento de Nikki com Noah (Kelvin Yu), pareçam corridos ou subexplorados, o foco permanece onde importa: na transformação de Molly e na força do vínculo que ela mantém com Nikki.
Conclusão
“Morrendo por Sexo” é uma obra rara que consegue ser sexual, existencial, feminista e divertida ao mesmo tempo. Inspirada por uma história real, a série traduz o podcast de Molly Kochan em uma linguagem audiovisual corajosa, sem concessões ao sentimentalismo ou à caretice.
Com atuações marcantes, principalmente de Michelle Williams e Jenny Slate, e uma narrativa que desafia o espectador a repensar o que entende por prazer, liberdade e despedida, a minissérie é uma das experiências mais singulares e tocantes que o Disney+ já ofereceu.
É sobre sexo, sim. Mas, acima de tudo, é sobre vida.
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Onde assistir à série Morrendo por Sexo?
A série está disponível para assistir no Disney+.
Trailer de Morrendo por Sexo (2025)
Elenco de Morrendo por Sexo, do Disney+
- Michelle Williams
- Jenny Slate
- Rob Delaney
- Kelvin Yu
- David Rasche
- Esco Jouléy
- Sissy Spacek
Ficha técnica da série Morrendo por Sexo
- Título original: Dying for Sex
- Criação: Elizabeth Meriwether, Kim Rosenstock
- Gênero: drama
- País: Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 8
- Classificação: 18 anos