
Foto: Netflix / Divulgação
O episódio 10, final do dorama japonês “Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta”, lançado recentemente na Netflix, encerra a trama com revelações impactantes — ainda que atrasadas — e finalmente oferece ao público a dança que o título tanto anuncia.
Em meio a um mar de thrillers jurídicos e dramas familiares que seguem fórmulas repetidas, a série surgiu com a promessa de algo diferente: um mistério silencioso, embalado por simbolismos, silêncios incômodos e uma protagonista que carrega a dor e a verdade com a mesma delicadeza.
Sinopse do episódio 10, final do dorama Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta (2025)
No último episódio, Komugi Yamashita (Suzu Hirose) desvenda o segredo por trás do assassinato de seu pai adotivo, Haruo, e, junto com o advogado Yoshiteru Matsukaze (Kenichi Matsuyama), chega ao coração da tragédia: o massacre da família Hayashikawa.
A revelação de que Kyoko Akazawa foi a responsável direta pela morte de Haruo, e que Komugi é, na verdade, filha biológica de Kyoko e Yasunari Hayashikawa, muda tudo. Ao mesmo tempo, o injustiçado Rikiro é finalmente libertado, e a verdade, antes sufocada por convenções familiares e orgulho, vem à tona com um peso catártico.
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Crítica do final da série Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta (episódio 10), da Netflix
A jornada de “Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta” até seu último episódio é marcada por uma construção lenta — por vezes, excessivamente arrastada. Os primeiros episódios apresentam pistas vagas, suspeitos genéricos e um mistério que não se sustenta de maneira firme.
A narrativa hesita, flerta com o melodrama e investe em flashbacks confusos, com atores mal envelhecidos ou rejuvenescidos, o que afeta a imersão do espectador. A série parece, no início, mais preocupada com a estética — com a beleza das cenas, os figurinos e o simbolismo do pavão — do que com o avanço real da trama.
A transformação de Komugi: uma heroína contida
Suzu Hirose entrega uma Komugi introspectiva, quase apática em muitos momentos. A construção emocional da personagem é feita a conta-gotas — só nos episódios finais vemos a atriz mergulhar na dor, no desespero e na raiva com intensidade.
Embora o arco de Komugi seja coerente e seu crescimento seja evidente, o desenvolvimento chega tarde. Ainda assim, é tocante ver sua obstinação em honrar o pai e descobrir a verdade, mesmo quando isso significa se confrontar com sua própria origem.
Matsuyama Kenichi e o peso do silêncio
Kenichi Matsuyama oferece um contraponto interessante à protagonista: seu Matsukaze começa cético, relutante, mas aos poucos se envolve emocionalmente na busca de Komugi. Sua atuação é precisa, econômica, e funciona como âncora dramática nos momentos em que a série ameaça se perder na própria lentidão. A parceria entre os dois ganha força aos poucos e, mesmo sem qualquer tensão romântica, sustenta boa parte da segunda metade da obra.
Um final que enfim encontra seu ritmo
A virada começa por volta do episódio 7. É como se os roteiristas tivessem, enfim, decidido revelar ao público o que seguravam com tanto zelo. Os episódios finais ganham ritmo, tensão e revelações que finalmente fazem o público respirar fundo. Descobrir que Haruo esteve no local do massacre, que ele ocultou a sobrevivente (a própria Komugi), e que investigou silenciosamente por décadas antes de ser morto por Kyoko, traz peso e urgência à trama.
A decisão de não entregar um roteiro final aos atores, revelando os acontecimentos em tempo real durante as filmagens, pode ter parecido ousada — e talvez arriscada demais. Mas deu frutos: as reações são cruas, autênticas, especialmente na confissão de Kyoko, que mistura culpa, pavor e justificativas frágeis para tantos crimes cometidos em nome da “honra”.
As feridas da verdade
A temática central do dorama — a forma como o passado molda e aprisiona o presente — é finalmente explorada com profundidade. O peso da maternidade negligenciada, a culpa paterna, os segredos familiares, tudo isso explode nos minutos finais, quando Komugi entende sua verdadeira origem e confronta a mulher que destruiu sua vida. A simbologia do pavão, presente desde o título, encontra significado na postura final de Komugi: altiva, firme, disposta a seguir com a verdade, mesmo que ela seja dolorosa.
Falhas que não se escondem
Ainda que o desfecho seja impactante e recompensador, não se pode ignorar as inconsistências da produção. Alguns personagens secundários são subaproveitados ou caricatos (como o vendedor de ramen ou o pai biológico de Komugi), os flashbacks são problemáticos em termos visuais, e há um claro desequilíbrio entre os episódios lentos do início e os mais intensos do final. A série poderia ter sido mais enxuta e eficiente.
Conclusão
O episódio 10 de “Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta” entrega, sim, uma dança final memorável — mas que exige paciência e fé do espectador. A construção do mistério é irregular, mas o drama humano que emerge no final dá à obra um peso emocional legítimo. Apesar de falhas narrativas e estéticas, o final redime os tropeços da série e oferece uma conclusão emocionante, cheia de camadas e consequências.
É uma obra que brilha mais pela sensibilidade do que pelo suspense. E talvez essa tenha sido a verdadeira intenção desde o início: mostrar que, por trás de cada segredo enterrado, há sempre um coração que ainda pulsa.
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Onde assistir ao dorama Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta (2025)
Elenco de Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta, da Netflix
- Suzu Hirose
- Kenichi Matsuyama
- Win Morisaki
- Kumi Takiuchi
- Soichi Itose
- Kouta Nomura
- Asahi Seino
- Yu Saito
- Toshiya Sakai
- Yoshi Sakou
Ficha técnica da série Quem Viu o Pavão Dançando na Floresta
- Título original: Who Saw the Peacock Dance in the Jungle?
- Gênero: suspense, drama, policial
- País: Japão
- Ano: 2025
- Temporada: 1
- Episódios: 10
- Classificação: 12 anos