Taynna Gripp Adaptação de um webtoon famoso, o dorama “Rivalidade Amigável” chegou recentemente ao catálogo da Netflix prometendo deixar os espectadores ansiosos e tensos a cada episódio.
Estrelada por Lee Hye-ri (Reply 1988), a nova série sul-coreana é um thriller de mistério que acompanha duas alunas de uma escola de elite em uma disputa acadêmica e que se envolvem em uma rede de segredos sobre a escola, os alunos e suas famílias.
Sinopse do dorama Rivalidade Amigável (2025)
Woo Seul Gi (Chung Su Bin), uma estudante introspectiva criada em um orfanato, é transferida para a prestigiada e rígida Chaehwa Girls’ High School, um colégio feminino de elite reservado à nata da sociedade sul-coreana. Acostumada a ser a melhor aluna em ambientes modestos, ela se vê pressionada pela concorrência ferrenha — especialmente pela enigmática Yoo Je Yi (Lee Hye Ri), uma aluna influente, talentosa e cercada por segredos familiares.
Enquanto a relação entre as duas evolui de antagonismo para uma complexa simbiose emocional, a trama revela uma rede obscura de corrupção institucional, traumas familiares e dilemas morais. Em meio a tentativas de vingança, manipulações e pistas sobre a misteriosa morte do pai de Seul Gi, as protagonistas são levadas a ultrapassar limites éticos e emocionais em nome de algo que nem elas conseguem nomear.
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Crítica da série Rivalidade Amigável, da Netflix / Viki
“Rivalidade Amigável” poderia facilmente se perder no mar de dramas colegiais sul-coreanos, mas a série toma um rumo ousado. O que começa como um enredo sobre competição acadêmica logo se transforma em um mergulho intenso na psique feminina sob pressão — e nos perigos da obsessão velada disfarçada de afeto.
A ambientação sombria, com trilhas que alternam entre o suave e o ameaçador, ajuda a construir a tensão crescente entre Seul Gi e Je Yi.
Fotografia simbólica e cenas memoráveis
A direção de arte brilha ao incorporar metáforas visuais impactantes, como o uso recorrente da água como representação do trauma, da fuga e do desejo de purificação. A cena em que Seul Gi estuda “submersa”, ou a simbólica troca de lugares ao final — com Je Yi se lançando ao mar e Seul Gi finalmente em “terra firme” — são mais do que estilizações: são retratos de seus estados emocionais.
Essas escolhas visuais elevam a série, transformando cada episódio em uma experiência sensorial que combina suspense e poesia visual.
Relações intensas e ambíguas
A relação entre Je Yi e Seul Gi é o coração pulsante da série — e também sua fonte mais controversa. A tensão homoafetiva nunca é explicitamente resolvida, o que pode frustrar quem esperava um drama GL mais afirmativo. Mas isso não impede que a dinâmica entre as duas seja carregada de química, ambiguidade e intensidade emocional. Cada troca de olhares parece esconder uma guerra silenciosa entre a admiração e a destruição mútua.
Além do casal principal, o arco de Ye Ri e Choi Gyeong oferece uma bem-vinda camada de leveza e esperança — e uma inesperada exploração do prazer feminino que raramente ganha espaço em dramas coreanos.
Roteiro ambicioso, mas desorganizado
Se há algo que impede “Rivalidade Amigável” de ser um dorama perfeito é seu roteiro excessivamente ambicioso. A primeira metade é eletrizante, com mistério e reviravoltas instigantes. No entanto, a partir do episódio 10, a narrativa perde o foco e embaralha motivações, eventos e até o tom. A inserção de cenas surreais — como alunas realizando cirurgias — rompe a verossimilhança e mina parte da força do drama.
Personagens mudam de comportamento bruscamente, subtramas são iniciadas e abandonadas sem desenvolvimento, e o clímax, embora simbólico, é apressado. Ainda assim, a ousadia narrativa merece ser reconhecida: mesmo em sua confusão, o dorama não perde o ímpeto de provocar.
Elenco carismático e atuações acima da média
O elenco é o grande trunfo da produção. Lee Hye Ri impressiona com sua entrega como Je Yi, equilibrando com precisão a frieza calculista e a vulnerabilidade. Chung Su Bin, por sua vez, incorpora Seul Gi com uma delicadeza contida e magnética.
Oh Woo Ri rouba cenas como Choi Gyeong, entregando uma performance ousada e cheia de nuances, enquanto Kang Hye-won brilha em momentos pontuais. Mesmo com críticas quanto à aparência “adulta demais” de parte do elenco para interpretar adolescentes, a força das atuações compensa essa dissonância visual.
Uma crítica feroz ao sistema educacional e à hipocrisia familiar
O roteiro de “Rivalidade Amigável” se apropria do gênero thriller para fazer um retrato ácido do sistema educacional sul-coreano e da pressão que ele impõe aos jovens. A obsessão por desempenho, o uso de drogas como muleta para a produtividade e a corrupção em nome do sucesso expõem um cenário distorcido onde ética e humanidade se tornam irrelevantes.
A figura do pai de Je Yi é o retrato mais cruel dessa estrutura: um homem que submete as próprias filhas a um regime de manipulação psicológica e controle absoluto, em nome de uma glória acadêmica podre desde a raiz.
Conclusão
“Rivalidade Amigável” é um dorama corajoso, imperfeito e inesquecível. Com apenas 16 episódios curtos, a série consegue criar um universo denso, provocativo e visualmente cativante. Ainda que se perca em suas próprias ambições na reta final, o drama oferece uma experiência intensa — tanto pela construção psicológica quanto pelas metáforas que desafiam o espectador a ir além do óbvio.
Pode não ser o GL que muitos esperavam, mas é uma das histórias mais ousadas já contadas dentro da estrutura dos k-dramas escolares. E talvez, por isso mesmo, tenha deixado tanta gente com vontade de ver mais.
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Onde assistir ao dorama Rivalidade Amigável?
A série está disponível para assistir na Netflix e na Viki.
Trailer de Rivalidade Amigável (2025)
Elenco de Rivalidade Amigável, da Netflix / Viki
- Lee Hye-ri
- Chung Su-bin
- Kang Hye-won
- Oh Woo-ri
- Kim Tae-hun
Ficha técnica da série Rivalidade Amigável
- Título original: Seonuiui Gyeongjaeng / Friendly Rivalry
- Criação: Kim Tae-hee
- Gênero: drama, ação, suspense
- País: Coreia do Sul
- Temporada: 1
- Episódios: 16
- Classificação: 14 anos
Sobre o autor
