A estreia de “Chespirito: Sem Querer Querendo” na HBO Max marca um importante reencontro entre o público e a figura lendária de Roberto Gómez Bolaños, criador de personagens como Chaves e Chapolin Colorado. No primeiro episódio, a série não apenas busca emocionar os fãs, mas também revelar os bastidores de uma vida marcada por glórias, dores e conflitos pessoais.
Com produção supervisionada por seu filho, Roberto Gómez Fernández, a narrativa propõe um olhar mais íntimo sobre o homem por trás do sucesso, apresentando uma trajetória de superação, humor e decisões controversas. A escolha por uma narrativa elíptica — com saltos temporais entre a infância, juventude e auge da carreira — reforça o caráter emocional da biografia, ainda que cause certa confusão inicial.
O episódio de estreia deixa claro que o foco da série vai além dos personagens icônicos: trata-se de entender o contexto que moldou a sensibilidade cômica de Bolaños. A abordagem mistura melancolia, humor e tensão, mostrando um criador que, como seu próprio personagem diria, “ninguém tem paciência”.
Sinopse da série Chespirito: Sem Querer Querendo
Ambientado em 1981, em plena turnê internacional da trupe de Chaves, o primeiro episódio inicia com Roberto Gómez Bolaños (Pablo Cruz) nos bastidores de uma apresentação na Colômbia. A partir deste ponto, a narrativa se fragmenta em memórias que nos levam à infância modesta do artista, seu início como publicitário, roteirista e, posteriormente, à criação de seus personagens mais conhecidos.
No centro do episódio estão também as relações conflituosas com colegas como Marcos Barragán (representando Carlos Villagrán, o Quico), o casamento em crise com Graciela Fernández (Paulina Dávila) e os primeiros sinais do envolvimento amoroso com Margarita Ruíz (Bárbara López), inspirada em Florinda Meza. Entre conversas familiares, cenas simbólicas e referências ao universo Chespirito, o episódio estabelece as linhas centrais que guiarão a temporada.
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Crítica de Chespirito: Sem Querer Querendo, da Max
A escolha narrativa de alternar tempos distintos pode causar estranhamento ao espectador mais desavisado. O episódio não segue uma linha cronológica tradicional, apostando em fragmentos de memórias e reflexões internas para compor o retrato de Bolaños. Embora essa estrutura possa gerar confusão inicial, ela se revela funcional ao sugerir que o passado e o presente se sobrepõem na construção da identidade do artista.
Apesar de algumas quebras abruptas, a montagem valoriza momentos icônicos e emociona ao destacar situações que moldaram a sensibilidade criativa de Chespirito — da infância repleta de rejeição materna às primeiras tentativas de arrancar risos no rádio e na televisão.
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O peso das relações pessoais
Outro ponto alto do episódio está na abordagem dos relacionamentos íntimos de Bolaños. A série não evita polêmicas: mostra o desgaste de seu casamento com Graciela, a tensão crescente com Carlos Villagrán e o início do romance com Florinda Meza — ainda que com nomes trocados. Essa camada de drama real confere mais densidade à narrativa e afasta o risco de transformar o protagonista em uma figura endeusada.
A figura de Graciela é apresentada com sensibilidade. Sua frustração diante do afastamento emocional de Roberto não é tratada com vitimismo, mas com a dignidade de quem apoiou o marido no início e viu-se deixada de lado pelo sucesso. Já Margarita, embora menos presente no episódio, é inserida com discrição e promete ganhar relevância nos próximos capítulos.
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Um elenco à altura da responsabilidade
Pablo Cruz está impressionante como Roberto na fase adulta. Sua atuação evita a caricatura e encontra o equilíbrio entre o humor contido e o drama interno. Os demais atores que interpretam o personagem em fases anteriores também se destacam — especialmente Iván Aragón, na juventude, que transmite o brilho no olhar de um sonhador.
O elenco secundário, por sua vez, é um presente aos fãs: Paola Montes de Oca (Chiquinha), Miguel Islas (Seu Madruga) e Andrea Noli (Bruxa do 71) entregam interpretações que beiram a reencarnação. A caracterização é meticulosa, respeitosa e nostálgica, sem apelar para o exagero.
Qualidade técnica e ambientação nostálgica
Um dos maiores méritos do episódio está na recriação de época. A direção de arte, o figurino e os cenários mergulham o espectador nas décadas de 50 a 80 com precisão. A fotografia também se destaca ao alternar tons e estilos: cenas da infância são filmadas em preto e branco, evocando o cinema clássico, enquanto os momentos do presente são mais intimistas, com closes que valorizam as expressões dos atores.
Há também referências visuais e sonoras que funcionam como easter eggs para o fã atento: a vila do Chaves, a porta giratória do hotel em Acapulco, os bordões surgindo discretamente em conversas. São momentos que provocam sorrisos e reforçam a relação afetiva do público com a obra.
Vale a pena assistir Chespirito: Sem Querer Querendo (2025)?
“Chespirito: Sem Querer Querendo” estreia com um episódio sólido, sensível e tecnicamente impecável. Embora a estrutura narrativa exija atenção e o ritmo não seja constante, a produção acerta ao se afastar da idealização e apresentar Bolaños como um ser humano completo: brilhante, sim, mas também falho, contraditório e movido por desejos reais.
O primeiro capítulo cumpre a missão de contextualizar o universo de Chespirito, abrindo espaço para a nostalgia, sem deixar de apontar os dilemas e as tensões que marcaram sua trajetória. Se mantiver a mesma honestidade e qualidade ao longo dos próximos capítulos, a série tem tudo para se tornar um marco entre as produções biográficas latino-americanas.
Para os fãs, é uma chance de reencontro; para os novos espectadores, uma porta de entrada para entender a força de um legado que atravessa gerações — sem querer querendo.
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Onde assistir à série Chespirito: Sem Querer Querendo?
A série está disponível para assistir na Max.
Trailer de Chespirito: Sem Querer Querendo (2025)
Elenco de Chespirito: Sem Querer Querendo, da Max
- Pablo Cruz
- Paulina Dávila
- Bárbara López
- Arturo Barba
- Rubén Aguirre
- Eugenio Bartilotti
- Andrés Giardello
- Andrea Noli
- Miguel Islas
- Juan Lecanda
- Paola Montes De Oca