A Netflix lançou na última quinta-feira (19/6) a série “O Píer” (The Waterfront), drama criminal que rapidamente se tornou um dos títulos mais assistidos na plataforma. Ambientada em uma fictícia cidade costeira da Carolina do Norte, a trama acompanha a trajetória da família Buckley, que administra um império pesqueiro em decadência. Para manter o legado, o clã acaba se envolvendo em atividades ilegais — incluindo o tráfico de drogas.
O que mais tem chamado atenção do público, no entanto, é a origem da história. Em entrevista ao portal Tudum, o criador da série, Kevin Williamson, revelou que a narrativa é vagamente inspirada em sua própria juventude, marcada por dificuldades financeiras e decisões controversas dentro da sua família.
A origem pessoal por trás da série
Kevin Williamson é conhecido por assinar roteiros de grande sucesso, como os filmes “Pânico” e “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado”, além das séries “Dawson’s Creek” e “The Vampire Diaries”. Com “O Píer”, ele mergulha em uma história mais íntima, que revive parte da realidade de sua infância.
Segundo Williamson, ele cresceu em New Bern, na Carolina do Norte, em uma família de pescadores afetada pela crise da indústria pesqueira nos anos 1980. Na época, seu pai, Wade Williamson, enfrentando dificuldades para sustentar a casa, acabou envolvido em um esquema de tráfico de drogas por meio de embarcações pesqueiras. Ele foi preso por conspiração para traficar maconha, mas, conforme relatado pelo filho, jamais deixou de ser um pai presente e carinhoso.
“Meu pai era um homem muito, muito bom, mas se sentiu tentado a fazer algumas coisas que não eram tão legais. Isso colocou comida na mesa e me ajudou a ir para a faculdade”, declarou o roteirista.

Trama fictícia com raízes reais
Embora tenha raízes pessoais, a história de “O Píer” é inteiramente ficcional. A família Buckley, seus personagens e os eventos da série foram criados especialmente para a narrativa. O cenário, no entanto, remete diretamente ao universo que Williamson conheceu na infância: a vida em uma cidade pesqueira abalada por dívidas, pressões econômicas e dilemas morais.
A trama se passa em Havenport, local fictício da Carolina do Norte, e gira em torno da família Buckley, que enfrenta o colapso de seus negócios enquanto tenta preservar o nome e a estabilidade da família. O conflito central surge quando Cane Buckley (Jake Weary), filho do patriarca, passa a recorrer ao tráfico para salvar o empreendimento.
Além dele, os principais personagens incluem:
- Harlan Buckley (Holt McCallany): patriarca que tenta manter a família e os negócios sob controle, mesmo diante da ilegalidade;
- Bree Buckley (Melissa Benoist): filha em recuperação do vício, que busca redenção e aceitação;
- Peyton (Danielle Campbell) e Diller Hopkins (Brady Hepner) também completam o núcleo familiar com conflitos próprios.
A série também conta com nomes como Topher Grace, J. Elliott, Josh Crotty e o brasileiro Rafael Silva no elenco.

A conexão com Dawson’s Creek
Essa não é a primeira vez que Kevin Williamson usa elementos da vida pessoal em seu trabalho. Em “Dawson’s Creek”, série teen de grande sucesso nos anos 1990, o primeiro episódio traz a personagem Joey mencionando que o pai está preso por tráfico de maconha — exatamente a mesma acusação que levou Wade Williamson à prisão.
Apesar da recorrência do tema, “O Píer” marca a primeira vez que o roteirista mergulha diretamente em aspectos mais sombrios da sua infância. Segundo ele, esperou a morte do pai, em 2020, para se sentir confortável em transformar a experiência familiar em ficção.
O Píer: onde foi gravada a série e por que isso importa
“O Píer” foi gravada em Wilmington e Southport, também na Carolina do Norte — regiões que Williamson conhece bem e que ajudaram a criar a atmosfera autêntica da série. Para o roteirista, filmar perto de casa trouxe uma camada emocional à produção.
“Filmar aqui foi como voltar para casa. Eu conheço o cheiro da água, conheço o barulho dos barcos. Foi visceral”, comentou em entrevistas.
Realidade e ficção entrelaçadas
Embora o enredo da série inclua crimes violentos, reviravoltas e disputas internas, o que sustenta “O Píer” é o retrato de uma família disfuncional em luta por sobrevivência. A produção levanta questões profundas sobre até onde alguém estaria disposto a ir para proteger quem ama — e o que se perde ao longo desse caminho.
Ao colocar o drama familiar no centro da narrativa, Kevin Williamson convida o público a refletir sobre escolhas difíceis, lealdade e a linha tênue entre o certo e o errado. Mesmo com todos os elementos ficcionais, há algo de visceral e genuíno na série, o que talvez explique sua rápida ascensão entre os conteúdos mais assistidos da Netflix.
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➡️ Entre marés e mentiras: o drama sombrio e viciante de ‘O Píer’
Conclusão
Com oito episódios já disponíveis, “O Píer” é mais do que um thriller criminal sobre pescadores e contrabando. É uma história sobre raízes, cicatrizes emocionais e tentativas desesperadas de manter a família unida em meio ao caos. Ao usar sua própria história como inspiração, Kevin Williamson transforma uma experiência dolorosa em um drama potente, que emociona e instiga ao mesmo tempo.
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