A capital mato-grossense recebe a 22ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – CINEMATO, que, em 2025, bateu recorde de inscritos e confirma sua atuação como um dos principais festivais da região Centro-Oeste e um dos mais antigos do Brasil. O evento acontece de 14 a 20 de julho.
Programação Cinemato 2025 debate Amazônia e homenageia Silvino Santos
Com o tema “Decolonizando a Amazônia” e uma homenagem ao cineasta Silvino Santos (1886–1970), reconhecido como o “cineasta da selva” por sua contribuição pioneira ao registro audiovisual da Amazônia no século XX, o evento propõe uma reflexão contemporânea sobre a construção do importante território e bioma da Amazônia, destacando narrativas e sujeitos que muitas vezes são marginalizados.
A programação gratuita traz 62 filmes de 19 estados do Brasil (SC, TO, SE, AL, MG, BA, RS, DF, MT, AM, PR, CE, PB, SP, PE, GO, RN e ES) dividas nas Mostras Competitivas de Curtas e Longas-Metragens, Cinema Escola, Hors Concours, Melhor Idade, Cinema Paradiso e Sessão Queimada Cuiabana – a maioria das sessões acontece no Teatro da UFMT em Cuiabá, e o Prêmio Dira Paes. na região Centro-Oeste, observa.
Para Luiz Borges, cineasta e coordenador do CINEMATO há mais de 30 anos, realizar um dos festivais de cinema mais antigos do Brasil e do Centro-Oeste é um desafio constante. A cada edição enfrentamos dificuldades de produção e outros obstáculos, mas as conquistas e contribuições do evento para o cinema brasileiro e mato-grossense nos motivam a seguir em frente.
O CINEMATO impulsionou a realização de filmes em todo o país e especialmente em nosso estado, além de contribuir para a formação de técnicos e profissionais do audiovisual e a construir uma plateia apaixonada pelo cinema brasileiro

Abertura do Cinemato 2025
O evento abre no dia 14 de julho com uma sessão especial do documentário restaurado “Amazonas, o Maior Rio do Mundo”, de Silvino Santos – que contará com uma trilha sonora ao vivo executada pelos musicistas Henrique Santian e Jhon Stuart.
Realizado entre 1918 e 1920, o filme retrata a paisagem, os ciclos econômicos e o cotidiano ribeirinho da região em impressionantes imagens em preto e branco. A obra, considerada perdida por quase um século, foi redescoberta em 2023 na República Tcheca.
A sessão também marcará o início da homenagem oficial ao cineasta luso-brasileiro, autor de clássicos como “No Paiz das Amazonas” (1921), que documentou as relações de trabalho e as transformações na floresta durante o ciclo da borracha.
➡️CINEMATO 2025 revela lista de filmes selecionados e homenageia pioneiro da Amazônia
➡️‘Pecadores’ chega ao streaming: saiba onde assistir
➡️‘O Agente Secreto’ tem estreia confirmada no Brasil e no mundo: conheça elenco e história do filme

Filmes em competição
Neste ano, 21 filmes – 6 longas e 15 curtas nacionais – foram selecionados para concorrer ao Troféu Coxiponé, inspirado na etnia bororo que habitava as margens do Rio Coxipó, símbolo da resistência cultural em Mato Grosso. A curadoria priorizou obras com diversidade estética e narrativa, protagonismo de grupos historicamente invisibilizados e conexões com o tema da Amazônia decolonial.
Os longas da Mostra Competitiva são:
- “Mawé”, de Jimmy Christian (AM), ficção que narra o conflito de uma jovem indígena entre os rituais de sua aldeia e a vida urbana;
- “Pedra Vermelha”, de Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt (SC), documentário que acompanha comunidades impactadas por megaprojetos no Sul do país;
- “Kopenawa: Sonhar a Terra-Floresta”, de Marco Altberg e Tainá de Luccas (RJ), que mergulha no pensamento cosmológico yanomami;
- “O Silêncio das Ostras”, de Marcos Pimentel (MG), um ensaio sensorial sobre luto e meio ambiente;
- “Concerto de Quintal”, de Juraci Júnior (RO), que transforma a música em instrumento de resistência e pertencimento;
- “Serra das Almas”, de Lírio Ferreira (PE), que revisita a poética sertaneja em uma obra de ficção.
Já na Mostra de Curtas-Metragens, foram selecionados:
- “Maira Porongyta – o aviso do céu”, de Kujãesage Kaiabi (MT)
- “Albuesas”, de Glória Albues (MT)
- “Reagente”, de Bruno Bini (MT)
- “Cabeça de Boi”, de Lucas Zacarias (MG)
- “O Enegrecer de Iemanjá”, de Uê Puauet (PR)
- “Tapando Buracos”, de Pally e Laura Fragoso (AL)
- “Benção” (BA), “Dandara” (GO), “Coisa de Preto” de Pâmela Peregrino (SE)
- “Linda do Rosário” de Vladimir Seixas (RJ)
- “Marcos, o Errante” de Thiago Brandão (BA)
- “O Último Varredor” de Paulo Alípio e Perseu Azul (MT)
- “A Nave Que Nunca Pousa” de Ellen de Morais (PB)
- “Arame Farpado” de Gustavo de Carvalho (SP)
- “Mãe” de João Monteiro (RS)
A programação traz ainda a Mostra Hors Concours que exibirá obras recentes e premiadas, como:
- “60 Anos Depois”, de Flávio Ferreira (MT), mostra as profundas cicatrizes deixadas pela ditadura nos anos 60 no Brasil
- “Cobra Canoa”, de Enio José de Oliveira Staub (AM/ 2025), Doéthiro Álvaro Tukano retorna ao Alto Rio Negro no Amazonas em busca de seus ancestrais
- “Peixe Morto”, de João Fontenele (CE), dois amigos caminhoneiros enfrentam um problema mecânico e são ajudados por uma mulher
- “Passárgada”, de Dira Paes (RJ), uma ornitóloga solitária de 50 anos mergulha em uma viagem sensorial de resgate dos seus desejos
Para completar, a Sessão Queimada Cuiabana exibirá “Passagem Secreta”, de Rodrigo Grota (PR), filme com Arrigo Barnabé, que mostra a trajetória de Alice que é obrigada a se mudar sozinha para uma pequena cidade.
Antes do inicio da Mostra, o Cinemato realiza, desde de 1993, o Cinema Paradiso, que leva filmes a presídios, hospitais e abrigos, ação que transforma o cinema em ferramenta de reabilitação social e humanização, e o Cinema Itinerante, promovendo exibições gratuitas em bairros periféricos, aldeia indígena e quilombo.
➡️Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo Instagram, X, TikTok e YouTube, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.

Prêmio Dira Paes
Na cerimônia de encerramento, marcada para o dia 20 de julho, a atriz Dira Paes retorna ao festival onde recebeu seu primeiro prêmio de Melhor Atriz em 1996 por “Corisco & Dadá”. A artista entregará pessoalmente o Prêmio Dira Paes, que homenageia mulheres com atuação de destaque no audiovisual e em causas socioambientais. O nome da homenageada desta edição será revelado no palco, como parte da celebração de trajetórias que transformam o cinema brasileiro.
30 anos de história do Cinemato
Desde sua primeira edição em 1993, o Festival de Cinema de Cuiabá (originalmente Mostra de Cinema e Vídeo de Cuiabá) surgiu como um ato de resistência cultural. Em um estado onde as salas de exibição se limitavam a um único cinema comercial, o evento ousou trazer o cinema nacional para as plateias mato-grossenses, revelando-se não apenas um espaço de exibição, mas um projeto pedagógico e político que transformou a cena cultural local.
O evento formou gerações que hoje atuam no audiovisual mato-grossense e brasileiro. O Cinemato foi palco de primeiras consagrações de grandes nomes como Dira Paes, que recebeu aqui seu primeiro prêmio de Melhor Atriz por “Corisco & Dadá” (1996), Fernando Meirelles, premiado por “Domésticas” (2001) antes de ganhar o mundo com “Cidade de Deus” (2002), e Hilton Lacerda, diretor e roteirista de “Tatuagem” (2014), entre outros.
Com realização do Instituto INCA-Inclusão, Cidadania e Ação, patrocínio do Governo do Estado de Mato Grosso, via Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), parceria com a Pró-Reitoria de Cultura, Extensão e Vivência (Procev – UMFT), Primeiro Plano Cinema e Vídeo e Canal Brasil, tem o apoio da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Secretaria Municipal de Cultura, Cineclube Coxiponés -UFMT, Curso de Cinema e Audiovisual da UFMT, Rede Cineclubista de Mato Grosso (REC-MT), TV Centro América, Cinemateca Brasileira e Sociedade Amigos da Cinemateca que entram mais uma vez como apoiadora do Festival, onde vai ceder parte do acervo de Silvino para ser exibido nesta edição.
SERVIÇO – 22ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá – CINEMATO 2025
Quando: de 14 a 20 de julho de 2025
Onde: Teatro da UFMT – Cuiabá (MT)
Quanto: Entrada gratuita
Mais sobre o Cinemato 2025: www.festivalcinemato.com.br e Instagram