Em um universo de thrillers de crime que, à primeira vista, parecem saturados, a minissérie dinamarquesa da Netflix “A Agente” consegue se destacar. Com apenas seis episódios de 45 minutos, a produção é uma maratona rápida e intensa que, embora utilize uma premissa narrativa já conhecida — a infiltração de um agente no submundo do crime —, a executa com notável habilidade e profundidade psicológica.
“A Agente” não busca reinventar o gênero, mas sim refinar a fórmula, entregando um drama policial eminentemente orientado por personagens que questiona a linha tênue entre o certo e o errado, e o alto custo pessoal de viver uma mentira. Esta é uma produção nórdica forte, com um elenco afiado e uma execução tensa.
Sinopse
A trama gira em torno de Tea (Clara Dessau), uma jovem recruta da Academia de Polícia com um passado difícil, incluindo dependência química e um histórico de vida nos ambientes que ela agora tenta combater. É justamente essa vivência que a torna a candidata perfeita para uma operação de infiltração da PET (Serviço de Segurança e Inteligência da Dinamarca), após a trágica perda do agente anterior.
Tea é forçada a abandonar sua vida e se tornar “Sara”, uma bem-sucedida empresária de joias recém-chegada de Dubai. Sua missão: aproximar-se de Ashley (Maria Cordsen), a namorada de Miran (Afshin Firouzi), um chefão do crime que sempre escapa da justiça.
A esperança é que, através de Ashley, “Sara” consiga chegar perto o suficiente de Miran para que a polícia finalmente o prenda. A série acompanha a escalada de Tea no círculo íntimo do casal, as escolhas morais que ela é forçada a fazer e o perigo crescente de ver sua identidade e sua missão se confundirem.
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Crítica
“A Agente” é construída sobre o pilar central do drama de infiltração, um subgênero que raramente termina bem para o protagonista. A série abraça essa miséria inerente ao trabalho secreto desde o brutal prólogo e a mantém em um ritmo acelerado, mas consistentemente tenso. O criador Adam August e o diretor conceitual Samanou Acheche Sahlstrøm demonstram um real apreço pela dualidade que habita a vida de um agente duplo.
Clara Dessau, no papel de Tea/Sara, é o coração pulsante da série. Ela precisa interpretar duas personagens, e a atriz consegue transmitir de forma excelente o conflito interno — a agente disciplinada versus a “Sara” que precisa reviver seu passado e enfrentar a escuridão que ela pensava ter deixado para trás. A tensão entre os fatos e a ficção da sua nova identidade se torna um barril de pólvora emocional, onde a linha entre a empatia pela vítima (Ashley e sua filha) e o dever para com a missão se dissolve.
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Nuances em tons de cinza: ninguém é totalmente bom
Um dos aspectos mais cativantes de “A Agente” é sua recusa em oferecer personagens unidimensionais. Este não é um conto simples de mocinhos contra bandidos. O criminoso, Miran, apesar de ser um chefe calculista e, eventualmente, um abusador, é mostrado como um pai amoroso e presente para sua filha. Essa humanização não o redime, mas complica a visão de mundo de Tea, que se vê questionando se o “bem” da sua missão justifica a crueldade dos métodos da polícia.
Nesse jogo de moralidade turva, os agentes da PET, liderados por Folke (Nicolas Bro), parecem em certos momentos tão calculistas e frios quanto os criminosos que perseguem. Bro entrega uma atuação forte, capturando as nuances de um chefe que está disposto a arriscar a segurança de Tea e, no clímax, até mesmo instrumentalizar uma criança para conseguir um resultado. A série se delicia nesse “espaço nebuloso” entre o certo e o errado, sugerindo que a busca pela justiça pode, em si, exigir atos profundamente questionáveis.

Um final tenso, mas que cumpre a jornada
Apesar de ser uma história que se encaixa confortavelmente em um cânone estabelecido — a fórmula comprovada do Nordic Noir —, “The Asset” o faz com extrema competência. O clímax da temporada, após o chocante assassinato de Bambi, irmão de Miran, acelera a paranoia e leva Tea a um ponto de ruptura, onde ela se vira contra as ordens de Folke e revela sua identidade a Ashley.
O desfecho, apesar de deixar algumas pontas soltas para uma possível segunda temporada (como o ataque a Tea e o novo rumo de Ashley com a descoberta da droga), oferece uma resolução satisfatória para o arco central: a rendição de Miran para proteger sua família e o sacrifício de Tea para garantir que Ashley e sua filha tenham uma vida melhor. O final deixa claro que, embora a missão tenha sido cumprida, a vitória vem com um custo emocional imenso para todos os envolvidos, reforçando a premissa de que ir disfarçado é, na maioria das vezes, uma ideia terrível.
Conclusão
“A Agente” é uma adição bem-vinda e robusta ao catálogo de thrillers da Netflix. Embora a premissa seja familiar, a série dinamarquesa se destaca pela sua execução coesa, pela direção afiada (cortesia de Kasper Barfoed e Sahlstrøm) e por um elenco de destaque. É uma série que usa o mistério criminal como um veículo para explorar a tensão psicológica e a complexidade moral de seus personagens.
Para os fãs de drama nórdico e histórias de infiltração com peso dramático, “The Asset” é uma maratona imperdível que, no seu final fechado, ainda consegue deixar uma sugestiva abertura para mais. Resta torcer para que a Netflix garanta a produção da segunda temporada o quanto antes.
Onde assistir à série A Agente?
A série “A Agente” está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de A Agente (2025)
Quem está no elenco de A Agente, da Netflix?
- Clara Dessau
- Maria Cordsen
- Afshin Firouzi
- Nicolas Bro
- Soheil Bavi
- Arian Kashef
- Lara Ly Melic Skovgaard
- Annika Witt
- Josephine Abeba
- Dan Boie Kratfeldt

















