No vasto e crescente catálogo de filmes de ação e suspense na Netflix, “A Criança Roubada” (Qi Zi) chegou com a promessa de um thriller neo-noir impactante, mergulhando no tema sombrio do tráfico de órgãos. Dirigido por Shiue Bin Jian e estrelado por Hsiao-chuan Chang, o filme narra a jornada de um pai, Chang Chi-Mao, que busca vingança após o desaparecimento de sua filha.
A premissa é forte, a execução, no entanto, é irregular. Embora a produção se esforce para criar uma atmosfera densa e tensa, ela acaba tropeçando em sua própria ambição, entregando uma experiência que, apesar de visualmente competente e ocasionalmente empolgante, carece de substância e coerência narrativa.
Sinopse
“A Criança Roubada” acompanha a vida de Chang Chi-Mao, um homem cuja existência feliz como treinador em um orfanato é brutalmente interrompida quando sua filha recém-nascida é sequestrada. Abalado pela tragédia e incriminado por um assassinato que não cometeu, Chang passa anos na prisão. Ao ser solto, ele descobre que sua filha foi levada por uma poderosa organização criminosa envolvida no tráfico de órgãos.
Movido por um desejo de vingança incontrolável e pela esperança de encontrar a garota viva, ele mergulha no submundo do crime de Taipei, confrontando policiais corruptos, médicos sem escrúpulos e a frieza de um sistema legal falho. O filme é dividido em quatro capítulos – Culpa, Crime, Pecado e Expiação –, guiando o público através da transformação de Chang de vítima a vingador.
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Crítica
O principal problema de “A Criança Roubada” reside em sua incapacidade de contar uma história de forma coesa e completa. O roteiro, assinado por uma equipe de cinco escritores, parece um “Frankenstein” de ideias desconexas, resultando em uma narrativa que pula de um evento para outro sem aprofundar suas motivações ou consequências.
A divisão em capítulos, que poderia ter sido uma ferramenta para estruturar a jornada do protagonista, apenas ressalta o caráter fragmentado do filme. Cada cena é um fragmento isolado, um “pedaço” que parece pertencer a um curta-metragem diferente, em vez de um longa-metragem unificado.
A trama avança rapidamente, mas o faz de maneira superficial, com a sensação de que o filme está correndo para o próximo ponto de ação, deixando para trás qualquer oportunidade de desenvolver o drama humano.

Estética e estilo sem substância
Apesar dos defeitos narrativos, o filme acerta na estética. A fotografia, assinada por Ahoj Chao, é inegavelmente de alta qualidade, explorando a estética neo-noir com maestria. A iluminação sombria, o uso de sombras profundas e o contraste entre a escuridão e a luz criam uma atmosfera opressiva e visualmente interessante. O problema é que todo esse estilo não serve a um propósito maior.
A câmera, frequentemente em ângulos inclinados, e o uso excessivo de slow motion parecem mais um exercício técnico do que uma escolha artística para reforçar a emoção da cena. A fotografia é bonita, mas vazia. A montagem, igualmente, é descuidada, com cortes bruscos e um ritmo frenético nas cenas de ação que mais confunde do que empolga. Em essência, o filme se parece com uma “salada de anúncios”, uma colagem de técnicas visuais que soam artificiais, sem a alma necessária para dar peso à história.
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Personagens sem profundidade e o subaproveitamento de temas essenciais
Outro ponto fraco do filme é a falta de profundidade de seus personagens. Apesar das atuações competentes de Hsiao-chuan Chang e Moon Lee, seus personagens carecem de nuances. O protagonista, Chang Chi-Mao, é consumido pela vingança, mas a história falha em nos fazer sentir o peso de sua dor. Sua transformação de pai de família para vingador implacável acontece de forma tão abrupta que parece mais uma convenção de gênero do que um arco dramático.
Da mesma forma, os personagens secundários são completamente subdesenvolvidos, servindo apenas como peões na trama de ação. O mais lamentável é a forma como o filme lida com o tema central do tráfico de órgãos. A premissa é usada como um mero adereço, um artifício para justificar a violência, sem nenhuma intenção de explorar as complexidades políticas e éticas do assunto. O filme toca em temas como a desigualdade social e a corrupção, mas apenas os roça na superfície, como se fossem apenas “símbolos vazios”.
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Conclusão
“A Criança Roubada” é um filme que, apesar de sua promissora premissa e de seu visual estilizado, falha em entregar uma experiência cinematográfica completa. Embora o ritmo seja rápido e o filme seja tecnicamente “entretenimento de pipoca”, a ausência de uma narrativa coesa, a superficialidade dos personagens e o subaproveitamento de temas importantes o impedem de ser memorável.
A direção de Shiue Bin Jian, em seu primeiro thriller, demonstra potencial visual, mas ainda precisa amadurecer na arte de contar histórias com profundidade. O filme é um exemplo de como a boa vontade de abordar temas sérios não se traduz em um resultado impactante se a execução for descuidada. No final, “A Criança Roubada” se mostra uma vingança cinematográfica que, embora sangrenta, é vazia de alma.
Onde assistir ao filme A Criança Roubada?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de A Criança Roubada (2025)
Quem está no elenco de A Criança Roubada, da Netflix?
- Joseph Chang
- Moon Lee
- SHOU
- Yin Chao-te
- Hsueh Shih-ling
- Kenzy
- Jag Huang
- Jane Cheng
- Yu An-shun
- Yu Tzu-yu