Crítica do filme 'A Melhor Mãe do Mundo' (2025)

Muito se critica o cinema nacional por ser muito panfletário. Mas como se reconhecer como nação se a própria arte em geral resolver jogar para debaixo do tapete nossas mazelas? Assim é parte da cinematografia de Anna Muylaert, cuja obra mais conhecida, “Que horas ela volta?”, bota o dedo na ferida da hipocrisia de relações entre patrões e empregados no Brasil.

Em “A Melhor Mãe do Mundo”, Anna desce mais um degrau na pirâmide social, e retrata a situação de Gal (Shirley Cruz, incrível no papel), uma catadora de recicláveis que após ser repetidamente agredida por seu marido alcoólatra Leandro (Seu Jorge) resolve fugir de casa sem rumo com os dois filhos pequenos.

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Sinopse

Na trama, para escapar de um relacionamento abusivo, Gal coloca seus dois filhos pequenos no carrinho de reciclagem que usa para coletar lixo nas ruas da cidade e foge. Sozinha e enfrentando os perigos da falta de moradia, ela os convence de que estão em uma aventura.

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Crítica

A jornada pela cidade de São Paulo mostra ao mesmo tempo algumas beleza, e o tamanho da metrópole quando a única alternativa é caminhar, sua crueza e alguns pontos de generosidade. Shirley Cruz interpreta de forma obstinada uma mãe que não tem nada além do seu amor pelo filhos e seu corpo, carregando seu burro sem rabo pelas ruas ao lado de carros apressados.

A metáfora da mãe carregando os filhos por avenidas em comparação a animais de carga é certeira, Gal só tem seu corpo para conseguir comida e um certo conforto para os filhos, como lanchar em uma rede de fast food, mas sempre em seus próprios termos. A personagem tem agência sobre si, mesmo em uma situação crítica, e a mistura de raiva contida e determinação é crucial para o desenvolvimento da personagem.

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Cena do filme brasileiro A Melhor Mãe do Mundo (2025) - Flixlândia — Foto: Galeria Distribuidora / Divulgação

Ao mesmo tempo, paira a ameaça do marido. Ligando repetidamente e aparecendo aqui e acolá, a presença de Leandro na vida de Gal é ao mesmo tempo nociva e doce, e caberá a ela decidir o seu fim ou continuação.

Também é impossível não notar a dupla de crianças interpretadas por Benin Ayo e Rihanna Barbosa, com os personagens usando seus nomes verdadeiros. Os dois enchem de doçura a dureza do cotidiano da mãe, divertindo-se com pouco. A mais velha, Rihanna, mostra-se uma excelente atriz principalmente quando confrontada com o dia a dia da mãe, seja para ser um base para segurar Gal de desmoronar, seja para ser mais uma voz contra a volta do relacionamento.

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Conclusão

“A Melhor Mãe do Mundo” é um filme que retrata bem as condições de catadores e moradores de rua no Brasil sem retirar a individualidade de seu personagem principal. Uma excelente opção para entender um pouco como o Estado não consegue dar suporte a todos,e a necessidade de mais mecanismos de ajuda. Pois existem muitas “Gals” perdidas e sem apoio por aí, contando com pouca ou nenhuma ajuda.

Onde assistir ao filme A Melhor Mãe do Mundo?

O filme está disponível para assistir nos cinemas.

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