
Foto: Divulgação
Entre tantas produções animadas dominadas pelos grandes estúdios norte-americanos, o filme “A Menina e o Dragão” chega como uma alternativa curiosa. A animação, resultado de uma parceria entre China e Espanha, adapta o livro homônimo, de Carole Wilkinson, e busca trazer elementos culturais orientais para uma narrativa de aventura e fantasia.
Com direção de Jianping Li e Salvador Simó, o filme promete encantar o público com sua estética inspirada na China Imperial e um enredo que mistura mitologia, heroísmo e autodescoberta. No entanto, apesar do potencial, a obra tropeça na previsibilidade e em escolhas que comprometem sua originalidade.
Sinopse do filme A Menina e o Dragão (2024)
A trama acompanha Ping, uma jovem órfã que trabalha como serviçal em uma China Imperial onde os dragões foram subjugados e explorados pelos humanos. Sua vida muda drasticamente quando descobre que tem uma conexão especial com essas criaturas mágicas e recebe a missão de proteger o último ovo de dragão.
Ao lado do sábio e misterioso Danzi, o único dragão sobrevivente, Ping embarca em uma jornada repleta de desafios e inimigos dispostos a se apoderar do ovo, que possui poderes de cura. No caminho, a garota precisa despertar seu chi – uma energia vital fundamental na cultura chinesa – e entender seu verdadeiro papel como guardiã.
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Crítica de A Menina e o Dragão, do Globoplay
A proposta de “A Menina e o Dragão” é, sem dúvida, instigante. A ideia de trazer elementos tradicionais chineses e combiná-los com uma estrutura narrativa ocidental poderia resultar em um filme inovador e rico culturalmente. No entanto, o longa se apoia demais em clichês e não consegue aprofundar seus próprios temas.
A animação, por exemplo, deixa a desejar. Embora alguns cenários e a representação dos dragões remetam ao estilo clássico oriental, a fluidez das cenas é limitada, e os designs dos personagens parecem genéricos, sem identidade própria. O que poderia ser uma estética diferenciada e cativante acaba parecendo uma versão menos refinada das grandes produções hollywoodianas.
Falta de profundidade e desenvolvimento
Outro problema está na narrativa. A jornada de Ping segue à risca a cartilha da “escolhida” que precisa superar obstáculos para aceitar seu destino. Embora essa estrutura seja comum em filmes do gênero, o que diferencia as grandes animações de histórias esquecíveis é a forma como esses elementos são trabalhados.
Aqui, o roteiro peca pela falta de profundidade emocional e desenvolvimento dos personagens. Ping, apesar de ser a protagonista, tem uma evolução previsível e pouco inspirada. Sua relação com Danzi, o dragão mentor, carece de carisma e química, tornando o vínculo entre ambos menos envolvente do que deveria.
Além disso, o filme tenta inserir momentos cômicos por meio de um ratinho companheiro de Ping, mas essas cenas raramente funcionam. Em comparação com animações como Como Treinar o Seu Dragão ou até mesmo o clássico Mulan, que souberam equilibrar aventura, humor e emoção, “A Menina e o Dragão” fica aquém do esperado.
Ótima trilha sonora
Se há um ponto realmente positivo na animação, ele está na trilha sonora. Composta por Arturo Cardelús, a música eleva algumas cenas e transmite as emoções que o roteiro falha em construir. Faixas como In Ancient Times e A Dragon’s Death conseguem dar o tom épico e melancólico à trama, criando um impacto que nem sempre está presente no desenvolvimento visual e narrativo.
Outro aspecto interessante é a tentativa de abordar questões culturais. O chi, por exemplo, desempenha um papel fundamental na história, sendo tratado como uma energia capaz de transformar o destino. No entanto, a forma como o filme usa esse conceito o aproxima mais de algo genérico, quase como “a Força” de Star Wars, do que uma verdadeira exploração da filosofia por trás dessa tradição oriental.
Conclusão
“A Menina e o Dragão” é uma animação com boas intenções, mas que não consegue se destacar. Visualmente, sua tentativa de unir elementos chineses e ocidentais resulta em algo genérico, e sua narrativa carece de emoção genuína. O filme tem seus momentos encantadores e pode agradar crianças menos exigentes, mas falha em capturar a magia e profundidade de outras animações de fantasia.
Se você busca um entretenimento leve e despretensioso, pode ser uma boa opção para assistir com a família. No entanto, para aqueles que esperavam uma experiência inovadora ou um novo clássico da animação, “A Menina e o Dragão” acaba sendo apenas mais uma aventura genérica.
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Onde assistir ao filme A Menina e o Dragão?
O filme está disponível para assistir no Globoplay.
Trailer de A Menina e o Dragão (2024)
Elenco de A Menina e o Dragão, do Globoplay
- Bill Nighy
- Mayalinee Griffiths
- Anthony Howell
- Bill Bailey
- Andrew Leung
- Tony Jayawardena
- Sarah Lam
- Felix Rosen
Ficha técnica do filme A Menina e o Dragão
- Título original: Dragonkeeper
- Direção: Jianping Li, Salvador Simó
- Roteiro: Carole Wilkinson, Pablo I. Castrillo, Ignacio Ferreras
- Gênero: aventura, fantasia
- País: China, Espanha
- Duração: 98 minutos
- Classificação: livre