Nas comédias românticas disponíveis na Netflix – ou em qualquer outro lugar – , é comum encontrarmos produções que seguem fórmulas testadas e aprovadas. No entanto, “A Paris Errada” (The Wrong Paris), filme dirigido por Janeen Damian, tenta algo um pouco diferente.
O longa-metragem se propõe a ser mais do que um simples conto de amor; ele ousa misturar a doçura do romance com a acidez de uma sátira, mirando na cultura dos reality shows e na busca por fama digital. A premissa é intrigante: uma jovem com um sonho artístico se inscreve em um programa de namoro pelos motivos errados, mas acaba encontrando o amor no lugar mais inesperado — e longe da Europa.
O resultado é uma obra que, embora tropece em clichês e em uma execução ocasionalmente desleixada, consegue oferecer um olhar divertido e, por vezes, perspicaz sobre a linha tênue entre a realidade e o entretenimento fabricado.
Sinopse
A trama nos apresenta a Dawn (Miranda Cosgrove), uma aspirante a artista que dedicou a vida a cuidar da família no Texas. Com uma bolsa de estudos em uma prestigiada escola de arte em Paris, na França, ela se vê sem condições financeiras para bancar a viagem e os estudos, após gastar suas economias com a saúde da avó. É quando sua irmã, Emily (Emilija Baranac), sugere uma solução inusitada: participar do reality show de namoro “Honey Pot”, cuja bolsa de participação poderia financiar a matrícula.
Dawn aceita a proposta, crente de que o programa é filmado na cidade francesa, o que lhe permitiria conciliar o prêmio com seu sonho. A decepção, contudo, vem rápida e cruel: a produção acontece em Paris, Texas, a apenas uma hora de sua casa. O plano de ser eliminada rapidamente desmorona quando ela descobre que o galã da atração, Trey McAllen (Pierson Fodé), é o mesmo homem com quem teve uma conexão instantânea em um bar dias antes.
Agora, Dawn precisa navegar pelas intrigas do programa, pelas rivalidades de outras competidoras e, principalmente, por seus próprios sentimentos conflitantes entre o desejo de um futuro na arte e a inesperada chance de um amor genuíno.
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Crítica
A Paris Errada se destaca por sua tentativa de criar um formato híbrido. A alternância entre a narrativa linear e as simulações de depoimentos de reality show funciona, em grande parte, como alívio cômico e como uma forma de ironizar a estrutura artificial desse tipo de programa.
O fictício “Honey Pot” é um microcosmo exagerado do que vemos em atrações como Procura-se uma Noiva, onde os participantes se comportam mais como personagens em busca de fama e seguidores nas redes sociais do que como pessoas realmente interessadas em encontrar o amor.
Nesse contexto, a autenticidade de Dawn e Trey se torna o motor da história, reforçando a crítica sutil à superficialidade da cultura midiática. A produção acerta ao ridicularizar os arquétipos clichês—a vilã manipuladora, a competidora desesperada, a influenciadora—expondo a artificialidade do jogo e criando um contraponto inteligente à pureza da relação central.

O elenco e a ausência de química
O elenco, em sua maioria, é composto por rostos conhecidos de produções da Disney e da Netflix, o que garante uma familiaridade para o público-alvo. Miranda Cosgrove, em seu retorno a um papel principal, entrega uma performance competente, combinando a vulnerabilidade da protagonista com uma determinação silenciosa. Ela se sai bem nas cenas de comédia, especialmente nas situações de humor físico.
No entanto, a química com Pierson Fodé, que interpreta Trey, é o ponto fraco da produção. Apesar de Trey ser apresentado como um galã que foge do estereótipo unidimensional, a faísca que deveria ser o pilar do romance central simplesmente não se concretiza. A conexão entre Dawn e Trey parece mais uma convenção do roteiro do que um sentimento genuíno, o que diminui a força do drama quando Dawn precisa escolher entre seu sonho e seu amor.
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Narrativa e os tropeços do clichê
Embora a premissa seja inovadora, o filme não consegue escapar de armadilhas narrativas comuns. A principal delas é o conflito central, que se apoia na teimosia de Dawn em não revelar a Trey o motivo real de sua participação no reality. Esse recurso, a “mentira que o público sabe”, é um clichê batido que torna o drama previsível e um tanto forçado.
Felizmente, o filme evita outros atalhos do gênero, como a necessidade de a protagonista abdicar de sua carreira em prol do amor, permitindo que as duas aspirações coexistam. No entanto, a execução é um pouco desleixada, com uma edição abrupta e uma fotografia que, em alguns momentos, parece ter sido filmada com um amadorismo estranho.
A história, embora tenha um final previsível, se sustenta no charme de seus personagens e na leveza de seus diálogos, cumprindo o papel de entretenimento descompromissado.
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Conclusão
A Paris Errada se encaixa perfeitamente na linha de produções românticas da Netflix que buscam misturar a fórmula do romance com elementos de crítica social. Apesar de reciclar estruturas conhecidas e de escorregar em uma falta de química palpável entre o casal principal, o filme encontra seu frescor ao ironizar de forma sutil a indústria dos realities e a busca por autenticidade em um mundo de aparências.
Com um elenco carismático, uma proposta divertida e uma mensagem que, apesar de previsível, é de fácil digestão, o longa oferece um passatempo agradável.
Para os fãs de comédias românticas e para quem acompanha o universo dos realities de relacionamento, A Paris Errada é uma opção que, embora não seja marcante, cumpre a promessa de uma jornada leve, engraçada e, de certa forma, honesta sobre o que significa encontrar o amor nos lugares mais improváveis.
Onde assistir ao filme A Paris Errada?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de A Paris Errada (2025)
Quem está no elenco de A Paris Errada, da Netflix?
- Miranda Cosgrove
- Pierson Fode
- Frances Fisher
- Yvonne Orji
- Madison Pettis
- Madeleine Arthur
- Torrance Coombs
- Christin Park
- Emilija Baranac
- Hannah Stocking














