Após o sucesso de A Menina e o Leão e O Lobo e o Leão, Gilles de Maistre retorna com o filme “A Última Onça Negra” (Le Dernier Jaguar), uma fábula ecológica que busca sensibilizar sobre questões ambientais, como a destruição da Amazônia e o tráfico de animais selvagens.
Com imagens belíssimas e uma proposta emocionante, o filme tinha todos os elementos para conquistar o público, mas será que alcançou a profundidade e o impacto de seus predecessores?
Sinopse do filme A Última Onça Negra (2024)
A história acompanha Autumn (Lumi Pollack), que passa a infância na Amazônia ao lado de Hope, uma jaguar fêmea resgatada de traficantes. Após a morte trágica de sua mãe, Autumn e seu pai se mudam para Nova York, onde ela cresce distante de sua terra natal.
Oito anos depois, ao descobrir que Hope está em perigo devido à caça predatória, Autumn decide voltar à Amazônia para salvar sua amiga de infância. Com a ajuda de sua professora de biologia, Anja (Emily Bett Rickards), Autumn embarca em uma aventura repleta de desafios, enfrentando tanto os perigos da selva quanto o impacto das ações humanas sobre o meio ambiente.
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Crítica de A Última Onça Negra, do Globoplay
Gilles de Maistre é conhecido por sua habilidade em criar narrativas que unem o humano e o animal em histórias emocionantes. Em “A Última Onça Negra”, a premissa é promissora, mas a execução deixa a desejar. O filme se apoia em clichês e situações pouco verossímeis que comprometem o impacto emocional da trama.
A jornada de Autumn e Anja, embora carregada de boas intenções, frequentemente flerta com o absurdo, como uma adolescente comprando passagens para a Amazônia ou uma professora agorafóbica enfrentando a selva com um telefone impermeável e salto alto.
Por outro lado, o filme acerta ao retratar a relação entre Autumn e Hope. As cenas que envolvem o jaguar — especialmente quando adulto — são belíssimas e transbordam naturalidade graças ao longo treinamento entre os animais e os atores. A fotografia destaca paisagens deslumbrantes da selva (ainda que filmadas no México e não na Amazônia, algo perceptível aos mais atentos), criando um cenário visualmente envolvente.
Falta de profundidade
No entanto, os personagens humanos carecem de profundidade. Autumn, apesar de ser a protagonista, soa artificial em muitos momentos, enquanto Anja é reduzida a um alívio cômico que frequentemente cai no exagero.
Os vilões, caricaturais e sem nuances, não conseguem transmitir a seriedade da mensagem ambiental proposta pelo filme. A narrativa também sofre com flashbacks mal estruturados e diálogos simplistas, o que enfraquece o impacto dramático da história.
Ainda assim, “A Última Onça Negra” consegue transmitir sua mensagem ecológica de forma acessível ao público infantil, o que pode despertar reflexões importantes nas novas gerações. O uso de um jaguar real dá autenticidade que outros filmes do gênero, com CGI, muitas vezes não alcançam.
Conclusão
“A Última Onça Negra” é um filme que tenta equilibrar entretenimento e conscientização ambiental, mas falha em entregar uma história consistente e envolvente. Apesar de suas falhas, oferece momentos visuais marcantes e uma bela relação entre a protagonista e o animal, capaz de emocionar os espectadores mais jovens.
Para quem busca um filme leve, com paisagens deslumbrantes e uma mensagem ambiental básica, pode ser uma boa escolha. No entanto, para aqueles que esperam a mesma magia das obras anteriores, a experiência pode ficar aquém das expectativas.
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