O cinema brasileiro acaba de ganhar uma obra de profunda humanidade e extrema relevância social com a chegada do documentário “Apolo”. Codirigido pela atriz Tainá Müller, que faz sua estreia em longas-metragens, e pela própria protagonista, Isis Broken, o filme é muito mais do que um registro de gestação. Trata-se de uma emocionante carta de amor e um potente documento político que acompanha a jornada do casal trans Lourenzo Duvale e Isis Broken enquanto aguardam a chegada de seu filho, Apolo.
Premiado em festivais importantes como o Festival do Rio (Melhor Documentário e Trilha Sonora Original) e o Festival MixBrasil (Melhor Filme pelo Júri Popular), o longa confirma sua força, mostrando que o afeto e a luta são, muitas vezes, faces da mesma moeda.
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Sinopse
A história de “Apolo” começa de forma moderna e mágica: Lourenzo, rapper em São Paulo, e Isis, cantora em Sergipe, se conhecem por uma mensagem de celular no auge da pandemia, iniciando longas conversas sobre música, espiritualidade e política. Em poucas semanas, o encontro se torna real e a história de Apolo, a criança que daria nome ao filme, começa a ser escrita.
O documentário narra a experiência real do casal — Lourenzo, um homem trans que carrega o bebê no ventre, e Isis, uma mulher trans — que decide registrar a gravidez como uma homenagem e um legado para o filho. No entanto, a doçura da espera rapidamente se choca com a aspereza da realidade.
Em Sergipe, Lourenzo é vítima de transfobia durante uma tentativa de ultrassom, um episódio tão violento que resulta em um grave sangramento. Diante da violência institucional e da dificuldade em obter um pré-natal digno, o casal decide se mudar para São Paulo, buscando um tratamento mais respeitoso.
O filme acompanha essa transição, o reencontro de Lourenzo com sua mãe após três anos, e os desafios logísticos e íntimos que antecedem o parto, incluindo o dilema sobre a amamentação e a busca por um atendimento médico adequado, que só é alcançado no oitavo mês de gestação em um centro de referência.
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Resenha crítica do documentário Apolo
A intimidade transformada em diário cinematográfico
Um dos grandes acertos de “Apolo” é sua estrutura narrativa. O filme se constrói como uma carta lida em voz alta, um álbum de bebê feito por meio do cinema, onde os pais se dirigem diretamente ao filho, Apolo, para que ele entenda não só como nasceu, mas o que foi preciso enfrentar para que ele existisse. Essa abordagem torna a experiência incrivelmente pessoal e magnética, permitindo que o público se sinta ao lado do casal em cada etapa.
A proximidade de Lourenzo e Isis com a arte (ela, cantora/atriz; ele, multiartista) confere ao filme uma estética carismática. As diretoras usam ensaios fotográficos e cenas gravadas em estúdio que funcionam como um respiro poético, quebrando a linearidade do registro documental. Esses momentos injetam arte e misticidade no relato — algo que é condizente com a espiritualidade do casal, que vê a gravidez como fruto de uma vontade divina, dada a forma improvável da concepção.

Expondo a transfobia estrutural e a busca por direitos
Embora seja uma história de amor, “Apolo” não foge do seu papel político. Ele expõe, sem suavizar, a transfobia institucional enfrentada por parentalidades trans no Brasil. O episódio do ultrassom em Sergipe é o ponto mais emblemático, revelando como o preconceito enraizado pode criar dilemas para algo tão básico quanto uma gravidez.
O casal é obrigado a lutar pelo direito fundamental a um pré-natal digno, um direito garantido pela Constituição que protege a formação familiar em todos os seus formatos (heteroafetiva, homoafetiva, por adoção, etc.).
O filme utiliza imagens íntimas, inclusive denúncias gravadas com celular, para mostrar o processo doloroso pelo qual precisam passar. Lourenzo, um pai parturiente, e Isis, como mãe, precisam impor seus limites identitários perante um sistema de saúde que não está estruturado para acolhê-los. A obra se torna, assim, um retrato necessário sobre a intolerância social em relação aos direitos básicos de pessoas trans.
Celebrando o amor e a família comum
Apesar da densidade política, “Apolo” é, em sua essência, uma celebração. O filme é honesto ao retratar a experiência universal de “pais de primeira viagem”: as inseguranças, as descobertas, os dilemas íntimos (como o da amamentação, que gera um debate entre o casal) e os tropeços.
A grande potência reside em mostrar que a família de Isis e Lourenzo, embora dissidente, é feita das mesmas alegrias e tropeços compartilhados por qualquer outra família. O acolhimento da família de Isis e, de forma tocante, do avô de Lourenzo (“Nenhuma folha cai sem a benção de Deus”), simplifica o amor e a aceitação que o resto da sociedade ainda complica.
Ao focar na sua cumplicidade e na trajetória musical de Isis, o filme afirma que Lourenzo e Isis são indivíduos completos, com sonhos e arte, muito antes de serem pais, e que a chegada de Apolo trouxe “cura para nossas crianças feridas.”
Conclusão
“Apolo” é, portanto, uma obra que olha para o futuro com esperança e firmeza. Ao documentar a gestação de Lourenzo, o filme faz um registro histórico e exalta a enorme potência e complexidade do corpo humano, que é muito maior do que qualquer ideia cisgênero e binária.
Tainá Müller e Isis Broken entregam um documentário que consegue equilibrar o doce da espera com a aspereza da resistência. É um convite para o público enxergar essas vidas para além de rótulos, reconhecendo que a jornada deles, embora extraordinária em sua luta, é profundamente humana e reconhecível em seu amor.
Como diz Isis Broken: “O amor é colorido e é um grande neném” — e a compreensão dessa grandeza é o legado que “Apolo” espera deixar. Uma jornada imperdível de vulnerabilidade, força e afeto familiar.
Onde assistir ao documentário Apolo?
O filme estreou nos cinemas nesta quinta-feira, dia 27 de novembro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Em São Paulo, a exibição acontece no Espaço Petrobras de Cinema, na sala 4, diariamente às 18h. A programação inclui duas sessões especiais: no dia 29 de novembro, às 10h30, ocorre a sessão Clube do Professor com a presença de Isis, Tainá e Lourenzo; e no dia 1º de dezembro, às 19h30, acontece o Debate Folha, também com Isis, Tainá e Lourenzo, na sala 1.
No Rio de Janeiro, o longa será exibido no Estação Net Botafogo, com sessões diárias às 17h50, na sala 3. Já em Balneário Camboriú, o filme entra em cartaz no Arthousebc, com sessões nos dias 27 e 29 de novembro, às 19h35, e nos dias 28 e 30 de novembro, às 16h. Em Manaus, o Cine Casarão recebe a obra com quatro sessões: 27 de novembro, às 20h; 28 de novembro, às 15h30; 29 de novembro, às 18h20; e 30 de novembro, às 19h50.
















