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Depois de 40 capítulos repletos de reviravoltas, mortes e manipulações, “Beleza Fatal” chegou ao fim deixando marcas profundas — não apenas nos personagens, mas no público que acompanhou de perto a trama envolta em vaidade, obsessão e busca por justiça.
A primeira novela original do Max apostou alto em um enredo melodramático e ousado, conduzido pelas atuações intensas de Camila Queiroz e Camila Pitanga, e entregou um desfecho tão sombrio quanto esperado: sem redenções fáceis e com consequências irreversíveis.
Sinopse do episódio 40, final da novela Beleza Fatal (2025)
No último episódio, os desdobramentos da morte de Benjamin (Caio Blat) tomam o centro da narrativa. A investigação conduzida por Gabriel (Enzo Romani) aponta inicialmente para Lola (Camila Pitanga) como culpada, com imagens de segurança e provas forjadas contra ela. A empresária tenta fugir, mas acaba sendo presa após incendiar a Lolaland em uma tentativa desesperada de matar Sofia (Camila Queiroz).
Durante uma visita tensa na prisão, Sofia confessa o crime e revela que arquitetou tudo para incriminar Lola. A rival, no entanto, não se entrega sem reagir e tenta enforcá-la, sendo levada à solitária. Enquanto Lola é condenada a 34 anos de prisão, Sofia segue livre — mas completamente só, rejeitada por Gabriel e pela família Paixão. A novela termina com Sofia encarando uma criança que a faz lembrar de sua infância solitária, num reflexo melancólico da espiral de dor que sua vingança gerou.
Crítica do episódio 40, final de Beleza Fatal, da Max
O grande trunfo do final de “Beleza Fatal” é justamente sua recusa em oferecer qualquer forma de conforto ao espectador. A esperada catarse do “triunfo do bem sobre o mal” nunca vem. Em vez disso, Raphael Montes fecha sua trama de maneira amarga, mostrando que, em um mundo regido por mágoas profundas e sede de vingança, todos perdem — mesmo aqueles que saem pela porta da frente.
Sofia: uma heroína às avessas
A trajetória de Sofia foi, desde o início, construída em cima do desejo de vingança pela injustiça cometida contra sua mãe. O problema é que a personagem cruzou tantas linhas éticas e morais ao longo do caminho que perdeu qualquer resquício de empatia.
Sua confissão final é feita com frieza, como quem acredita ainda estar em controle da narrativa. No entanto, o roteiro é inteligente ao mostrar que sua “vitória” é oco — ela está livre, mas desprovida de afeto, conexão e identidade.
A última cena, em que encara uma menina que a lembra de si mesma, é um dos momentos mais potentes da novela: não há redenção, apenas o eco de um passado que insiste em retornar.
Lola: a ruína de uma vilã trágica
Camila Pitanga entrega uma performance visceral no episódio final. Lola, que começou como antagonista, termina como figura trágica. Seu colapso emocional, a tentativa de homicídio contra Sofia e o incêndio da Lolaland revelam uma mulher totalmente consumida por sua própria destruição.
Mas o roteiro ainda permite que ela mantenha certo senso de dignidade — sua fala para Sofia na prisão, onde afirma que a rival também está presa, só que por dentro, ressoa como um soco no estômago.
Um elenco afiado e um roteiro sem medo
O mérito de “Beleza Fatal” está também no trabalho coletivo. Caio Blat, Giovanna Antonelli, Marcelo Serrado, Julia Stockler, entre outros, compuseram um painel de personagens moralmente ambíguos e emocionalmente densos. A direção soube imprimir ritmo sem perder o tom dramático, e o texto de Montes manteve uma coerência rara nas novelas contemporâneas — até mesmo nos momentos mais absurdos.
Se por um lado a revelação do assassino pareceu previsível para parte do público, por outro, o impacto psicológico e emocional da revelação foi suficientemente devastador para sustentar o clímax.
Entre vingança e vaidade: o espelho quebrado de uma sociedade
Mais do que um thriller de vingança, “Beleza Fatal” é um retrato ácido de uma sociedade obcecada por aparências. O universo das clínicas estéticas, dos nomes de fantasia como “Lolaland”, dos discursos vazios sobre beleza e sucesso, contrasta com a feiura dos sentimentos que movem cada personagem. No fim, não é só a clínica que pega fogo — é toda uma ideia de perfeição que se incendeia junto.
“Beleza Fatal” chega ao seu final com o episódio 40 de forma corajosa, recusando-se a oferecer saídas fáceis ou finais felizes. A novela deixa para o público a tarefa de digerir os efeitos colaterais da vingança, do poder e da vaidade.
Sofia vence no papel, mas perde tudo que lhe era essencial. Lola é condenada, mas não derrotada. E o público? Fica com a memória de uma trama que ousou ser sombria, moderna e profundamente humana.
Pode não ser o final que todos queriam — mas talvez seja o final que a história precisava.
Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.