Em meio à crescente oferta de séries históricas e épicas, “Chefe de Guerra” (Chief of War), da Apple TV+, se destacou por sua abordagem única e, acima de tudo, autêntica. Lançada com a promessa de mergulhar nas guerras que antecederam a unificação do Havaí no século XVIII, a produção despertou a curiosidade não só pela presença de Jason Momoa, mas pela promessa de uma história contada por vozes nativas.
O final da primeira temporada de Chefe de Guerra, no episódio 9, intitulado “O Deserto Negro”, não apenas encerra um ciclo de batalhas e traições, mas também se firma como um manifesto artístico e cultural, com o próprio Momoa na direção. É um capítulo que equilibra a grandiosidade de seu espetáculo visual com a complexidade de suas tensões internas, deixando claro que a jornada do povo havaiano está longe de terminar.
Sinopse
O aguardado desfecho da temporada mostra o ápice do conflito entre as facções de Keoua e Kamehameha. Após a erupção do vulcão ser interpretada como uma bênção divina, Keoua consolida suas alianças e parte para um confronto final, alimentado por um desejo implacável de poder.
Do outro lado, Kamehameha finalmente reconhece Ka’iana como o líder ideal de seu exército, confiando-lhe o comando na batalha decisiva. O clímax se dá no Deserto Negro, onde armas de fogo se chocam contra lanças e lâminas em um combate violento e visceral.
A batalha não é apenas um espetáculo de força, mas um palco de redenções pessoais, como a vingança de Heke contra seu agressor Opunui. A vitória pende para o lado de Kamehameha, com a derrota de Keoua sendo selada de forma simbólica, consumido pela lava da mesma deusa que ele acreditava tê-lo abençoado.
A aclamação de Ka’iana como herói de guerra, no entanto, introduz uma nova camada de tensão, plantando as sementes de uma possível rivalidade futura. Enquanto Kamehameha celebra, o perigo de Kahekili, o rei de Maui, se intensifica, preparando o terreno para novos conflitos e deixando claro que a unificação do Havaí é uma história ainda a ser contada.
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Crítica
O que mais impressiona no episódio final de Chefe de Guerra é a direção de Jason Momoa. Ele, que também atua e cocria a série, assume o controle total para entregar uma visão “épica”. E consegue. O clímax da batalha é filmado com uma intensidade brutal, utilizando o cenário natural de campos de lava para criar uma atmosfera única e assombrosa.
A decisão de filmar a sequência em ordem inversa, do anoitecer para o dia, demonstra uma meticulosidade incomum e um domínio técnico que ele mesmo confessa amar. Momoa opera no caos e, como resultado, a tela se enche de um senso de urgência e autenticidade que poucos diretores conseguem replicar.
A forma como ele lida com os elementos naturais, como a erupção vulcânica real que ocorreu durante as filmagens, e os integra à narrativa mitológica da série, eleva o episódio de uma mera batalha a um evento quase místico.

Uma narrativa de altos e baixos
Apesar do brilhantismo visual e da direção, o episódio não está isento de falhas. A transição abrupta de um drama histórico com momentos de realismo para um espetáculo que flerta com o misticismo é um ponto de discórdia. A cena da erupção que mata Keoua, por mais simbolicamente irônica que seja, desvia do tom mais contido e “realista” da série.
Da mesma forma, certas decisões de roteiro, como Opunui pegando uma arma e a descartando logo em seguida, parecem forçadas e subutilizam os recursos narrativos. A cena da orgia sombria de Kahekili, embora pretenda mostrar sua loucura, se desvia de como o personagem foi construído até então, parecendo mais uma quebra de tom do que uma progressão de sua psique. Contudo, esses momentos, por mais estranhos que sejam, demonstram a coragem dos criadores em tentar algo diferente e quebrar convenções, mesmo que nem tudo funcione perfeitamente.
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A frustração do “não-final”
O ponto mais polêmico do episódio nove, e o que mais frustrou o público, é a sua natureza de cliffhanger. A série foi anunciada como uma “minissérie de nove episódios”, mas o desfecho deixa inúmeras pontas soltas, de Kahekili buscando vingança à tensão sexual entre Ka’iana e Ka’ahumanu. Essa decisão levanta sérias críticas à comunicação da Apple TV+, que apresentou o projeto de forma enganosa.
O ritmo da segunda metade da temporada, que avançou lentamente, agora faz sentido: a história nunca teve a intenção de ser concluída em um único ato. Isso frustra a expectativa de um desfecho, mas, ao mesmo tempo, constrói uma base sólida e envolvente para uma possível segunda temporada. A visão de Momoa e Sibbett, de uma saga contínua e sem saltos no tempo, é ambiciosa e promissora, desde que lhes seja dada a liberdade de continuá-la.
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Conclusão
O final da primeira temporada de Chefe de Guerra é um capítulo de contrastes. Por um lado, é uma vitória artística monumental para Jason Momoa como diretor, que entrega a maior e mais épica cena de batalha da série, combinando violência, mitologia e uma visão pessoal singular. Por outro, é um desfecho decepcionante no sentido de que não cumpre a promessa de ser um final completo, deixando o público em um limbo de incerteza.
A história de Chefe de Guerra é maior do que o que vimos até agora, e o episódio nove é a prova disso. Ele não apenas encerra a primeira fase da unificação havaiana, mas atesta o imenso potencial de uma narrativa que merece mais espaço para ser contada. A vitória de Kamehameha está garantida, mas a guerra continua, e a verdadeira batalha de Momoa, por autenticidade e por sua visão, também. A esperança agora é que a Apple TV+ dê a ele a chance de concluí-la.
Onde assistir à série Chefe de Guerra?
A série está disponível para assistir na Apple TV+.
Veja o trailer de Chefe de Guerra (2025)
Elenco de Chefe de Guerra, da Apple TV+
- Jason Momoa
- Luciane Buchanan
- Te Ao o Hinepehinga
- Te Kohe Tuhaka
- Brandon Finn
- Siua Ikale’o
- Mainei Kinimaka
- Temuera Morrison
















