A Reserva, produção original da Netflix, apresenta um final que choca pela forma como expõe a conivência silenciosa diante de crimes cometidos dentro da elite europeia. O desaparecimento de Ruby, uma jovem au pair filipina, revela muito mais do que um simples mistério policial: escancara abusos encobertos, estruturas de poder e o preço do silêncio.
Ambientada em um bairro nobre da Dinamarca, a minissérie constrói sua tensão a partir do cotidiano aparentemente perfeito de famílias influentes. À medida que a investigação não oficial liderada por Cecilie se intensifica, segredos começam a vir à tona, incluindo os que envolvem seu próprio marido.
Criada por Ingeborg Topsøe e dirigida por Per Fly, a trama aposta em um suspense realista, centrado em personagens femininas que enfrentam o custo de romper com a ordem estabelecida. Com apenas seis episódios, a obra é direta, eficiente e incômoda na medida certa.
A ausência de Ruby é apenas o ponto de partida para que o público seja confrontado com as falhas de um sistema onde aparência vale mais do que verdade. É esse desconforto que transforma A Reserva em um dos lançamentos mais relevantes da Netflix em 2025.
Ruby morreu? Entenda o desfecho da personagem na minissérie
Sim, Ruby está morta. A série confirma sua morte ao mostrar seu corpo sendo encontrado no mar dias após o desaparecimento. A perícia revela que ela estava grávida. Inicialmente, as suspeitas recaem sobre Rasmus, chefe de Mike e pai de Oscar, que havia acolhido Ruby em sua casa. No entanto, o cenário muda com a descoberta de que Oscar, filho do casal, gravou o estupro cometido contra a jovem.
Katarina, mãe de Oscar, apaga o vídeo que continha a prova do crime. Com a ausência do material e a resistência das autoridades, a denúncia perde força. Mesmo com um teste de DNA apontando Oscar como pai do bebê, a investigação não avança. Cecilie, antes hesitante, entende tarde demais a gravidade do que ignorou.
No confronto final, Katarina admite indiretamente o assassinato de Ruby, sugerindo que a matou para proteger o filho. A morte é tratada como suicídio, e a verdade permanece enterrada sob camadas de conveniência e poder.
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Poder, conivência e silêncio: as engrenagens por trás do encobrimento
O desfecho de A Reserva escancara a proteção que os poderosos oferecem aos seus. Katarina destrói provas. Mike tenta manipular a narrativa. Rasmus discute estratégias para preservar a imagem da família. A polícia, mesmo diante de indícios, não avança. A injustiça é naturalizada com eficiência assustadora.
Cecilie, embora se envolva na busca por justiça, também recua. Ao demitir Angel, sua au pair filipina, transfere a responsabilidade e foge da possibilidade de encarar problemas dentro da própria casa. A demissão, apresentada como proteção, evidencia medo e omissão.
Enquanto Ruby é silenciada, Angel perde sua chance de construir um futuro. A série não ignora a dor dessas mulheres, nem a facilidade com que são descartadas por aqueles que juram respeitá-las.
A série encerra com amargura e provoca discussões urgentes
A Reserva termina sem alívio. Com Ruby morta, Oscar impune e Katarina intacta, a narrativa se mantém fiel ao realismo incômodo que propõe desde o início. O crime é acobertado, e a culpa diluída entre omissões, privilégios e pactos silenciosos.
A força da série está em mostrar que, por vezes, não há justiça. E que o verdadeiro terror não está nos atos isolados, mas no sistema que os permite. A produção não alivia, não redime e não oferece esperança fácil. Seu mérito é justamente esse.
Ao confrontar a elite com as consequências de seus atos — ou da falta deles — A Reserva se torna mais do que um suspense: é um alerta sobre até onde o poder pode ir quando encontra silêncio como cúmplice. Disponível na Netflix, a série se consolida como uma das mais densas do
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