Ao lançar os três primeiros episódios da série “Coração de Ferro” no Disney+, a Marvel dá início a mais uma tentativa de renovação de seu universo cinematográfico. Após um período de desgaste criativo visível, marcado por narrativas repetitivas e apelos nostálgicos, a série protagonizada por Riri Williams propõe algo diferente: uma história de origem que não deseja ser prisioneira do passado.
A série, criada por Chinaka Hodge, dirigida por Sam Bailey e produzida por Ryan Coogler, introduz uma nova heroína com raízes profundas em questões sociais, emocionais e identitárias. Ambientada em uma Chicago viva, realista e pouco explorada no MCU, Coração de Ferro tenta equilibrar ação, drama e representatividade sem cair em armadilhas já conhecidas da franquia.
No entanto, esse esforço de reinvenção não vem sem falhas. Apesar das boas intenções e do carisma do elenco, especialmente de Dominique Thorne no papel principal, a série patina em seu ritmo e sofre com um excesso de ideias pouco desenvolvidas. A seguir, exploramos como Coração de Ferro tenta moldar sua própria armadura narrativa.
Sinopse da série Coração de Ferro
Riri Williams (Dominique Thorne), jovem prodígio da engenharia, retorna à sua cidade natal, Chicago, após ser expulsa do MIT por vender projetos acadêmicos em busca de financiar seus próprios experimentos. Com o trauma da morte do padrasto e da melhor amiga ainda presente, Riri mergulha em um ambiente emocionalmente conturbado e socialmente instável.
Ao reencontrar a vizinhança e enfrentar a escassez de recursos, ela cruza o caminho de Parker Robbins, o Capuz (Anthony Ramos), um criminoso que mistura magia e tecnologia em seus planos para dominar o mercado de startups locais. Em troca de apoio técnico, Riri se envolve em uma série de roubos arquitetados por ele e sua excêntrica equipe. Paralelamente, ela desenvolve sua armadura e traz à vida uma inteligência artificial inspirada em Natalie (Lyric Ross), sua melhor amiga falecida.
Ao longo dos três primeiros episódios, a série oscila entre a construção de um drama juvenil urbano e uma aventura de super-heroína em busca de identidade.

Crítica de Coração de Ferro (2025)
A série acerta ao afastar Riri do papel de simples herdeira de Tony Stark. Ao contrário de Peter Parker, sempre orbitando a figura paterna do bilionário, Riri é obrigada a construir tudo do zero. Sem privilégios, sem fortuna, sem mentoria. Isso reforça o subtexto social da narrativa: o que significa ser genial quando se vem das margens? Coração de Ferro mergulha nessa pergunta com alguma profundidade, embora sem fornecer respostas totalmente convincentes.
A armadura de Riri, ainda em construção, é metáfora clara da personagem em formação. E isso é um dos pontos fortes da série: a protagonista não está pronta. Ela falha, duvida, sente culpa e toma decisões questionáveis — o que a torna crível e relacionável.
Um elenco que sustenta a narrativa
Dominique Thorne entrega uma atuação equilibrada, com momentos de vulnerabilidade e firmeza. Sua química com Lyric Ross, mesmo transformada em IA, dá leveza aos episódios. A relação entre as duas amigas é um dos alicerces emocionais da trama, ajudando a humanizar a experiência tecnológica de Riri.
Anthony Ramos brilha como Capuz, mesmo que seu personagem ainda careça de desenvolvimento mais sólido. Seu carisma, no entanto, torna compreensível o fascínio que ele exerce sobre Riri e seu entorno. Os coadjuvantes — como Shea Coulée, Sonia Denis e Eric André — adicionam diversidade e estilo, com destaque para o senso de comunidade que o grupo de Parker transmite.
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Chicago como cenário vivo
Ao contrário de tantas produções da Marvel que parecem acontecer em estúdios genéricos, Coração de Ferro valoriza a ambientação urbana. A Chicago retratada aqui tem textura, cor e personalidade. A cidade influencia diretamente as escolhas de Riri, seja pela violência que a marcou, seja pelas oportunidades (e perigos) que apresenta. É um respiro bem-vindo dentro de um MCU que muitas vezes se esquece do valor narrativo do espaço.
Tecnologia, magia e o caos narrativo
Apesar das boas ideias iniciais, Coração de Ferro sofre de um problema recorrente em outras produções do estúdio: a sobrecarga de elementos. A série quer discutir ciência versus magia, trauma psicológico, desigualdade social, luto, responsabilidade ética, amadurecimento adolescente — tudo ao mesmo tempo. Com apenas seis episódios na temporada, os temas acabam disputando atenção, sem espaço suficiente para se desenvolverem adequadamente.
O Capuz, por exemplo, tem uma origem mágica promissora, mas sua mitologia é revelada de forma fragmentada e pouco clara. O ritmo instável do episódio de estreia, aliado à necessidade de “explicar demais” quem é Riri, compromete parte do engajamento inicial. Felizmente, o segundo episódio consegue ajustar o tom, e o terceiro começa a entregar o potencial real da série.
Ação comedida, mas estilosa
Quem espera batalhas épicas pode se decepcionar. As cenas de ação são pontuais, mais focadas em roubos estratégicos e pequenos confrontos urbanos. Ainda assim, são bem executadas e fazem sentido dentro da proposta “pé no chão” da série. O que falta em grandiosidade é compensado com estilo e dinamismo.
Vale a pena ver Coração de Ferro no Disney+?
Os três primeiros episódios de Coração de Ferro mostram uma série que ainda está encontrando sua forma, tal como sua protagonista. Há méritos claros: uma ambientação vibrante, personagens carismáticos e um desejo sincero de inovar dentro de um universo saturado. No entanto, a obra tropeça ao tentar abraçar temas demais com tempo de menos.
Riri Williams tem carisma e potencial para ser uma das novas grandes figuras do MCU, mas precisa de espaço e foco para isso. Se os episódios seguintes mantiverem a evolução apresentada até agora, Coração de Ferro pode, sim, se tornar mais do que apenas uma “nova armadura” no guarda-roupa da Marvel — e enfim conquistar seu lugar por mérito próprio.
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Onde assistir à série Coração de Ferro?
A novela está disponível para assistir no Disney+.
Trailer de Coração de Ferro (2025)
Elenco de Coração de Ferro, do Disney+
- Dominique Thorne
- Anthony Ramos
- Lyric Ross
- Manny Montana
- Matthew Elam
- Jaren Merrell
- Zoe Terakes
- Alden Ehrenreich
- Harper Anthony
- Anji White