Depois de uma terceira temporada considerada por muitos como o ponto mais baixo da série, “O Urso” (The Bear) retorna com seu ano 4 tentando restaurar o prestígio conquistado nos primeiros anos. O desafio era enorme: superar a ressaca de um enredo repetitivo, reaproximar-se de personagens antes negligenciados e provar que ainda havia fôlego para continuar a história sem cair na autocomplacência.
A boa notícia é que O Urso parece, enfim, ter aprendido com seus erros. A temporada retoma o foco na equipe que constrói o restaurante tanto quanto na comida que ele serve. Ainda assim, as marcas da exaustão criativa do ano anterior não somem completamente. O ritmo segue arrastado em certos momentos, e o excesso de estilo continua se sobrepondo à substância em partes do enredo.
Com mais espaço para personagens coadjuvantes e um Carmy (Jeremy Allen White) mais contido e, enfim, disposto a compartilhar os holofotes, The Bear entrega uma temporada que beira o catártico. Mas a pergunta que fica é: este é um novo começo para a série — ou uma despedida cuidadosamente embalada?
Sinopse
Na quarta temporada, o restaurante The Bear encara as consequências diretas de uma crítica mordaz publicada pelo Chicago Tribune, que acusa o local de ser pretensioso e confuso. O impacto emocional da avaliação atinge em cheio o já fragilizado Carmy, que precisa encarar não apenas o desgaste financeiro e estrutural do restaurante, mas também seus próprios fantasmas.
Enquanto isso, Sydney (Ayo Edebiri), sua parceira de cozinha, continua dividida entre seguir investindo no projeto ou buscar novos caminhos profissionais. Marcus (Lionel Boyce), Tina (Liza Colón-Zayas) e Ebraheim (Edwin Lee Gibson) ganham mais protagonismo, cada qual enfrentando seus dilemas pessoais dentro e fora da cozinha.
E com um relógio literal marcando a contagem regressiva do prazo dado por Uncle Jimmy (Oliver Platt) para o restaurante se provar financeiramente viável, todos os integrantes da equipe precisam decidir se estão mesmo prontos para correr esse risco — e a que custo.
Crítica
O Urso sempre usou sua cozinha como metáfora para o caos emocional e familiar de seus personagens, e a quarta temporada não foge à regra. Mas agora, essa metáfora se estende também à própria estrutura narrativa da série: assim como o restaurante, a série tenta se reinventar após uma fase desastrosa. O paralelo entre a trama e os bastidores criativos da produção se torna, por vezes, desconcertantemente literal.
Carmy, que já foi o centro gravitacional absoluto da história, começa enfim a ceder espaço — um movimento tardio, mas necessário. Sua obsessão com o controle, com menus caóticos e genialidade autodestrutiva, já não parece mais sustentável, nem para ele, nem para a série. Quando finalmente permite que Sydney assuma o controle de alguns pratos, a série também permite que novas vozes ocupem a narrativa.

A vez de Sydney brilhar
Sydney é, sem dúvida, o coração da temporada. Ayo Edebiri entrega uma performance que combina firmeza, vulnerabilidade e humor com precisão cirúrgica. Seu episódio solo, coescrito com Lionel Boyce e dirigido por Janicza Bravo, é uma das joias da temporada: uma pausa no frenesi habitual da série, que aposta na intimidade e no cotidiano para construir uma personagem real, crível e emocionalmente acessível.
Ao contrário de Carmy, que ainda parece correr em círculos emocionais, Sydney caminha — às vezes com hesitação, mas sempre em frente. E é justamente nessa diferença de movimento que a série encontra novo ritmo.
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Ajustes bem-vindos no tempero
Outra mudança positiva está na redução dos excessos da terceira temporada. Os cameos de celebridades — antes gratuitos — agora ganham função narrativa, especialmente em episódios como o casamento da família Berzatto. Jamie Lee Curtis, mais uma vez, mostra porque Donna é uma das personagens mais fascinantes da série: longe de ser apenas uma figura explosiva, ela ganha profundidade emocional e protagoniza uma das cenas mais tocantes com Carmy.
Mesmo personagens antes mal aproveitados, como Ebra e Tina, ganham arcos próprios. Ainda que por vezes diluídos demais ao longo dos episódios, essas tramas paralelas contribuem para o fortalecimento do conjunto — ainda que nem sempre com o tempo ou intensidade merecidos.
Ainda há falhas a digerir
Apesar da melhora evidente, a temporada 4 de O Urso não está isenta de problemas. O ritmo continua oscilando, com episódios que se estendem demais em torno de dilemas simples, como a preparação de uma massa ou a resposta a uma mensagem de texto. Em outras palavras: há sabor, mas nem sempre há sustância suficiente para justificar o tempo de tela.
Além disso, o drama romântico continua sendo o calcanhar de Aquiles da série. Claire (Molly Gordon) retorna, mas sua trama com Carmy não avança de forma significativa. A química existe, mas falta direção. Richie (Ebon Moss-Bachrach), por outro lado, continua sendo uma âncora narrativa forte, mesmo sem repetir os grandes momentos da temporada anterior.
Conclusão
A quarta temporada de O Urso funciona como um prato que, embora longe da perfeição, acerta em ingredientes fundamentais: foco, emoção e simplicidade. Ao abandonar os floreios visuais excessivos e se reconectar com suas raízes — a humanidade dos personagens e os dilemas do cotidiano — a série entrega um encerramento (ou quase) digno de sua trajetória.
Se for o fim, termina com dignidade. Se houver uma próxima temporada, que ela venha na mesma linha: menos pirotecnia emocional, mais honestidade narrativa. Porque, no fim das contas, o segredo de qualquer boa cozinha — e de qualquer boa série — está mesmo no equilíbrio.
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Onde assistir à série O Urso?
A novela está disponível para assistir no Disney+.
Trailer da temporada 4 de O Urso (2025)
Elenco de O Urso, do Disney+
- Jeremy Allen White
- Ebon Moss-Bachrach
- Ayo Edebiri
- Lionel Boyce
- Liza Colón-Zayas
- Abby Elliott
- Matty Matheson