
Foto: Netflix / Divulgação
A trajetória da família Broto atravessa décadas de televisão e cinema na Indonésia, mas encontra na série da Netflix um novo espaço para florescer — e também se confrontar com as dores de uma era contemporânea. “Losmen Bu Broto: A Série” é mais do que uma continuação do filme aclamado de 2021; é um mergulho íntimo nas relações intergeracionais, nas tensões entre passado e futuro e nos pequenos dilemas que tornam a vida comum tão extraordinária.
Ambientada na vibrante Yogyakarta, a série abraça o calor do cotidiano e os dilemas profundos que habitam cada canto da icônica pensão da família Broto.
Sinopse da série Losmen Bu Broto (2025)
A minissérie acompanha os desafios enfrentados pela família Broto na condução de sua pousada tradicional, a “Losmen Bu Broto”, em Yogyakarta. O casal Pak e Bu Broto ainda é o pilar do negócio, mas o foco da narrativa recai sobre a nova geração: Pur, a filha mais velha, mergulhada na cozinha e na dor da perda; Sri, aspirante a cantora que vive dividida entre sonhos e responsabilidades; e Tarjo, o filho caçula que quer modernizar o negócio, mas se vê sempre em conflito com a tradição.
A chegada de uma hóspede especial, Anna, traz reviravoltas emocionais, especialmente quando ela se envolve romanticamente com Tarjo, ameaçando desestabilizar os delicados laços familiares. Ao longo dos oito episódios, segredos, frustrações e afetos emergem sob o teto da Losmen, enquanto os personagens lutam para encontrar seu lugar no mundo.
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Crítica de Losmen Bu Broto, da Netflix
“Losmen Bu Broto: A Série” carrega um enorme peso histórico e emocional. Para o público indonésio, trata-se de um reencontro com personagens que marcaram época. Para o público internacional, é uma oportunidade rara de acessar uma narrativa local rica em valores universais.
A escolha da Netflix por expandir a franquia demonstra uma estratégia inteligente: conservar o tom acolhedor do original enquanto se aprofunda nas complexidades humanas da atualidade. A figura de Tarjo, agora interpretado com sensibilidade por Baskara Mahendra, representa essa transição — de uma juventude que deseja transformação, mas ainda busca validação e pertencimento.
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A força dos pequenos gestos e silêncios
A série acerta ao apostar na construção emocional em momentos cotidianos e sem estardalhaço. Seja no luto silencioso de Pur ou na frustração contida de Sri diante de um casamento desgastado, há uma humanidade sincera nos conflitos.
A interação entre os irmãos, ainda que não tenha a mesma força dramática do filme, mostra nuances importantes de como laços se constroem mais no silêncio do que nas grandes cenas. Os melhores episódios são aqueles que permitem que essas relações floresçam organicamente, sem a necessidade de diálogos explicativos ou trilhas dramáticas excessivas.
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O ‘amor proibido’ como motor dramático — e risco criativo
O arco central do romance entre Tarjo e Anna é, ao mesmo tempo, um dos aspectos mais ousados e mais frágeis da série. A proposta de explorar uma relação com diferença de idade e status conjugal poderia ter sido uma oportunidade para aprofundar questões sociais e morais. No entanto, a condução desse enredo carece de consistência narrativa.
Anna, apresentada como uma mulher firme e independente, sofre uma transformação abrupta ao longo dos episódios, tornando suas motivações menos críveis. O tom melancólico e contido de seus momentos iniciais cede espaço a atitudes incoerentes, que enfraquecem a densidade emocional que a personagem poderia alcançar.
A estética da TV tradicional: charme ou limitação?
Visualmente, a série remete mais a uma novela de TV tradicional do que a um drama premium de streaming — o que pode dividir opiniões. A fotografia é funcional, mas pouco ousada. A trilha sonora exagera nos momentos melodramáticos e desaparece quando o silêncio poderia ser preenchido com sutileza. Por outro lado, a ambientação cultural de Yogyakarta é encantadora.
A série brilha quando permite que a cidade fale: nos sabores da culinária, nas paisagens que moldam o cotidiano dos personagens, e nos rituais que revelam uma Indonésia ainda pouco vista nas produções globais. A pousada, por si só, é um personagem — quente, viva e cheia de histórias entre suas paredes.
A ausência sentida e os caminhos narrativos escolhidos
A ausência de Maudy Ayunda e Putri Marino, que brilharam no filme de 2021, é sentida especialmente nos momentos em que a série tenta reinventar a dinâmica entre os irmãos. Segundo os produtores, a decisão foi criativa e planejada, com foco no desenvolvimento de Tarjo.
Apesar da justificativa coerente, a ausência das personagens femininas mais marcantes do longa tira parte do magnetismo que sustentava o enredo anterior. Ainda assim, a participação contínua de Mathias Muchus, agora como Pak Broto (e anteriormente como Tarjo nos anos 80), confere um tom metanarrativo tocante, que reforça a longevidade e profundidade dessa saga familiar.
Conclusão
“Losmen Bu Broto: A Série” não é uma obra perfeita — tropeça na condução de certos personagens, adota uma estética que pode soar datada e por vezes parece hesitar entre tradição e modernidade. No entanto, seu valor está na honestidade com que retrata a vida comum e seus conflitos mais íntimos.
Ao entrelaçar tradição javanesa, laços familiares e dilemas contemporâneos, a série entrega uma experiência cultural rica, humana e emocionalmente ressonante. Para fãs de dramas familiares e para curiosos pelo universo indonésio, vale a visita à pousada da família Broto. Pode não ser uma estadia luxuosa, mas certamente é acolhedora.
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Onde assistir à série Losmen Bu Broto?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Losmen Bu Broto: A Série (2025)
Elenco de Losmen Bu Broto: A Série, da Netflix
- Mathias Muchus
- Maudy Koesnaedi
- Ayushita
- Baskara Mahendra
- Febby Rastanty
- Marthino Lio
- Wulan Guritno
- Sisca Saras
- Indra Birowo
- Erick Estrada