Em meio ao crescimento exponencial da cultura pop sul-coreana, o anime “Separados pelas Estrelas”estreia na Netflix como um marco: trata-se do primeiro longa-metragem animado coreano original da plataforma. A produção não apenas aposta em uma narrativa romântica envolvente com toques de ficção científica, mas também inaugura uma nova fase para o país no cenário da animação adulta internacional.
Dirigido por Han Ji-won, conhecida por seu olhar sensível sobre emoções humanas e pela estética refinada em 2D, o filme propõe um retrato intimista e visualmente deslumbrante de um amor que floresce entre arranha-céus futuristas e a imensidão do espaço.
Sinopse do anime Separados pelas Estrelas (2025)
Na Seul de 2050, Nan-young é uma jovem astronauta determinada a seguir os passos da mãe, pioneira em uma missão a Marte que terminou tragicamente. Após falhar em um teste crucial, sua trajetória parece incerta — até que conhece Jay, um músico desiludido que trocou os palcos por uma loja de equipamentos de áudio antigos. A conexão entre os dois surge ao redor de um antigo toca-discos, herança emocional da mãe de Nan-young.
O romance entre eles se desenvolve com delicadeza e ganha profundidade quando Nan-young recebe uma nova oportunidade de embarcar na tão sonhada missão marciana. Dividida entre o amor e sua vocação, ela e Jay precisarão enfrentar o maior desafio de todos: a distância de 225 milhões de quilômetros.
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Crítica do filme Separados pelas Estrelas, da Netflix
“Separados pelas Estrelas” se destaca desde os primeiros minutos por seu visual etéreo e meticulosamente construído. Han Ji-won combina com maestria elementos retro com futurismo — toca-discos, fitas cassete e guitarras convivem harmoniosamente com hologramas e carros voadores. A Seul de 2050 parece viva, habitada, pulsante, e sua estética “retro-cyberpunk” oferece mais do que estilo: serve de espelho para os temas centrais do filme.
O uso de animação tradicional em 2D, com toques pontuais em 3D, imprime uma beleza singular ao longa. A paleta de cores se transforma ao longo da história — azuis suaves para os momentos introspectivos, vermelhos vibrantes para o clímax emocional —, atuando quase como um personagem adicional. Esse cuidado visual remete ao cinema de autores como Makoto Shinkai e Mamoru Hosoda, mas sem perder a identidade coreana, que permeia cada cena, música e referência cultural.
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Personagens falhos, humanos e cativantes
Nan-young, dublada com intensidade por Kim Tae-ri, é uma protagonista cuja força não se sobrepõe à vulnerabilidade. Sua jornada é de perdas, decepções e redescoberta, e o roteiro acerta ao não romantizar suas escolhas. Jay, vivido por Hong Kyung, é igualmente complexo: um artista que perdeu a fé em si mesmo, mas que reencontra propósito através da conexão com Nan-young. Juntos, eles formam um casal realista, com momentos de ternura e conflitos sinceros.
Diferente de romances convencionais, o filme evita mal-entendidos forçados ou separações melodramáticas. Em vez disso, aposta no diálogo e na escuta como ferramentas de resolução. As cenas em que o casal compartilha silêncio, música ou simplesmente repara um objeto são algumas das mais poderosas do longa — e talvez as mais humanas.
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Amor e ambição: uma colisão inevitável
A grande força narrativa de “Separados pelas Estrelas” reside no dilema central que guia seus protagonistas: como conciliar sonhos individuais com um relacionamento afetivo profundo? O roteiro navega essa questão com maturidade, sem oferecer respostas fáceis. Ao contrário, deixa o público refletindo sobre o que estamos dispostos a sacrificar por amor — e o que precisamos preservar para não perdermos a nós mesmos.
O simbolismo do toca-discos, que une passado, memória e som, funciona como fio condutor entre os mundos distintos de Nan-young e Jay. Enquanto ela mira Marte, ele ouve o mundo com os ouvidos voltados para trás. O contraste, porém, nunca é apresentado como oposição. Pelo contrário: é a intersecção entre esses dois universos que torna o relacionamento deles possível — e belo.
Música como elo entre mundos
A trilha sonora é mais do que um pano de fundo: é parte essencial da narrativa. Desde as composições assinadas por artistas coreanos contemporâneos até o tema “Bon Voyage”, interpretado por Kim Taehyung (V, do BTS), a música expressa o que os personagens às vezes não conseguem verbalizar. Jay é definido por sua relação com o som; Nan-young se conecta a sua mãe e ao passado através das músicas deixadas para trás. O amor entre eles nasce, literalmente, de uma melodia.
A dublagem coreana, em especial, transmite nuances emocionais com delicadeza. A versão em inglês, embora competente, carece da mesma profundidade interpretativa, especialmente nas canções. É recomendável assistir ao filme no áudio original para melhor absorver sua carga afetiva.
Conclusão
“Separados pelas Estrelas” é uma joia rara na animação contemporânea. Com uma história comovente, uma estética deslumbrante e personagens que tocam pela autenticidade, o longa não apenas inaugura uma nova fase para o cinema de animação sul-coreano, como também oferece uma reflexão universal sobre amor, sonho e perda.
O filme não precisa de grandes reviravoltas ou cenas de ação espetaculares para emocionar — ele confia na força dos gestos simples, das palavras sinceras e dos pequenos silêncios compartilhados. Ao fazer isso, entrega ao público uma experiência inesquecível e intimamente humana.
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Onde assistir ao anime Separados pelas Estrelas?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Separados pelas Estrelas (2025)
Elenco de Separados pelas Estrelas, da Netflix
- Kim Tae-ri
- Hong Kyung
- Kang Koo-han
- Ahn Young-mi
- Sharon Kwon
- Yun A-yeong
- David John Robbins
- Jang Mi