Covid, hormônios e frigobares: ‘Viagem de Formatura – Mallorca’ tenta ser mais do que é
Lançado pelo Prime Video, o filme “Viagem de Formatura: Mallorca” parte de um evento real ocorrido em 2021, quando um grupo de estudantes espanhóis foi forçado a cumprir quarentena em um hotel durante uma viagem escolar.
Transformar esse episódio caótico em uma comédia juvenil soa, à primeira vista, como uma ideia inusitada — e ousada. Dirigido por Paco Caballero e roteirizado por Eric Navarro e Natalia Durán, o longa tenta conciliar humor escrachado com crítica social.
Em tempos de saturação de narrativas adolescentes importadas dos Estados Unidos, o filme espanhol busca traduzir a experiência da geração Z em território ibérico. Há excessos, conflitos e rebeldia, mas também há tentativa de dar profundidade a personagens que encaram o futuro com desconfiança, frustração e certo desânimo.
No entanto, ao tentar abraçar muitos temas de uma só vez — desde o hedonismo juvenil até questões como meritocracia e identidade — o filme acaba se perdendo no tom. A promessa de uma comédia sem freios se dilui em uma proposta de drama social que nem sempre se sustenta.
Ainda assim, “Viagem de Formatura: Mallorca” encontra alguns momentos de brilho, sobretudo quando deixa de lado o discurso e aposta no absurdo da situação, permitindo que seus jovens protagonistas explorem o caos como forma de expressão.
Sinopse do filme Viagem de Formatura – Mallorca (2025)
O ano é 2021. Após meses de isolamento social e ensino remoto, um grupo de estudantes embarca na tão aguardada viagem de formatura para Mallorca, na Espanha. A expectativa é clara: festas, liberdade e experiências inesquecíveis antes de ingressarem na vida adulta. No entanto, tudo muda quando um surto de COVID-19 atinge a região.
As autoridades impõem um confinamento imediato, obrigando mais de 50 jovens a permanecerem trancados em um hotel, acompanhados apenas de duas professoras. Com os planos frustrados, os estudantes transformam o isolamento forçado em um campo de batalha emocional e geracional: festas improvisadas, pequenas rebeliões, tensões românticas e conflitos com a autoridade.
Ao mesmo tempo em que tentam lidar com o tédio e a frustração, os adolescentes também se veem confrontados com questões existenciais: e agora, o que vem depois do colégio? O filme intercala cenas de humor escrachado com tentativas de reflexão sobre a juventude pós-pandemia e seu lugar num mundo que parece exigir demais e oferecer pouco.
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Crítica de Viagem de Formatura – Mallorca, do Prime Video
Paco Caballero acerta ao estabelecer o tom cômico logo nos primeiros minutos do filme. A professora excêntrica vivida por Yolanda Ramos rouba a cena sempre que aparece, oferecendo momentos de leveza e ironia que ajudam a inserir o espectador na dinâmica absurda da trama. Há ainda bons acertos pontuais no elenco jovem, com destaque para Diego Garisa (Mario) e o carismático bromance entre Benja (Martí Cordero) e Toto (Aiden Botía).
O filme brilha quando se assume como o que realmente é: uma comédia sobre jovens confinados, entediados e inconsequentes. As cenas de festas improvisadas, invasões aos frigobares e os registros caseiros feitos com celulares funcionam bem, conferindo frescor e dinamismo à narrativa.
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Tentativa de crítica social soa forçada
Se no humor o filme encontra terreno fértil, no drama ele patina. As tentativas de inserir discursos densos sobre frustrações da juventude, meritocracia, identidade e crise geracional acabam sendo superficiais.
Quando os personagens ensaiam revoltas existenciais ou confrontam simbolicamente o sistema, o roteiro falha em construir diálogos naturais ou situações verossímeis. O resultado são falas que soam artificiais e desconectadas da realidade vivida pelos próprios adolescentes retratados.
Berta Castañé, como Gala, é quem mais se aproxima de um momento genuinamente dramático, mas sua jornada emocional demora a se desenrolar e, quando finalmente explode, o impacto é diluído pela falta de consistência anterior.
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Representatividade geracional e apelo visual
A intenção de fazer um retrato geracional é clara. A narrativa explora bem os arquétipos juvenis — a insegura, o líder, o rebelde, a amiga romântica —, enquanto coloca os adultos em uma posição de controle desmoronando. As duas professoras funcionam como contraponto cômico e dramático, representando uma geração que também está perdida, mas finge ter as rédeas da situação.
Visualmente, o filme aposta numa estética que remete aos vídeos de TikTok e Reels, com cortes rápidos, uso de tela dividida e registros verticais, o que dialoga com o público jovem. A trilha sonora moderna, de Clara Aguilar, ajuda a manter o ritmo, embora o excesso de estilos visuais crie uma montagem por vezes desorganizada e cansativa.
Conclusão
“Viagem de Formatura: Mallorca” é uma comédia adolescente com alma espanhola e pretensões globais. Parte de uma ideia criativa — transformar um confinamento real em um festival de caos juvenil — e acerta quando se mantém fiel ao absurdo cômico da situação.
Porém, sua tentativa de tocar temas profundos sobre uma juventude desiludida acaba sendo atropelada por diálogos artificiais e personagens que não evoluem o suficiente para sustentar esse peso.
Mesmo assim, o filme entretém, diverte em vários momentos e pode ressoar com quem viveu a juventude em meio à pandemia. Para o público certo — jovens que se identificam com a mistura de frustração e irreverência — pode funcionar como uma cápsula de memória recente.
Mas, para quem espera um retrato mais profundo das angústias de uma geração, “Viagem de Formatura: Mallorca” é como uma festa que promete muito, começa animada, mas termina antes do auge.
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Onde assistir ao filme Viagem de Formatura – Mallorca?
O filme está disponível para assistir no Amazon Prime Video.
Trailer de Viagem de Formatura – Mallorca (2025)
Elenco de Viagem de Formatura – Mallorca, do Prime Video
- Bertá Castañé
- Claudia Roset
- Martí Cordero
- Aiden Botia
- Sara Vidorreta
- Diego Garisa
- Nadia Vilaplana
- Carolina Rubio
- Yolanda Ramos
- María Esteve
Sobre o autor
