‘Deadpool e Wolverine’ diverte apelando para nostalgia e fan service
Wilson Spiler15/11/20243 Mins de Leitura22 Visualizações
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Desde a aquisição da Fox pela Disney em 2019, a integração dos mutantes no Universo Cinematográfico Marvel (UCM) era aguardada com ansiedade pelos fãs. Contudo, o caminho tomado pelo estúdio foi o do multiverso, um recurso narrativo tanto fascinante quanto problemático.
“Deadpool e Wolverine”, dirigido por Shawn Levy, que acaba de chegar ao Disney+, surge como uma promessa de resgatar personagens icônicos e estabelecer uma ponte entre o legado da Fox e o futuro do UCM. Mas será que essa aposta alcança o equilíbrio entre fan service e história coesa?
Após os eventos de “Deadpool 2”, Wade Wilson (Ryan Reynolds) usa o dispositivo de viagem no tempo de Cable para saltar para a linha do tempo sagrada da Marvel, a Terra-616. Rejeitado pelos Vingadores, Wade se isola, até ser recrutado pela Autoridade de Variância Temporal (AVT) para capturar uma variante do Wolverine (Hugh Jackman).
Este Logan, diferente do que conhecemos, carrega cicatrizes de seu universo, culpando-se pelo fim dos X-Men. Juntos, Wade e Logan embarcam em uma missão improvável para salvar seus mundos, enfrentando ameaças enquanto navegam em uma trama que mistura sacrifício, redenção e, claro, muito sarcasmo.
Deadpool & Wolverine é, antes de tudo, uma celebração do legado da Fox. Ryan Reynolds e Hugh Jackman lideram uma aventura que mescla comédia, ação e nostalgia, mas frequentemente tropeça em sua tentativa de ser mais do que uma colagem de referências.
A química entre os protagonistas é o ponto alto do filme, com Reynolds entregando a verborragia típica de Deadpool e Jackman explorando uma versão cômica, ainda que caricata, de Wolverine.
Roteiro limitado
O roteiro, assinado por cinco escritores, incluindo Reynolds, não esconde suas limitações. A trama central, envolvendo a AVT e a destruição iminente do universo de Wade, é fina como papel, servindo apenas como um pano de fundo para participações especiais e piadas metalinguísticas.
Por vezes, a quebra da quarta parede é usada de maneira excessiva, transformando o humor autorreferencial em um recurso para mascarar problemas narrativos.
Para agradar fãs
No entanto, é inegável que o filme sabe como agradar os fãs. Participações como a de Chris Evans revisitando seu papel como Tocha Humana e referências ao passado da Marvel arrancam risadas e aplausos.
A ação é visceral e estilizada, mas não tão inventiva quanto poderia ser. Shawn Levy entrega um trabalho funcional, mas sem a criatividade de diretores como Tim Miller ou David Leitch, responsáveis pelos filmes anteriores do Mercenário Tagarela.
Excesso de nostalgia e fan service
Há momentos genuinamente hilários e cenas marcantes, como a profanação do túmulo de Logan e as interações entre os protagonistas. Contudo, a dependência excessiva de nostalgia e fan service reduz o impacto emocional do filme.
Em vez de construir algo novo, Deadpool e Wolverine parece mais interessado em revisitar o passado, deixando pouco espaço para o desenvolvimento dos personagens ou a expansão do UCM.
Deadpool & Wolverine não é a revolução que muitos esperavam para o Universo Marvel, mas um espetáculo nostálgico que sabe como agradar sua audiência.
Entre piadas obscenas, lutas sangrentas e homenagens ao legado da Fox, o filme entrega diversão garantida para os fãs de longa data, ainda que sacrifique uma narrativa mais coesa e original.
É um lembrete caótico, porém carismático, de que a Marvel Studios ainda tem muito a aprender sobre como equilibrar passado e futuro.
Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.