No vasto universo dos doramas, é comum que a recepção do público e da crítica nem sempre caminhem juntas. “Derretendo Pouco a Pouco” (Melting Me Softly) é um exemplo perfeito desse desencontro. Lançado em 2019 e marcando o retorno triunfal de Ji Chang-wook após o serviço militar, o dorama – que já estava no Viki e chega agora ao Globoplay – conquistou o coração de muitos fãs com sua premissa inusitada e romance caloroso.
Apesar disso, “Derretendo Pouco a Pouco” foi alvo de críticas severas e classificações consideradas injustas. Para alguns, foi uma decepção; para outros, um tesouro subestimado. Esta crítica busca mergulhar nas camadas da série, avaliando seus pontos fortes e fracos, e defendendo o que a torna, para muitos, uma experiência leve e cativante.
Sinopse
Em 1999, o audacioso produtor de TV Ma Dong-chan (Ji Chang-wook) e a destemida participante de meio período Go Mi-ran (Won Jin-ah) aceitam um desafio: participar de um experimento científico de criogenia, ficando congelados por apenas 24 horas. No entanto, um erro catastrófico faz com que eles despertem apenas 20 anos depois, em 2019.
Além de terem que se adaptar a um mundo completamente transformado, eles descobrem uma condição vital: para sobreviver, a temperatura de seus corpos deve permanecer abaixo de 33°C. A partir daí, eles se veem em uma jornada para desvendar o mistério por trás do experimento fracassado, enquanto um romance inesperado e perigosamente “quente” começa a florescer entre eles, desafiando a própria lógica da sua sobrevivência.
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Crítica
O grande mérito de “Derretendo Pouco a Pouco” reside em sua premissa original e refrescante. A ideia de misturar ficção científica (a criogenia) com um romance é um ponto de partida promissor, que convida o público a refletir sobre o que realmente importa na vida e como as mudanças do mundo nos afetam.
A leveza com que a série aborda essa temática — incluindo o choque cultural e tecnológico que os protagonistas enfrentam — é um de seus maiores trunfos, proporcionando momentos de comédia genuína. É impossível não se divertir com a confusão deles ao lidar com smartphones, aplicativos e as novas normas sociais.
No entanto, o que realmente sustenta a trama é a performance do elenco. Ji Chang-wook, em seu primeiro trabalho após o alistamento, entrega uma atuação impecável, demonstrando a profundidade e sinceridade dos sentimentos de seu personagem.
Sua capacidade de transitar entre a comédia, o drama e o romance é cativante. A química com Won Jin-ah, que em seu primeiro drama de destaque mostra uma atuação igualmente sólida, é um dos pilares da série. O casal principal exala uma sintonia que torna o romance crível e, mais importante, gostoso de assistir.
Acertos e deslizes
Apesar da excelente premissa e do carisma do elenco, a série não está isenta de falhas. Uma das críticas mais recorrentes é a exploração superficial do conceito de criogenia. A trama, por vezes, simplifica demais as soluções para os desafios científicos, o que pode frustrar espectadores que esperam um aprofundamento maior na ficção científica.
Além disso, a série peca ao tentar misturar gêneros demais — romance, ficção, comédia, mistério, drama familiar — sem amarrar todos os arcos de forma coesa. Algumas subtramas, como o drama político ou a história bizarra da máfia russa, parecem deslocadas e desnecessárias, desviando o foco da história central.
Outro ponto que gerou debate foi o tratamento de personagens secundários. A série apresenta figuras que poderiam ter sido mais bem desenvolvidas, como o ex-namorado de Go Mi-ran, que para muitos se mantém com um comportamento infantil e irritante.
Por outro lado, o drama consegue construir conexões emocionais fortes, como o relacionamento entre Go Mi-ran e seu irmão, ou a história da primeira namorada de Ma Dong-chan, que apesar de dolorosa, traz uma camada de realismo e nos lembra que “alguém tem sempre que perder”. A atuação de Yoon Se Ah como a ex-namorada, por exemplo, é notável e evoca uma empatia profunda pelo seu sofrimento, tornando o desfecho de sua história particularmente agridoce.
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Um final apelativo, mas insatisfatório
O final de “Derretendo Pouco a Pouco” é um dos pontos mais polêmicos. A conclusão foi apressada e insatisfatória, especialmente depois de um desenvolvimento lento e gradual. A resolução do principal conflito biológico dos personagens é, para alguns, anticlimática, e a falta de cenas mais explícitas do casal expressando seu amor sem limitações frustrou uma parcela do público.
Por outro lado, a filosofia do final pode ser vista como uma reflexão sobre a vida moderna, onde a “procrastinação do casamento” e a busca por um propósito antes da união são temas relevantes, ecoando uma realidade cada vez mais comum entre os jovens coreanos. A resolução do romance, embora feliz, poderia ter sido mais impactante, especialmente considerando a tensão sexual e emocional construída ao longo de toda a série.
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Conclusão
“Derretendo Pouco a Pouco” é, em sua essência, um dorama leve e charmoso. Seus méritos, como a premissa criativa e as atuações magnéticas de Ji Chang-wook e Won Jin-ah, superam as deficiências de um roteiro que, por vezes, se perde em tramas secundárias. A série é um deleite visual, com cenas que ressaltam a beleza dos protagonistas e um ritmo que, apesar de lento em alguns momentos, mantém a audiência engajada.
É uma obra que te faz rir, pensar e torcer pelo casal principal. A decepção de muitos com as críticas negativas é compreensível, pois a série entrega o que promete: um romance cativante, com doses de comédia e um toque de originalidade. Como bem diz o ditado: o lixo de um homem é o tesouro de outro. E para quem se permitiu assistir “Derretendo Pouco a Pouco” de coração aberto, o tesouro foi encontrado.
Onde assistir ao dorama Derretendo Pouco a Pouco?
A série está disponível para assistir no Globoplay e no Viki.
Veja o trailer de Derretendo Pouco a Pouco (2025)
Elenco de Derretendo Pouco a Pouco, do Globoplay e do Viki
- Ji Chang-wook
- Won Jin-ah
- Yun Se-ah
- Kim Won-hae
- Im Won-hee
- Shim Hyung-tak
