Crítica da série Desobedientes, da Netflix (2025) - Flixlândia

‘Desobedientes’: o labirinto da rebeldia e da manipulação

Série é estrelada por Toni Collette

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Após um hiato de mais de dois anos, a aclamada atriz Toni Collette, com seu talento premiado e sua notável versatilidade, está de volta às telinhas em grande estilo. Na minissérie da Netflix, Desobedientes (Wayward), ela mergulha em um universo sombrio e intrigante, que promete ser um dos destaques do catálogo deste semestre.

Criada e estrelada por Mae Martin, conhecida por sua sensibilidade em Feel Good, a produção transita por gêneros distintos, misturando elementos de thriller psicológico, drama adolescente e crítica social, criando um enredo que é ao mesmo tempo envolvente e perturbador.

A série se inspira em obras icônicas como Garota, Interrompida, Corra! e Fargo, construindo uma narrativa que explora a tensão entre gerações, os mecanismos de poder e a luta individual contra sistemas opressivos. É uma jornada que nos leva a um lugar onde a normalidade é apenas uma ilusão, e a sanidade está constantemente à beira do colapso.

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Sinopse

A trama de Desobedientes nos transporta para Tall Pines, uma cidade bucólica e aparentemente idílica em Vermont, que esconde segredos profundos. Nela, o policial Alex Dempsey (Mae Martin), um homem trans em busca de um recomeço com sua esposa grávida, Laura (Sarah Gadon), chega à cidade após um incidente traumático em seu antigo emprego. Laura, ex-aluna da infame Tall Pines Academy, parece ter uma ligação profunda e talvez perigosa com o local.

Sua tranquilidade é abalada quando Alex se depara com duas adolescentes, Abbie (Sydney Topliffe) e Leila (Alyvia Alyn Lind), que estão desesperadas para fugir da Tall Pines Academy, um internato de fachada para jovens “problemáticos”.

As duas, junto a outros estudantes, sofrem sob a autoridade opressora da diretora, a enigmática Evelyn Wade (Toni Collette). A figura da diretora paira sobre a cidade, manipulando e controlando tanto os alunos quanto os adultos. À medida que Alex investiga incidentes estranhos e desaparecimentos, suas suspeitas se voltam para Evelyn e para o sistema por trás da instituição, um labirinto onde nada é o que parece e a única certeza é a manipulação.

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Crítica

Toni Collette é o coração pulsante e a força motriz de Desobedientes. Sua atuação como Evelyn Wade é uma verdadeira aula de maestria, equilibrando o charme de uma guru com a frieza de uma vilã calculista. Collette consegue transmitir uma presença que é ao mesmo tempo acolhedora e assustadora, como um predador que atrai sua presa com a promessa de cura.

O poder de Evelyn não reside apenas na sua autoridade, mas na sua capacidade de manipulação psicológica, fazendo com que seus alunos e ex-alunos a vejam como uma salvadora. A doçura superficial da personagem, com seus abraços longos e conselhos sobre traumas de infância, é um contraste aterrorizante com a brutalidade de seus métodos. É a performance de Collette que dá coerência à série, elevando o roteiro e convencendo o público a acreditar em cada uma das camadas dessa personagem complexa e perturbadora.

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Cena da série Desobedientes, da Netflix (2025) - Flixlândia
Foto: Netflix / Divulgação

O “problema da adolescência” e a indústria lucrativa

A minissérie mergulha de cabeça em uma crítica afiada à chamada “indústria dos adolescentes problemáticos”, um mercado bilionário, especialmente nos Estados Unidos, que se alimenta da angústia de pais e da vulnerabilidade de jovens. A Tall Pines Academy é uma metáfora poderosa dessa indústria, onde a reabilitação é uma fachada para um sistema de controle e doutrinação.

A série questiona a ideia de que a adolescência é um “problema” a ser resolvido, expondo como esses internatos usam métodos questionáveis — que lembram lavagem cerebral e sessões de grupo opressivas — para moldar os jovens à sua vontade. A série mostra o quão tênue é a linha entre a terapia e a tortura, levantando questões sobre a falta de direitos dos menores e o perigo de entregar o controle de suas vidas a instituições obscuras.

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O enigma dos gêneros e a força do elenco

Desobedientes se recusa a se encaixar em uma única caixa. A produção flutua entre um thriller de mistério com toques de terror, um drama adolescente autêntico e uma crítica social. Essa ambiguidade é, ao mesmo tempo, sua maior força e sua maior fraqueza.

Embora o mistério seja intrigante e a ambientação bucólica com um toque de “estranheza” seja cativante, a série tenta fazer tantas coisas que não aprofunda nenhuma delas completamente. Contudo, a inteligência e o carisma de Mae Martin, tanto como criador quanto como ator, infundem calor e humanidade na narrativa.

A performance de Martin como Alex é sutil e envolvente, servindo como uma âncora para o caos que se desenrola. O elenco adolescente, especialmente Sydney Topliffe e Alyvia Alyn Lind, são convincentes em seus papéis, transmitindo a confusão e o medo de suas personagens de maneira crua e real.

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Conclusão

Desobedientes é uma série que provoca, assusta e intriga. Apesar de sua estrutura por vezes inconstante, ela é um suspense envolvente, que mantém o público cativo do início ao fim. O talento do elenco, em particular a atuação magnética de Toni Collette, compensa qualquer inconsistência no ritmo ou na narrativa. A série oferece uma exploração complexa sobre o poder da manipulação, os dilemas da adolescência e a fragilidade da identidade.

É uma experiência visual e emocional que nos convida a questionar a fachada de normalidade em nossas próprias vidas. A história de Tall Pines, um lugar onde a ajuda prometida é na verdade uma prisão disfarçada, ressoa de forma poderosa, nos lembrando que nem sempre as coisas são o que parecem.

Onde assistir à série Desobedientes?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Veja o trailer de Desobedientes (2025)

YouTube player

Quem está no elenco de Desobedientes, da Netflix

  • Mae Martin
  • Toni Collette
  • Sarah Gadon
  • Alyvia Alyn Lind
  • Sydney Topliffe
  • Brandon Jay McLaren
  • Tattiawna Jones
  • Joshua Close
  • Isolde Ardies
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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