
Foto: Globoplay / Divulgação
“Doce Engano” chegou ao catálogo do Globoplay prometendo repetir o sucesso de doramas como O Mundo dos Casados. Com direção de Su Hyun Lee e roteiro de Han Woo-Joo, a série mistura vingança, crime, dilemas morais e uma pitada de humor ácido.
O elenco liderado por Chun Woo-Hee e Kim Dong-Wook reúne rostos conhecidos do k-drama, mas é o roteiro — instável e ambicioso — que se torna o verdadeiro protagonista, para o bem e para o mal.
Sinopse do dorama Doce Engano (2023)
A trama acompanha Ro-Eum (Chun Woo-Hee), uma jovem com memória fotográfica e habilidades geniais, libertada após dez anos de prisão por um crime que não cometeu: o assassinato dos próprios pais.
Ao lado de Moo-Young (Kim Dong-Wook), um advogado emocionalmente sensível, ela inicia uma jornada de vingança contra a Fundação Jeokmok, uma organização criminosa que disfarça seus crimes por trás de uma instituição para crianças superdotadas.
O grupo, formado por ex-vítimas da fundação, se reúne para aplicar golpes complexos e desmantelar um sistema corrupto — tudo sob a constante vigilância do oficial de condicional Go Yo-Han (Yoon Park).
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Crítica da série Doce Engano, do Globoplay
“Doce Engano” começa com personalidade: a quebra da quarta parede, o humor inesperado, os enquadramentos criativos e a inversão de papéis tradicionais — com uma protagonista fria e calculista e um advogado emotivo — dão um frescor que prende o espectador. Os primeiros episódios são envolventes e instigantes, apresentando um universo moralmente ambíguo, com personagens excêntricos e brilhantemente traumatizados.
Mas, a partir do episódio 5, a série tropeça. O ritmo desacelera, os personagens parecem estagnados e o roteiro se perde em explicações arrastadas. A narrativa se torna excessivamente dependente de diálogos expositivos — muitas vezes dirigidos diretamente ao público — o que revela certa insegurança na condução do enredo. A quebra da quarta parede, antes charmosa, passa a parecer um artifício forçado para cobrir falhas de construção narrativa.
Entre os episódios 5 e 10, há um esvaziamento dramático. A ação dá lugar a longos flashbacks, e o suspense perde força. Algumas subtramas — como a do oficial Go Yo-Han e da psicóloga Mo Jae In — são promissoras, mas não recebem o desenvolvimento necessário.
A volta por cima e o final recompensador
A partir do episódio 12, “Doce Engano” reencontra sua essência. A tensão volta a crescer, os golpes são bem articulados e a crítica social ganha profundidade. A série levanta dilemas importantes sobre justiça, vigilância, marginalização e o que acontece com os excluídos do sistema. É quando a história finalmente entrega o que prometia: um thriller envolvente e provocador.
O final é surpreendentemente satisfatório. Ainda que a execução tenha sido desequilibrada, os arcos se fecham com coerência, e o desfecho é capaz de reparar — ao menos parcialmente — os desvios da trama no miolo da temporada.
Personagens potentes, mas nem sempre bem utilizados
Chun Woo-Hee está magnética como Ro-Eum. Sua frieza e inteligência fazem da personagem uma anti-heroína intrigante. Já Kim Dong-Wook, embora competente, entrega uma performance apagada, repetindo tiques de outros papéis e sem conseguir explorar todo o potencial emocional do advogado Moo-Young.
Os coadjuvantes, como Da Jeong (a hacker introspectiva), Na-Sa (o engenheiro instável) e Ring-Go (o apaixonado inconsequente), funcionam bem como peças do tabuleiro, ainda que alguns fiquem subaproveitados. O policial Go Yo-Han, vivido por Yoon Park, é um destaque inesperado, trazendo leveza e ambiguidade moral à narrativa.
Mais impacto em menos episódios?
É inegável: “Doce Engano” poderia ter sido mais eficaz com 12 episódios. O excesso de conteúdo no meio da temporada compromete o impacto geral. Ao tentar abraçar drama psicológico, crítica institucional, comédia sarcástica e ação policial, a série muitas vezes se perde em seu próprio labirinto narrativo.
Ainda assim, a complexidade dos temas — como a luta por pertencimento, o trauma infantil e a ética da vingança — dá estofo ao drama. Quando a série acerta, acerta em cheio.
Conclusão
“Doce Engano” é um dorama de extremos. Oscila entre momentos de genialidade e trechos de marasmo narrativo. Começa como uma série afiada e cheia de estilo, mergulha em um período confuso e, por fim, ressurge com força e entrega uma conclusão digna.
Apesar das falhas de ritmo e estrutura, é uma produção corajosa, que desafia o espectador a refletir sobre justiça, empatia e os limites da moralidade. Para quem tem paciência de atravessar os altos e baixos, a recompensa chega — ainda que tardiamente.
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Onde assistir ao dorama Doce Engano?
A série está disponível para assistir no Globoplay.
Trailer de Doce Engano (2023)
Elenco de Doce Engano, do Globoplay
- Chun Woo-hee
- Kim Dong-wook
- Yoon Park
- Park So-jin
- Lee Hae-young
- Kim Jeong-yeong
- Lee Yeon
- Yoo Hee-je
Ficha técnica da série Doce Engano
- Título original: Delightfully Deceitful / Beneficial Fraud
- Gênero: drama, policial
- País: Coreia do Sul
- Temporada: 1
- Episódios: 16
- Classificação: 14 anos