Dando continuidade à série “Monstro”, a Netflix chega com a terceira temporada contando a história de Ed Gein, e o Flixlândia vai destrinchar a história real desse novo personagem que promete chocar os assinantes do streaming nas próximas semanas.
Quem foi Ed Gein: a história real do assassino
No ano de 1957, uma pacata cidade rural em Wisconsin foi abalada por crimes tão horrendos que pareciam ter saído diretamente da mais sombria ficção. Edward Theodore Gein, mais conhecido como Ed Gein ou o “Carniceiro de Plainfield”, era um homem recluso e tímido que chocou os Estados Unidos com assassinatos, violação de sepulturas e a criação de artefatos grotescos feitos com restos humanos.
Embora frequentemente citado ao lado de assassinos em série notórios como Ted Bundy, Gein não é considerado um serial killer no sentido clássico. Sua notoriedade não se deve à quantidade de vítimas (ele foi formalmente ligado a apenas dois assassinatos), mas sim aos atos macabros que transformaram sua fazenda em uma “casa de horrores”.
A obsessão doentia de Gein pela mãe falecida e as descobertas feitas em sua propriedade mudaram para sempre a cultura pop, servindo de inspiração para personagens icônicos como Norman Bates (Psicose), Leatherface (O Massacre da Serra Elétrica) e Buffalo Bill (O Silêncio dos Inocentes).
A infância abusiva e a sombra de Augusta Gein
Edward Theodore Gein nasceu em 27 de agosto de 1906, em La Crosse, Wisconsin. Sua infância foi marcada por uma família desestruturada e um isolamento opressor. Seu pai, George Gein, era alcoólatra e, embora fosse violento quando bebia, a figura mais tirânica do lar era sua mãe, Augusta Gein.
Augusta Gein era uma mulher fanática religiosa, dominadora e abusiva. Ela incutiu nos filhos, Ed e Henry, que o mundo era um lugar imoral e pecaminoso. Augusta acreditava que todas as mulheres, exceto ela própria, eram “naturalmente prostitutas e instrumentos do diabo”. Ela isolava os filhos do convívio social, mantendo-os ocupados com tarefas na fazenda isolada de Plainfield, cultivando neles uma dependência sufocante.
Ed Gein idolatrava Augusta, e essa dinâmica complexa contribuiu para o desenvolvimento de uma obsessão doentia, levando-o a uma incapacidade emocional de se desligar da mãe.
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O que aconteceu com a Família Gein?
O pai de Ed, George, morreu de ataque cardíaco em 1940. Embora a família não demonstrasse tristeza, a morte modificou a vida dos irmãos, que tiveram que assumir a responsabilidade pela fazenda enquanto a mãe controlava suas vidas.
Ed Gein matou o irmão Henry?
Em 1944, a vida de seu irmão mais velho, Henry Gein, foi brutalmente interrompida. Henry estava preocupado com a influência destrutiva de Augusta sobre Ed e tentava ajudar o irmão a se libertar, chegando a criticar abertamente a mãe.
Henry morreu durante um incêndio florestal ou na vegetação pantanosa da fazenda. Embora a causa oficial da morte tenha sido asfixia por inalação de fumaça, o caso gerou suspeitas. Henry foi encontrado de bruços e sem queimaduras de fogo.
Além disso, nenhuma explicação convincente foi dada para hematomas descobertos na parte de trás de sua cabeça. Embora alguns acreditem que Ed Gein tenha assassinado Henry para ficar sozinho com a mãe, a verdade nunca foi comprovada, e a polícia descartou a possibilidade de crime, considerando a morte um acidente. No entanto, após este evento, Ed teve a mãe só para ele.
Augusta sofreu um derrame em 1945, o que a deixou gravemente incapacitada. Ed dedicou-se a cuidar dela até sua morte, em dezembro de 1945, aos 67 anos. Ed ficou devastado, sentindo-se “absolutamente sozinho no mundo”.
Crimes macabros: o roubo de túmulos e os artefatos de horror
A morte de Augusta foi o catalisador que levou Gein a um profundo isolamento e morbidez. Ele trancou o quarto da mãe para que ficasse intocado e eternizado. Sem a figura central de sua vida, Ed mergulhou em fantasias mórbidas, passando a ler enciclopédias médicas, livros de anatomia, romances de horror, revistas pornográficas e relatórios sobre experimentos de guerra nazistas.
A perturbação profunda o levou a cometer o crime de violação de sepulturas. Entre 1947 e 1952, Gein fez pelo menos 40 visitas noturnas a três cemitérios, desenterrando corpos femininos recém-enterrados, que ele escolhia por se parecerem com sua mãe. Ed usava a pele e os ossos desses cadáveres para criar uma macabra coleção de “troféus”.
O roubo de corpos não satisfez seus desejos estranhos, e ele então recorreu ao assassinato.
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Quantas pessoas Ed Gein matou de verdade?
Ed Gein confessou ter assassinado duas mulheres:
1. Mary Hogan: Dona de uma taverna de 54 anos, desaparecida em dezembro de 1954. Fisicamente, ela se parecia muito com Augusta Gein.
2. Bernice Worden: Dona de uma loja de ferragens de 58 anos, assassinada em 16 de novembro de 1957.
O assassinato de Bernice Worden levou à sua prisão em 1957. O filho de Bernice, o delegado xerife Frank Worden, foi à fazenda de Gein após encontrar manchas de sangue na loja da mãe e um recibo de anticongelante com o nome de Ed.
Ao revistar a fazenda, as autoridades encontraram o corpo decapitado e eviscerado de Worden pendurado de cabeça para baixo em um galpão, “vestido como um cervo”. Dentro da casa, o horror se intensificava com as descobertas:
- Máscaras feitas da pele de rostos humanos.
- Uma lixeira e assentos de cadeiras forrados com pele humana.
- Crânios (alguns com o topo serrado, usados como tigelas).
- Um cinto feito de mamilos humanos.
- Um abajur feito da pele de uma face humana.
- Um “traje feminino” completo feito de pele humana, com seios e órgãos sexuais anexados, que ele vestia em uma tentativa de “se tornar sua mãe”.
- A cabeça de Bernice Worden e a pele preservada do rosto de Mary Hogan.
Gein negou ter cometido canibalismo ou ter tido relações sexuais com os corpos, mas admitiu usar os cadáveres para gratificação sexual. Sua motivação era explícita: ele desejava suprir o desejo de se tornar uma mulher e tentava recriar fisicamente a mãe ou exercer controle sobre ela.
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Julgamento, insanidade e morte
Após a prisão, Ed Gein foi inicialmente considerado mentalmente incapaz de ser julgado. Ele foi diagnosticado com esquizofrenia.
Mais de uma década depois, em 1968, ele foi considerado apto para enfrentar o tribunal. Gein foi considerado culpado pelo assassinato de Bernice Worden, mas, devido ao seu diagnóstico de insanidade, foi declarado não culpado por motivo de insanidade.
Ed Gein passou o resto de sua vida em instituições psiquiátricas, incluindo o Central State Hospital for the Criminally Insane (em Waupun) e o Mendota Mental Health Institute (em Madison).
Gein morreu em 26 de julho de 1984, aos 77 anos, devido a insuficiência respiratória e falha cardíaca provocada por câncer. Ele foi enterrado ao lado de sua mãe, Augusta, em um lote não identificado no Cemitério de Plainfield. Sua lápide foi alvo de vandalismo e roubos ao longo dos anos, e hoje o túmulo permanece sem marcação.
O legado no terror: como Gein moldou o horror moderno
A história de Ed Gein e os objetos bizarros encontrados em sua fazenda criaram um intenso fascínio na mídia e na cultura pop. O “Açougueiro de Plainfield” se tornou o modelo para o terror moderno.
Qual a ligação de Ed Gein com Psicose, Leatherface e Buffalo Bill?
A monstruosidade de Gein inspirou três dos vilões mais icônicos do terror:
1. Psicose (1960): O escritor Robert Bloch inspirou-se nos crimes de Gein para criar o protagonista Norman Bates, um assassino que vivia em área rural e tinha uma relação obsessiva com a mãe. Assim como Gein, Bates mantinha o quarto da mãe intacto após sua morte. No filme, Bates se veste com as roupas da mãe, um reflexo do desejo de Gein de criar um “traje feminino” com pele humana para se “tornar ela”.
2. O Massacre da Serra Elétrica (1974): Os crimes de Gein influenciaram diretamente Tobe Hooper na criação de Leatherface. O uso de máscaras feitas de pele humana e a decoração grotesca da casa da família Sawyer, repleta de ossos e móveis macabros, são ecos diretos das descobertas na fazenda de Plainfield.
3. O Silêncio dos Inocentes (1991): O serial killer Buffalo Bill, que sequestrava mulheres para arrancar sua pele e confeccionar um traje feminino completo, foi inspirado em parte pelas ações de Ed Gein.
O caso Ed Gein, ao expor a monstruosidade sob a fachada da normalidade em uma pequena cidade rural, desafiou os limites da sanidade e da segurança e garantiu seu lugar como um dos casos mais inquietantes e eternos da história criminal.