
Foto: Netflix / Divulgação
A parceria entre Leandro Hassum e a Netflix já se consolidou como uma marca registrada das comédias familiares brasileiras na plataforma. Seguindo a trilha de sucessos como Tudo Bem no Natal Que Vem e Meu Cunhado É um Vampiro, “Família, Pero No Mucho” chega para explorar um dos terrenos mais férteis do humor latino-americano: a rivalidade amistosa entre Brasil e Argentina.
Com uma premissa que promete risadas fáceis e um cenário deslumbrante em Bariloche, o filme entrega uma experiência leve e divertida, mas que raramente ousa desviar da rota segura e previsível que o gênero já traçou.
Sinopse
A trama acompanha Otávio (Leandro Hassum), um pai brasileiro superprotetor e um tanto ciumento, que vê seu mundo virar de cabeça para baixo com a notícia do noivado da filha, Mariana (Júlia Svacinna), com o argentino Miguel (Simón Hempe).
Determinado a não “perder” sua filha para um “hermano”, ele embarca com a família para Bariloche, na Argentina, para conhecer os futuros sogros. O que deveria ser uma viagem de celebração rapidamente se transforma em um campo de batalha cômico, onde as diferenças culturais são a principal munição.
Em meio a tombos na neve e um portunhol sofrível, um grande mal-entendido causado por Otávio ameaça não apenas o casamento, mas também a relação de confiança que ele tanto preza com Mariana.
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Crítica
Não há surpresas para quem já conhece o “estilo Leandro Hassum” de fazer humor. O ator mais uma vez encarna o papel do pai de família atrapalhado e exagerado, cujas expressões caricatas e quedas de tom escrachadas são o motor da comédia.
A fórmula funciona e garante o carisma que sustenta o filme, mas também evidencia a sua maior fragilidade: a previsibilidade. O roteiro, co-escrito com a colaboração do argentino Diego, segue uma cartilha de situações já vistas em inúmeras comédias do tipo “encontro de famílias”.
O pai que cria confusão, os sogros que representam um mundo diferente e o inevitável momento de redenção são peças de um quebra-cabeça que o espectador monta sem grande esforço, tornando a jornada divertida, porém sem grandes emoções ou reviravoltas genuínas.
Choque cultural: o ponto alto da trama
Onde o filme realmente acerta é na exploração da rivalidade cultural. As piadas sobre futebol, sotaques e costumes são o combustível para os melhores momentos da produção. Um dos grandes méritos de “Família, Pero No Mucho” é tratar essas diferenças com respeito e leveza, sem jamais descambar para estereótipos ofensivos ou um humor depreciativo.
A presença de um elenco argentino forte, com destaque para Gabriel Goity e Mariela Pizzo como os pais de Miguel, cria um contraponto genuíno e talentoso ao núcleo brasileiro. A química entre os atores de ambas as nacionalidades é palpável, e o timing cômico afiado de ambos os lados enriquece as cenas de confronto familiar, tornando a dinâmica crível e engraçada.
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Direção e estética: um cartão-postal de Bariloche
A direção de Felipe Joffily é ágil e competente, mantendo um ritmo que valoriza a comédia e não deixa a peteca cair. A decisão de utilizar enquadramentos mais abertos nas cenas em Bariloche é um acerto estético notável. As paisagens geladas da Patagônia não servem apenas como um belo pano de fundo, mas também para enfatizar a pequenez dos dramas pessoais diante da imensidão do mundo.
A fotografia explora bem os cenários, criando um contraste visual interessante entre o frio argentino e o calor das interações familiares. A trilha sonora multicultural embala a narrativa com leveza, complementando a atmosfera descontraída que o filme se propõe a criar, ainda que sem grandes ousadias visuais. O filme é bonito de se ver, funcionando quase como um convite turístico para a região.
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Conclusão
“Família, Pero No Mucho” cumpre exatamente o que promete: ser uma comédia despretensiosa, ideal para relaxar e dar boas risadas em família. O filme celebra a convivência e a superação de preconceitos com muito carisma e uma pitada de ternura, resolvendo seus conflitos em torno da importância do perdão e da liberdade de escolha.
No entanto, quem busca originalidade, diálogos afiados ou uma trama mais elaborada pode se decepcionar com a forte sensação de “mais do mesmo”. A produção se apoia confortavelmente nos clichês do gênero e no talento cômico de seu protagonista, sem se arriscar em novos caminhos.
No fim das contas, é uma pedida certeira para quem gosta de filmes descomplicados que aquecem o coração, provando que, no fim, os laços de afeto falam mais alto que qualquer rivalidade.
Onde assistir ao filme Família, Pero No Mucho?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Assista ao trailer de Família, Pero No Mucho (2025)
Elenco de Família, Pero No Mucho, da Netflix
- Leandro Hassum
- Julia Svacinna
- Gabriel Goity
- Simón Hempe
- Karina Ramil
- João Barreto
- Mariela Pizzo
- Abril Di Yorio
- Fabio Santiago Israel
- Felippe Sanches