Sinopse do filme Feliz Segunda(s) (2025)
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Crítica de Feliz Segunda(s), da Netflix
Por que Earth ficou preso nesse loop? O ritual foi mesmo o responsável? E o que, exatamente, rompeu o ciclo? Essas perguntas ficam sem resposta, deixando a sensação de que o roteiro, assinado por cinco pessoas, preocupou-se mais com o moralismo final do que com a coesão interna da narrativa. Esse descuido prejudica a suspensão de descrença do espectador.
Do humor despretensioso ao melodrama excessivo
O filme começa bem: é divertido, ágil, com piadas e situações típicas da comédia juvenil. Earth é um anti-herói clássico, desleixado e carismático, que quebra a quarta parede e nos conduz por sua rotina absurda, repleta de pequenas tragédias diárias — fogo, chuva, ser passado para trás pelo rival Tae (Poon Mitpakdee).
No entanto, após o rompimento do loop, o tom muda drasticamente. O que era leve e engraçado torna-se sombrio e melodramático: perseguições, ameaças de agiotas, agressões físicas, exposição pública e uma espiral de culpa e arrependimento.
Esse contraste, típico de algumas produções asiáticas, não é bem equilibrado aqui, tornando o segundo ato excessivamente pesado e arrastado. Os 128 minutos de duração são um fardo, e uma boa parte poderia ter sido enxugada sem prejuízo para a mensagem.
O protagonista e sua difícil redenção
Earth é um personagem que transita da imaturidade absoluta à tentativa de redenção, mas a transição é brusca demais para ser convincente. O roteiro parece querer transformar um irresponsável hedonista em um modelo de responsabilidade e altruísmo, mas o faz sem nuances, quase como se fossem duas pessoas diferentes.
O espectador é levado a acompanhar suas tentativas desastradas de conquistar Saimai, suas escolhas egoístas durante o loop — como trapacear em apostas ou sabotar o rival — e, depois, seu arrependimento forçado quando percebe que as consequências são reais e irreparáveis. O problema é que essa mudança soa artificial, apressada e pouco orgânica.
Personagens carismáticos, mas subaproveitados
Um dos grandes trunfos de “Feliz Segunda(s)” está no elenco. Rak, interpretado com charme por Chatchawit Techarukpong, é o típico amigo leal que, apesar de suas crenças espirituais, serve como âncora racional para Earth. Sua presença é acolhedora e poderia ter sido mais explorada, especialmente na segunda metade do filme, quando se distancia do protagonista após a tragédia com sua namorada.
Já Saimai é uma personagem que desperta dúvidas: teria dado falsas esperanças a Earth ou sempre foi clara quanto à sua falta de interesse? O roteiro não esclarece, mas sua decisão final de seguir a vida ao lado de Tae, partindo para a França, reforça sua autonomia e quebra a ideia clássica da mocinha que espera pelo protagonista.
Reflexões sobre maturidade, mas de forma superficial
No fundo, “Feliz Segunda(s)” quer ser uma parábola sobre crescimento pessoal, responsabilidade e as consequências inevitáveis das escolhas que fazemos. Earth é, simbolicamente, um “Earth” — Terra — que precisa sair do ciclo vicioso da imaturidade e aceitar que o mundo não gira ao seu redor.