[CRÍTICA] Surrealismo brasileiro causa angústia em 'Girassol Vermelho'

Gêneros e estilos de como contar uma história são sempre adaptados à cultura local, mesmo que sua origem seja, por exemplo, a Tchecoslováquia pré-Segunda Guerra. No filme “Girassol Vermelho”, acompanhamos a jornada de Romeu, um homem que toma um trem a um destino desconhecido e passa por situações dignas de “O Processo”, de Kafka.

Porém, a película toma como base outro escritor, Murilo Rubião, conhecido nome do realismo fantástico no Brasil. Com um toque nacional no surrealismo de Kafka, o filme vai além da culpa de inocentes e desorientação do livro do tcheco, e expande para explorar outros sentimentos: religiosidade, luxúria e redenção.

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Sinopse do filme Girassol Vermelho

“Girassol Vermelho” é um filme inspirado em Murilo Rubião, mestre do realismo fantástico brasileiro, sobre a jornada de Romeu, um homem que deixa seu passado, numa busca pela liberdade. Por acaso, ele chega a uma estranha cidade onde um sistema opressor e patético, que não permite questionamentos, o arrasta para uma sequência de interrogatórios e torturas.

Nesse mundo absurdo, Romeu percebe que perdeu seu maior valor: a liberdade. Cheio de dor e fúria, Romeu, delirante, se entrega a uma nova e ainda mais estranha viagem.

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Crítica de Girassol Vermelho (2025)

Romeu, interpretado por Chico Díaz, ao descer do já citado trem, encontra-se perdido em uma cidade ao mesmo tempo meio surrealista e pós-punk: fábricas, fumaça e luzes dão o tom onírico que misturam o sonho e o pesadelo na sua jornada. Ele acaba preso, interrogado e pondera sobre os motivos daquilo

É interessante notar que, mesmo indo para o caminho mais do absurdo e de não-explicações, o roteiro ainda tem resquícios de crítica à opressão realizada no Brasil durante a Ditadura Militar, fazendo uma dobradinha com o Oscarizado “Ainda Estou Aqui”, embora de uma forma singular

As imagens captadas pelo diretor Eder Santos em uma fábrica de cimento desativada são um personagem à parte. A sensação de uma espécie de purgatório retrô-futurista onde não existe mais gentileza ou mesmo sanidade, apenas os sentimentos em estado puro, assustem pois não é muito diferente do mundo contemporâneo.

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Conclusão

Um filme para ser digerido com cuidado, “Girassol Vermelho” mostra a capacidade do cinema brasileiro de ir além dos clichês nacionais, e tenta atingir mais as sensações universais inerente a todo ser humano independente da sua cultura: medo, raiva, arrependimento, e claro, bem no fundo, amor. Pois, afinal, cinema não precisa ser apenas diversão, e pode, e deve, servir também reflexão.