Cena do filme Jogo Sujo, do Prime Video (2025) - Flixlândia (1)

O ladrão que não convence: ‘Jogo Sujo’, de Shane Black, fica aquém do esperado

Filme é estrelado por Mark Wahlberg e LaKeith Stanfield

Foto: Prime Video / Divulgação
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Em uma era dominada por adaptações de games e franquias que buscam se estender até a exaustão, o filme “Jogo Sujo” chega ao catálogo do Prime Video com a promessa de resgatar o charme do cinema de ação-comédia dos anos 1990.

Dirigido por Shane Black, um mestre do gênero que nos brindou com clássicos como Máquina Mortífera e o subestimado Dois Caras Legais, o filme não só se aventura no universo literário de Donald E. Westlake (sob o pseudônimo Richard Stark), mas também tenta emplacar uma nova franquia de assaltos com o carismático, porém inconstante, Mark Wahlberg no papel principal do ladrão Parker.

A produção, que se tornou a nova aposta da Amazon, flerta com o sucesso ao trazer a assinatura de Black, mas se perde em uma execução artificial e em uma escalação problemática, tornando-se, ironicamente, a obra mais esquecível da filmografia do diretor.

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Sinopse

O filme apresenta Parker (Wahlberg), um ladrão experiente que, após um assalto a um banco que parece perfeitamente orquestrado, é traído e quase morto por sua nova parceira, Zen (Rosa Salazar). Movido pela vingança e por um código de honra que parece mais um acessório de roteiro do que uma convicção real, Parker parte em busca de Zen.

Ao encontrá-la, no entanto, ele é levado a um esquema de proporções globais: roubar um tesouro lendário, a “Lady of Arintero”, que está sendo usada por um ditador sul-americano e uma poderosa máfia de Nova York, a The Outfit, em um plano para lavar dinheiro.

Com o objetivo de desestabilizar essa organização criminosa e, de quebra, lucrar milhões, Parker recruta sua antiga equipe, incluindo o hilário e aspirante a ator Grofield (LaKeith Stanfield), em um plano mirabolante de duplas e triplas traições.

A trama se desenrola em uma espiral de assaltos elaborados, perseguições surreais e explosões dignas de videogame, culminando em um confronto final que promete resolver as contas de Parker com o passado e com o crime organizado.

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Crítica

O maior problema de Jogo Sujo reside no seu centro: Mark Wahlberg como Parker. Embora o ator tenha uma carreira sólida de três décadas, ele raramente consegue transcender o papel de “o cara do filme”. Parker, como concebido nos livros, é uma figura enigmática e magnética, alguém cuja presença, mesmo em silêncio, impõe respeito e temor.

Wahlberg, por outro lado, carece desse magnetismo. Em cenas cruciais, onde sua mente supostamente reptiliana deveria estar calculando o próximo passo, sua expressão varia entre a irritação e a distração. Ele é ofuscado por cada ator coadjuvante em cena, um feito notável quando a competição são figurantes.

Essa falha se torna ainda mais evidente nas interações com LaKeith Stanfield. Grofield, o parceiro de Parker, é um personagem vibrante, cheio de vida, cujas motivações artísticas se misturam às criminosas. Stanfield, com sua entrega cômica natural, rouba todas as cenas que compartilha com Wahlberg. A dinâmica, que deveria ser um jogo de “pega e arremessa” entre dois talentos, se torna um monólogo unilateral onde Wahlberg simplesmente parece estar presente no espaço físico da cena.

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Crítica do filme Jogo Sujo, do Prime Video (2025) - Flixlândia (1)
Foto: Prime Video / Divulgação

Roteiro se perde na própria esperteza

O roteiro de Shane Black e seus co-roteiristas, Charles Mondry e Anthony Bagarozzi, é uma salada de “mais é mais”. O filme começa com uma história de vingança, evolui para um plano de assalto complexo e, de repente, se torna uma crítica geopolítica sobre ditadores e a exploração de tesouros nacionais. Essa densidade, que em outras obras de Black seria um trunfo, aqui se torna uma bagunça tediosa.

As camadas de traição se sobrepõem tão rapidamente que o espectador se cansa de tentar acompanhar. Nada parece realmente importar. A morte de parceiros não causa uma reação emocional em Parker, e os planos de milhões de dólares são tratados com um desinteresse quase entediante.

O resultado é um filme que se sente menos como uma adaptação e mais como uma “fan fiction” de luxo. Embora referências aos livros de Westlake estejam espalhadas por toda parte (como a menção à The Outfit e o nome Westlake Group), elas não são suficientes para dar coerência à trama. É como se a produção estivesse mais preocupada em sinalizar sua origem do que em contar uma história envolvente, transformando um universo rico em um amontoado de easter eggs.

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Orçamento de Hollywood com cara de CGI barato

Para um filme com o selo da MGM, a qualidade visual é surpreendentemente decepcionante. Embora as cenas de ação sejam cheias de ambição, com perseguições e explosões que rivalizam com as de Missão: Impossível, a execução técnica é falha. Os cenários supostamente ambientados em Nova York e Nova Jersey parecem artificiais e “esverdeados”, uma consequência de a produção ter sido inteiramente filmada na Austrália.

Os efeitos visuais são um ponto particularmente fraco. Cavalos de corrida que parecem ter saído de um videogame de baixa resolução e carros voando pelo ar de forma “leve” e irreal quebra a imersão do público. É chocante ver uma produção com tantos recursos parecer tão precária, especialmente quando o diretor é conhecido por sua capacidade de criar sequências de ação viscerais e impactantes. É um lembrete do quão importante é o realismo e a física, mesmo em filmes que se permitem exageros.

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Conclusão

Jogo Sujo é, em última análise, um filme frustrante. Para os fãs de Shane Black, é um lembrete agridoce de seu talento inegável para criar diálogos afiados e personagens secundários inesquecíveis, como o ladrão de Jersey, Reggie Riley, ou a viúva de um dos parceiros de Parker, interpretada por Gretchen Mol. A trilha sonora noir de Alan Silvestri também dá um ar de sofisticação que o resto da produção não consegue sustentar.

No entanto, o filme falha onde mais importava: em ser uma adaptação digna da obra de Westlake e um veículo para seu protagonista. A falta de carisma de Mark Wahlberg e a trama excessivamente complicada roubam o brilho que poderia ter transformado Jogo Sujo em um novo clássico.

Embora seja melhor do que a maioria das comédias de ação de streaming, ele está anos-luz dos melhores trabalhos de Black. Em vez de uma experiência memorável, o filme acaba sendo uma prova de que nem todo “time dos sonhos” garante uma vitória, e o único que realmente sai roubado ao final das contas é o próprio espectador.

Onde assistir ao filme Jogo Sujo?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Veja o trailer de Jogo Sujo (2025)

YouTube player

Quem está no elenco do filme Jogo Sujo?

  • Mark Wahlberg
  • LaKeith Stanfield
  • Rosa Salazar
  • Keegan-Michael Key
  • Chukwudi Iwuji
  • Nat Wolff
  • Thomas Jane
  • Tony Shalhoub
  • Claire Lovering
  • Chai Hansen

Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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