A plataforma Filmicca inicia dezembro de 2025 destacando a vasta retrospectiva de Jocelyne Saab e a chegada de obras marcantes. O grande foco do catálogo é a cineasta árabe, considerada uma das vozes mais urgentes e inovadoras do cinema mundial, cujos filmes políticos e íntimos revelam um olhar profundo sobre os conflitos no Líbano, Palestina e Norte da África.
O programa de mês também traz estreias contemporâneas, como a premiada fábula La Chimera (2023), estrelada por Josh O’ Connor, e o perturbador Em Minha Pele (2002), de Marina de Van. O catálogo oferece um panorama diverso de filmes que exploram confrontos políticos, corpos em crise e mitologias reinventadas, apresentando algumas das obras mais radicais do cinema mundial.
Retrospectiva Jocelyne Saab: qual a importância da cineasta árabe?
A retrospectiva de Jocelyne Saab, ampla, rara e historicamente essencial, domina o mês. Jornalista, documentarista e cronista das guerras que definiram o Oriente Médio, sua obra é um mergulho histórico, político e profundamente humano.
Além de Saab, obras de Mario Bava, Derek Jarman, Alam Clarke e Lizzie Borden também chegam para expandir o cinema contemporâneo na plataforma.
Siga o Flixlândia no WhatsApp e fique por dentro das novidades de filmes, séries e streamings
Estreias de dezembro: destaques de Jocelyne Saab e Alice Rohrwacher
Mulheres Palestinas (5/12)
Este filme de Jocelyne Saab de 1974 dá voz às mulheres palestinas, muitas vezes vistas como vítimas esquecidas da guerra Israel-Palestina. A obra foi originalmente encomendada pela emissora Antenne 2 da França, mas foi censurada durante a montagem e nunca exibida publicamente. Uma cópia restaurada foi produzida posteriormente, em 2013, pelo centro de conservação da Cinemateca Portuguesa para uma retrospectiva da diretora em Portugal.

A Frente da Recusa (5/12)
Esta produção de 1975 argumenta que todos os meios são justificáveis na defesa de uma causa política quando a paz se revela impossível. O foco são os comandos suicidas que atuam na fronteira entre os territórios da Palestina e o país que eles se recusam a reconhecer como Israel. Jocelyne Saab foi a primeira jornalista a filmar esses jovens, com idades entre 16 e 20 anos, durante seus treinamentos diários em uma base secreta subterrânea.
Líbano no Meio da Tormenta (5/12)
Lançado em 1975, poucos meses após o Massacre do Ônibus, a obra traça as origens do conflito libanês, que resultou em seis mil mortos e vinte mil feridos. O filme, codirigido com Jörg Stocklin, documenta uma sociedade que se dirige à guerra cantando e expõe um retrato social e político que, segundo os relatos, pouco mudou em mais de cinco décadas. É considerado um documento único sobre a Guerra Civil Libanesa.
Em Minha Pele (5/12)
Dirigido por Marina de Van, o filme perturbador de 2002 acompanha Esther, uma profissional de marketing parisiense que se machuca e descobre a ausência de dor, o que a fascina. Enquanto sua vida profissional e amorosa avança, Esther fica obcecada com a ideia da automutilação e mergulha em uma crise corporal.
O Chicote e o Corpo (12/12)
Este clássico gótico italiano de Mario Bava de 1963 narra a história de Kurt Menliff, um nobre cruel e sádico que retorna ao castelo da família. Menliff havia sido rejeitado no passado por seu pai e volta para reivindicar sua herança.

Regrouping (12/12)
A diretora Lizzie Borden explora a dinâmica de um grupo de mulheres, gravando cenas “artísticas” enquanto entrevista pessoas próximas a elas. Borden questiona se o grupo está, de fato, lidando com questões de sexualidade e política, ou se são apenas amigas. Quando o grupo reagiu negativamente à versão preliminar, Borden incorporou seus argumentos em uma nova versão, filmando grupos maiores comentando tanto a versão original quanto grupos de conscientização em geral.
Retrato de um Mercenário Francês (12/12)
Esta obra de 1975, de Jocelyne Saab e Jörg Stocklin, é o retrato de um mercenário francês trabalhando na Líbia. Ele foi contratado pelas Falanges Libanesas para treinar suas milícias. O filme sugere que a guerra se torna uma vocação para alguns, que veem a morte como apenas parte do trabalho.
Os Filhos da Guerra (12/12)
Poucos dias após um massacre perto de Beirute em 1976, Jocelyne Saab encontrou as crianças sobreviventes e criou um vínculo com elas ao oferecer giz de cera para desenhar. As crianças permitiram que a cineasta filmasse suas brincadeiras violentas, nas quais elas repetem as cenas de horror que testemunharam diante de seus olhos.
Beirute Nunca Mais (12/12)
Em 1976, marcando o início do calvário da cidade, Jocelyne Saab acompanhou por seis meses a destruição diária dos muros de Beirute, utilizando o olhar de uma criança. A cineasta percorria a cidade todas as manhãs, entre 6h e 10h, durante o descanso das milícias após os combates noturnos.
Por Algumas Vidas (12/12)
É o retrato de Raymond Eddé, candidato às eleições presidenciais no Líbano e opositor fervoroso da guerra religiosa. Durante os conflitos de 1975 e 1976, ele e sua equipe buscavam ativamente por pessoas mortas, sem fazer distinção entre cristãos, drusos ou muçulmanos.
Working Girls (19/12)
O filme de 1986, de Lizzie Borden, narra a história de uma lésbica recém-formada na faculdade que trabalha como acompanhante de luxo na cidade de Nova York. Seu objetivo principal é financiar seu próprio negócio de fotografia.

Scum (19/12)
Esta é a controversa adaptação cinematográfica de Alan Clarke (1979) da peça de Roy Minton, estrelada por Ray Winstone. O filme retrata os eventos brutais e violentos que ocorrem em um reformatório governamental, sendo proibido de ser exibido ao público britânico pela BBC.
História de uma Aldeia Sitiada (19/12)
O cessar-fogo de 1976 deu aos Fedayin, militantes palestinos contra a ocupação israelense, a chance de reivindicar um território. No entanto, sírios e israelenses se juntaram para neutralizar essa “força autônoma” palestina, impondo um cerco a duas aldeias fronteiriças libanesas, Hanine e Kfarchouba, antes de atacá-las.
O Saara não está à venda (19/12)
Filmado no coração do deserto em 1977, a obra retrata o conflito entre argelinos e marroquinos em El Aioun, focando na resistência saariana da Frente Polisário. Esta história sem fim continua sendo um dos motivos persistentes de conflito entre a Argélia e Marrocos.
- Netflix estreia ‘Casamento às Cegas: Itália’: conheça os participantes do reality
- Segunda temporada de ‘Fallout’ e estrelas do cinema abrilhantam o dezembro do Prime Video: veja os lançamentos
- ‘Pluribus’ vai ter 2ª temporada? Apple TV faz anúncio sobre a série do criador de ‘Breaking Bad’
Carta de Beirute (19/12)
Jocelyne Saab retorna a Beirute, três anos após o início da guerra civil, durante um período de calmaria, impulsionada pelo desejo de voltar. A cineasta se depara com os estragos físicos, emocionais e psicológicos da guerra, comunicando-se com amigos e pessoas comuns na cidade. Para cadenciar o desenrolar dramático do filme, Saab utiliza a estrutura de uma carta lida em voice off, escrita pela poeta Etel Adnan.
La Chimera (26/12)
A premiada fábula de 2023, de Alice Rohwacher, estrelada por Josh O’Connor, explora a ideia de Quimera: algo que se busca, mas que nunca se consegue encontrar. Para uma gangue de ladrões de objetos funerários e maravilhas arqueológicas, a Quimera é o desejo por dinheiro fácil. Já para o protagonista Arthur, a Quimera se assemelha à mulher que ele perdeu, Beniamina, e ele desafia o invisível em busca de um caminho para a vida após a morte.

Crepúsculo do Caos (26/12)
Dirigido por Derek Jarman, o filme de 1987 reinventa a zona portuária de Londres como um terreno baldio de desespero e terror. A obra apresenta prisioneiros sendo executados e soldados envolvidos em sexo brutal, culminando na revolta extática de Tilda Swinton contra a injustiça. O filme ressoou com aqueles que sentiam profunda consternação em relação às políticas divisivas de Margaret Thatcher e à ascensão das grandes empresas.
Irã, Utopia em Movimento (26/12)
O filme de 1980 questiona a sociedade iraniana como um todo após a queda do Xá e a instauração da República Islâmica. Jocelyne Saab evita o sensacionalismo das notícias, buscando compreender o significado dessa onda de mudanças para o mundo muçulmano.
Os libaneses, reféns de sua cidade (26/12)
Em 1987, Jocelyne Saab filma Beirute após os bombardeamentos israelenses. O foco da obra é mostrar a extensão da destruição e o sofrimento das vítimas da guerra.
Beirute, Minha Cidade (26/12)
O exército israelense sitiou Beirute em julho de 1982. Quatro dias antes, Jocelyne Saab viu sua casa queimar, transformando 150 anos de história familiar em fumaça, o que a levou a questionar como o povo viveu o cerco. A cineasta transforma cada lugar e cada nome em uma lembrança e uma história.
O Navio do Exílio (26/12)
Em 1982, o líder da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), Yasser Arafat, deixou o Líbano a bordo do navio Atlantis, após viver clandestinamente em Beirute. A bordo, ele falou sobre seu destino e o futuro da OLP. A diretora Jocelyne Saab foi a única jornalista com câmera, entre homens e mulheres, autorizada a entrar no navio.
Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo Instagram, X, TikTok e YouTube, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.















