Giselle Costa Rosa O filme “Má Influência”, dirigido por Chloé Wallace, é o mais novo thriller adolescente espanhol que chega ao catálogo da Netflix. Misturando drama, romance e mistério, o longa promete fisgar o espectador com um enredo que une paixão proibida, segredos do passado e tensão constante. Contudo, o que poderia ser um filme intenso e provocador esbarra em escolhas narrativas e estéticas que vão dividir opiniões.
Com um elenco que traz rostos conhecidos da plataforma – como Enrique Arce (La Casa de Papel) e Mirela Balić (Elite) –, o filme tenta equilibrar o apelo comercial com a ambição artística. Mas será que consegue?
Sinopse do filme Má Influência (2025)
Reese Russell (Eléa Rochera) é uma jovem rica, acostumada ao luxo e à previsibilidade. Tudo muda quando ela passa a receber ameaças anônimas que colocam sua vida em risco. Preocupado, seu pai (Bruce, interpretado por Enrique Arce) contrata um novo guarda-costas: Eros Douglas (Alberto Olmo), um ex-detento de passado nebuloso, sem vínculos, mas com um forte senso de proteção.
O que começa como uma relação de desconfiança se transforma em uma paixão intensa entre dois mundos opostos. O romance entre Reese e Eros, no entanto, não será fácil: entre perseguições, revelações e traumas do passado, os dois terão que enfrentar muito mais do que apenas a diferença social.
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Crítica de Má Influência, da Netflix
Apesar da premissa que mistura thriller e romance, “Má Influência” rapidamente se mostra refém de estereótipos do gênero adolescente. A trama do “bad boy” e da “garota perfeita” se desenvolve da forma mais previsível possível, com festas, conflitos familiares e olhares intensos que já vimos em diversas produções semelhantes.
A tentativa de disfarçar esses clichês com uma estética misteriosa e trilha sonora pulsante falha ao não oferecer substância narrativa. O mistério das ameaças se perde em subtramas rasas e reviravoltas que se anunciam com minutos de antecedência. O resultado é uma história que finge profundidade, mas tropeça na própria superficialidade.
Atuações comprometidas por diálogos artificiais
O elenco faz o possível com o material que tem, mas os diálogos muitas vezes soam artificiais e deslocados, como se tivessem sido retirados de conversas no TikTok ou de um roteiro improvisado no Wattpad. Faltam nuances, principalmente na construção de Eros, que alterna entre o típico rebelde com coração bom e o galã silencioso, sem um desenvolvimento convincente.
Já Reese, embora inicialmente promissora, se perde em um arco pouco consistente, que idealiza sua força ao mesmo tempo em que a coloca como objeto passivo da narrativa. A química entre os protagonistas existe, mas é sufocada pela direção que aposta mais na sensualidade das cenas do que em suas implicações emocionais.
Estética estilizada, mas excessiva
Visualmente, “Má Influência” aposta em uma estética marcada por filtros carregados, luzes de boate e closes dramáticos. Essa linguagem, que busca evocar um tom sofisticado e contemporâneo, acaba se aproximando mais de um videoclipe ou de um “highlight reel” de influenciadores digitais do que de um thriller psicológico.
A direção de Chloé Wallace até tenta dar profundidade com silêncios e planos contemplativos, mas o excesso de estilização esvazia a densidade emocional. Ao invés de amplificar o drama, o visual o distancia. O filme quer parecer moderno e provocador, mas termina parecendo um ensaio de moda com roteiro.
Crítica social rasa e confusa
Embora haja tentativas de abordar temas como violência, assédio, desigualdade social e relações tóxicas, tudo é tratado de maneira apressada e sem complexidade. As mensagens sobre feminismo ou empoderamento são diluídas em cenas onde a hipersexualização reina, e a ideia de amor é confundida com obsessão e impulsividade.
Mesmo com o esforço de mostrar Reese como uma jovem com agência e Eros como um homem sensível por trás da fachada dura, o longa recai em romantizações problemáticas e decisões narrativas que reforçam ideias ultrapassadas sobre relacionamentos.
Conclusão
“Má Influência” é, acima de tudo, um produto moldado para seduzir o público jovem com estética vibrante, romance proibido e um toque de perigo. Contudo, o que poderia ser uma reflexão sobre relações afetivas e escolhas pessoais se torna um desfile de clichês embalados por filtros de Instagram.
Ainda assim, há um público para esse tipo de história. Para quem busca um drama adolescente com clima de romance tóxico e visual chamativo, o filme pode funcionar como um passatempo escapista. Mas para quem espera profundidade emocional, mistério bem construído e personagens memoráveis, “Má Influência” deixa muito a desejar — e, como seu próprio título indica, talvez não seja a melhor referência a seguir.
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Onde assistir ao filme Má Influência?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Má Influência (2025)
Elenco de Má Influência, da Netflix
- Alberto Olmo
- Eléa Rochera
- Enrique Arce
- Mirela Balić
- Sara Ariño
- Farid Bechara
- Fer Fraga
- Mar Isern
- Selam Ortega
- Clara Chaín
Ficha técnica de Má Influência
- Título original: Mala Influencia
- Direção: Chloé Wallace
- Roteiro: Chloé Wallace, Diana Muro
- Gênero: romance, suspense
- País: Espanha, Estados Unidos
- Duração: 106 minutos
- Classificação: 14 anos
Sobre o autor
