Matar um Tigre crítica do filme documentário vencedor do Oscar Netflix 2024 (1)

Foto: Netflix / Divulgação

Dirigido por Nisha Pahuja, o filme “Matar um Tigre” (To Kill A Tiger), documentário indicado ao Oscar 2024 de Melhor Documentário, narra a luta de um pai por justiça após sua filha de 13 anos, Kiran (pseudônimo), ser estuprada por três homens de sua vila durante uma festa de casamento. Em um cenário desfavorável, o modesto agricultor Ranjit, do distrito de Bero, em Jharkhand, recusa-se a desistir de sua busca por justiça. Firme em sua luta, ele rejeita as tentativas dos vilarejos de chegar a um acordo e casar sua filha com um dos agressores.

Leia também

‘Quarto de Guerra’ funciona apenas com o público religioso

‘Sócrates’ pode ser uma experiência transformadora

‘Sem Vestígios’, mas com muitos buracos

Sinopse de Matar um Tigre, da Netflix

Depois que sua filha adolescente sobrevive a um crime terrível, um fazendeiro busca incansavelmente por justiça, desafiando a intolerância de seu vilarejo.

Leia mais críticas de filmes da Netflix

Crítica do filme Matar um Tigre (2024)

A jornada de Ranjit e sua família para se manterem firmes e continuar a batalha legal torna-se um testemunho desconfortável. No entanto, o mais comovente é o colapso do apoio da comunidade à menina, cuja família ignora a pressão implacável dos vilarejos, incluindo mulheres, para “perdoar” os culpados e casá-la com um deles.

Para a maioria dos moradores, a decisão de Ranjit de buscar a justiça é incomum, até obstinada, algo que eles não conseguem entender. Em um ambiente profundamente patriarcal, onde a violência contra as mulheres é endêmica, a família é criticada por não mostrar “perdão” aos culpados e, assim, manchar o nome da vila.

Culpabilização da vítima

Um dos pontos mais fortes da história é a opinião dos moradores de que a sobrevivente deve se casar para se livrar da “mancha”. Quando questionados sobre o sofrimento da menina – incluindo o membro do conselho que foi testemunha no caso -, eles não hesitam em fazer insinuações de culpabilização da vítima dizendo que a menina não deveria ficar fora até tarde. Quando suas sugestões e condenações não tiveram o efeito desejado, eles passaram a ameaçar a família. Ranjit recebeu ameaças de morte, além do aviso de que sua casa poderia ser incendiada.

Esses incidentes reforçam o fato perturbador de que várias políticas para “empoderar” mulheres e leis para protegê-las ainda não avançaram substancialmente em certas regiões onde tradições profundamente enraizadas continuam a relegar as mulheres a papéis secundários, privando-as de voz.

Enquanto o estigma que as sobreviventes de estupro têm que suportar permanece uma realidade, o sistema para fornecer justiça a elas é inepto e tendencioso contra as sobreviventes. O oficial de investigação neste caso nem sequer visitou a cena do crime e errou nos horários em seu relatório. É uma história que precisava ser contada, especialmente porque poderia oferecer inspiração a todas as famílias que não conseguiram reunir coragem para lutar contra a injustiça e a hostilidade de sua comunidade.

Pequenos problemas

Apesar de sua relevância, “Matar um Tigre”, que perdeu o Oscar de Melhor Documentário para “20 Dias em Mariupol”, não está isento de falhas. Embora os cineastas tenham afirmado que Kiran, agora adulta, não se envergonhou de revelar seu rosto, poderia ter sido evitado usar imagens dela quando ainda era menor de idade.

Além disso, não fica claro como o vínculo entre pai e filha – tema central do documentário – se tornou a espinha dorsal dessa luta. A narrativa também se enfraquece quando muda o foco para os ativistas. Ao aconselhar a família da sobrevivente e os moradores, eles chegam a ser “pregadores”.

Leia tudo sobre séries da Netflix

Conclusão

“Matar um Tigre” é um documentário que conta uma história importante de forma envolvente e perturbadora. Embora seja uma experiência intensa, é um filme que vale a pena ser assistido, pois destaca a coragem e a determinação de um pai em buscar justiça para sua filha em face da adversidade. A obra não só revela a urgência de mudanças sociais e culturais, mas também celebra a resiliência e o amor de uma família em meio a circunstâncias desafiadoras.

  • Vai comprar na Amazon? Então ajude o Flixlândia adquirindo seus produtos pelo nosso link: https://amzn.to/41fnLbN

Siga o Flixlândia nas redes sociais

Onde assistir ao filme Matar um Tigre (2024)?

“Matar um Tigre” está disponível para assinantes da Netflix.

Trailer do filme Matar um Tigre, da Netflix (2024)

Ficha técnica do filme Matar um Tigre, da Netflix (2024)

  • Título original do filme: To Kill a Tiger
  • Direção: Nisha Pahuja
  • Roteiro: Nisha Pahuja
  • Gênero: documentário
  • País: Canadá
  • Ano: 2024
  • Duração: 127 minutos
  • Classificação: 16 anos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *