Sabe aquele ditado que diz que “os opostos se atraem”? No cinema, isso geralmente acaba em comédia romântica ou em tragédia completa. Em O Bom Vizinho (The Good Neighbor, 2022), estamos definitivamente no segundo território.
Remake do filme alemão Vizinho Sinistro (Unter Nachbarn), de 2011, este suspense dirigido por Stephan Rick (que também dirigiu o original, curiosamente) tenta trazer a angústia da culpa para um cenário americano, apoiando-se quase que inteiramente na tensão entre dois protagonistas muito diferentes.
Se você gosta de filmes onde uma decisão ruim desencadeia uma avalanche de problemas, este longa — disponível no catálogo do Prime Video — pode ser a sua pedida para o fim de semana. Mas, será que ele entrega tudo o que promete ou é apenas mais um thriller genérico de “stalker”? Vamos descobrir.
Sinopse
A trama gira em torno de David (Luke Kleintank), um jornalista americano que, após passar por um período difícil, decide recomeçar a vida na Letônia (embora a ambientação tente passar uma vibe meio genérica). Ele se muda para uma casa isolada e logo faz amizade com seu vizinho, Robert (Jonathan Rhys Meyers). Robert é aquele tipo de cara prestativo até demais, meio solitário, que parece desesperado por uma conexão humana.
A amizade engata rápido, mas uma noite de bebedeira muda tudo. Enquanto voltam para casa no carro de Robert, com David ao volante, eles atropelam acidentalmente uma ciclista. Em pânico, e influenciado pela frieza manipuladora de Robert, David foge da cena do crime, deixando a vítima para trás. A partir daí, cria-se um pacto de silêncio.
As coisas se complicam ainda mais quando David se aproxima de Vanessa (Eloise Smyth), a irmã da vítima, buscando redenção ou punição, enquanto Robert começa a mostrar que sua lealdade esconde uma obsessão perigosa e controladora.
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Resenha crítica do filme O Bom Vizinho
O que faz O Bom Vizinho funcionar não é necessariamente a originalidade do roteiro — afinal, tramas de “atropelamento e fuga” e “vizinho psicopata” são velhas conhecidas de quem assistia ao Supercine. O trunfo aqui é a dinâmica psicológica e, principalmente, as atuações que elevam o material.
O fator Jonathan Rhys Meyers
Não tem como negar: Jonathan Rhys Meyers carrega o piano neste filme. O ator, conhecido por papéis intensos como em Match Point e The Tudors, entrega um Robert que é, ao mesmo tempo, patético e aterrorizante. Ele consegue transitar do vizinho carente que só quer um amigo para um sociopata calculista com um simples olhar.
É fascinante (e desconfortável) ver como ele manipula David. A atuação de Meyers nos deixa sempre em alerta; você sabe que ele vai explodir ou fazer algo drástico, só não sabe quando. Ele é a âncora de tensão do filme, transformando cenas simples, como um jantar ou uma conversa no quintal, em momentos de puro suspense.

Suspensão de descrença e decisões ruins
Por outro lado, para comprar a trama de O Bom Vizinho, o espectador precisa desligar um pouco o senso crítico. David, interpretado por Luke Kleintank, é aquele personagem que toma todas as decisões erradas possíveis. A passividade dele diante das manipulações de Robert pode ser frustrante.
Em vários momentos, você vai se pegar gritando com a tela: “Por que você não vai à polícia agora?!”. A relação de David com Vanessa, a irmã da moça que ele atropelou, é o ponto mais frágil do roteiro. É forçado acreditar que ele conseguiria manter a farsa tão perto dela sem colapsar imediatamente, e o romance surge de uma forma um tanto conveniente para o drama, mas pouco orgânica.
Atmosfera e direção
Stephan Rick faz um bom trabalho na direção ao criar uma atmosfera claustrofóbica. Mesmo com cenas externas, a sensação é de que os personagens estão presos. A fotografia, com tons mais frios e sombras marcadas, ajuda a vender a ideia de isolamento.
O filme acerta muito ao não focar apenas na investigação policial, mas sim na deterioração mental dos dois protagonistas. É um jogo de gato e rato onde o “gato” está morando na casa ao lado e tem a chave da sua porta. A tensão é construída no silêncio e nas trocas de olhares, mais do que em perseguições desenfreadas, o que é um ponto positivo para quem prefere um suspense mais psicológico.
Conclusão
O Bom Vizinho é um thriller competente que cumpre o que promete: entreter e deixar o espectador tenso. Embora sofra com alguns clichês do gênero e exija paciência com as atitudes pouco inteligentes do protagonista, ele compensa com uma performance magnética de Jonathan Rhys Meyers e um ritmo que não deixa a peteca cair.
Não é um filme que vai mudar sua vida ou redefinir o gênero, mas é uma “Sessão da Tarde” sombria e eficaz. No fim das contas, a lição que fica é clara e direta: cuidado com quem você divide uma cerveja e, principalmente, cuidado com quem mora ao lado.
Onde assistir ao filme O Bom Vizinho?
Trailer de O Bom Vizinho (2022)
Elenco do filme O Bom Vizinho
- Jonathan Rhys Meyers
- Luke Kleintank
- Bruce Davison


















