Crítica do filme O Ônibus Perdido, Apple TV+ (2025) - Flixlândia

‘O Ônibus Perdido’ vai além do incêndio

Filme é estrelado por Matthew McConaughey e America Ferrera

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O cinema de Paul Greengrass sempre buscou a urgência, a tensão visceral e o realismo documental. De Voo United 93 a Capitão Phillips, o diretor nos transporta para o centro de eventos históricos brutais, transformando a catástrofe em um thriller de sobrevivência imediato. Com O Ônibus Perdido, ele retorna a esse terreno familiar, recriando o terrível Camp Fire de 2018 que devastou Paradise, na Califórnia.

Longe de ser um espetáculo de desastre convencional, o filme se estabelece como uma experiência imersiva e exaustiva, que nos tranca dentro de um ônibus claustrofóbico em meio ao caos. Embora o longa-metragem não esteja isento de falhas estruturais, sua proficiência técnica e a força de sua sequência central o consagram como uma das obras mais envolventes e inesquecíveis do ano.

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Sinopse

O filme é baseado em uma história real e acompanha o motorista de ônibus escolar Kevin McKay (interpretado por Matthew McConaughey) e a professora Mary Ludwig (America Ferrera). Quando um incêndio florestal catastrófico avança de forma implacável sobre a cidade de Paradise, na Califórnia, Kevin e Mary se veem na missão quase impossível de guiar 22 crianças em segurança através do inferno.

À medida que as vias de evacuação se tornam intransitáveis e a comunicação falha, o ônibus se transforma em uma caixa de aço cercada por cinzas e chamas. A narrativa foca na luta desesperada por sobrevivência, enquanto os heróis da vida real tentam manter a calma em meio ao pânico e ao caos.

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Crítica

Paul Greengrass é um mestre em sua arte, e isso fica evidente em O Ônibus Perdido. Sua marca registrada, a câmera na mão, pode incomodar alguns no início, mas ela se torna um elemento fundamental para a imersão assim que a ação começa. A abordagem simula a perspectiva de um observador, ou mesmo de um participante, nos colocando no coração da devastação.

A tensão não vem de bolas de fogo gigantes, mas do som do vento e das chamas crepitando, da fumaça densa que bloqueia a visão e do desespero nos rostos das crianças. O perigo é tátil e palpável, ressaltado pelo design de som visceral e pela fotografia escura e granulada, que distorce os rostos em meio ao incêndio. É um retrato autêntico e poderoso do que os moradores de Paradise e comunidades vizinhas suportaram, capturando a devastação com notável precisão.

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Atuações e o drama humano

O filme é poderosamente ancorado nas atuações de Matthew McConaughey e America Ferrera. McConaughey, em seu primeiro papel na tela em anos, entrega uma performance magistral de heroísmo contido. Ele incorpora um homem comum, com falhas, que é forçado a agir de forma extraordinária. Sua postura estoica e sua determinação silenciosa fundamentam a hipertensão do filme.

Ao seu lado, America Ferrera oferece uma atuação de compaixão e foco, servindo como o lastro emocional necessário para os alunos aterrorizados. A química entre os dois é excelente, lembrando a dinâmica de filmes de ação clássicos como Velocidade Máxima. O diretor preenche o restante do elenco com rostos que não são de Hollywood, o que reforça o realismo e a sensação de que estamos testemunhando uma comunidade genuína em crise.

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Falhas estruturais e desperdício de potencial

Apesar de suas qualidades, O Ônibus Perdido sofre com fragilidades no roteiro. A maior delas reside na introdução do filme, que insiste em injetar um melodrama desnecessário e excessivamente fabricado na história de Kevin. O trauma pessoal do personagem (um pai falecido, um filho distante, um cachorro que morre) é exposto de forma desajeitada e até caricata, como um “diálogo de novela diurna”. Essa tentativa de humanizar o herói acaba parecendo manipuladora e desvia a atenção do terror imediato e avassalador da premissa.

Embora a intenção seja nobre — mostrar a redenção do protagonista através de seu heroísmo —, ela é executada de forma clichê, diminuindo a força da narrativa. A atuação de McConaughey, no entanto, é tão sutil que ele consegue transmitir toda a história emocional apenas com a sua linguagem corporal, tornando a exposição verbal redundante.

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Contexto e crítica social

Um dos pontos mais debatidos sobre o filme é a forma como ele lida com as causas do desastre. Embora o filme foque no drama humano e na sobrevivência, ele parece evitar uma crítica mais contundente à negligência e à incompetência social. Alguns argumentam que o filme tenta abordar a tragédia sem realmente discutir as mudanças climáticas ou a negligência humana que leva a esses incêndios cada vez mais frequentes e severos.

O filme não perde tempo com discursos panfletários, mas o drama dos personagens e dos bombeiros se torna um alerta por si só. A cena em que o chefe dos bombeiros se emociona ao falar que “a cada ano há mais incêndios e eles são maiores” resume a tragédia, mas o filme poderia ter ousado mais nesse aspecto.

Ainda assim, a representação do caos no trânsito e do pânico dos moradores que esperaram demais para evacuar é um comentário social em si, mostrando como a sociedade, com sua dependência de carros, pode se tornar sua própria prisão.

Conclusão

O Ônibus Perdido é uma experiência cinematográfica poderosa e intensa. Ele nos lembra que a sobrevivência é confusa, incerta e profundamente humana, e que o custo de uma tragédia reside no drama pessoal de cada indivíduo. A maestria de Paul Greengrass em criar uma atmosfera de desespero e a atuação cativante de Matthew McConaughey e America Ferrera são os pilares de um filme que, apesar de suas falhas de roteiro, consegue prender o público do início ao fim.

Embora o filme possa não ser a crítica social profunda que alguns esperavam, ele acerta ao focar no custo humano da negligência e na força frágil da comunidade em meio ao caos. É um lembrete forte e emocional da beleza da compaixão e da resiliência humana, mesmo quando estamos cercados por fogo e devastação.

Onde assistir ao filme O Ônibus Perdido?

O filme está disponível para assistir na Apple TV+.

Quem está no elenco de O Ônibus Perdido, da Apple TV+?

  • Matthew McConaughey
  • America Ferrera
  • Yul VazquezAshlie Atkinson
  • Kimberli Flores
  • Levi McConaughey
  • Kay McConaughey
  • John Messina
  • Kate Wharton
  • Danny McCarthy
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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