A nova adaptação de “O Sobrevivente” (2025), que estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas, chega aos cinemas carregando a expectativa de finalmente fazer jus ao livro de Stephen King — algo que a versão de 1987, estrelada por Arnold Schwarzenegger, não conseguiu, a ponto de o autor rejeitar ter seu nome associado ao projeto. Desta vez, porém, a recepção do escrito parece bem diferente, alimentando a curiosidade do público e reacendendo o interesse pela história que mistura distopia, violência televisiva e crítica social.
O filme se apresenta como uma obra inquieta, que combina ação de alto nível com reflexões sobre poder, mídia e espetáculo. Logo de início, é possível sentir a ambição da direção em atualizar o material original para um mundo no qual entretenimento e vigilância se entrelaçam com mais intensidade do que nunca.
No entanto, essa tentativa de abraçar muitos temas ao mesmo tempo nem sempre encontra equilíbrio, e isso se torna uma chave importante para entender a experiência completa da obra.
Sinopse
Em um futuro distópico dominado pela REDE — uma emissora onipotente que influencia cada aspecto da vida social — acompanhamos Ben Richards, um homem comum que luta para sustentar sua família. Sem recursos para comprar o remédio da filha doente, ele se vê encurralado e decide se inscrever em desafios transmitidos pela emissora, que prometem recompensas financeiras em troca de pequenos testes físicos e psicológicos.
Porém, ao perceber o potencial de Ben, o dono da REDE o coloca à força no programa mais brutal da grade: “O Sobrevivente”. Nele, participantes precisam fugir por 30 dias de caçadores treinados para matá-los, usando qualquer estratégia possível — desde pedir ajuda a desconhecidos até desaparecer no submundo urbano. A partir daí, o personagem se transforma não apenas em um competidor, mas em um símbolo involuntário para um público que consome violência como entretenimento.
➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo INSTAGRAM, X, TIKTOK, YOUTUBE, WHATSAPP, e GOOGLE NOTÍCIAS, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.
Resenha crítica do filme O Sobrevivente (2025)
Os dois primeiros atos se destacam pelo equilíbrio entre explicação e ritmo. A construção do universo distópico é clara, funcional e suficientemente perturbadora sem precisar recorrer ao didatismo. É nesse momento que o filme estabelece seus paralelos com a sociedade contemporânea, discutindo como a mídia manipula narrativas e fabrica heróis conforme seus interesses.
Além disso, a atuação de Glen Powell se revela um dos maiores trunfos do filme. Carismático, vulnerável e intenso, ele conduz o público a investir emocionalmente em Ben Richards. Mesmo nos momentos mais frenéticos, Powell ancora a história com humanidade, tornando crível a jornada de um homem comum colocado em circunstâncias extremas.

A virada para o caos
O terceiro ato, no entanto, sofre com uma mudança brusca de tom. A narrativa, antes coesa, mergulha em um caos visual e temático que dilui parte das discussões levantadas anteriormente. Em meio à correria e à escalada de violência, alguns dos temas mais interessantes — como o nascimento de uma revolução e o papel das massas na legitimação da violência — aparecem apenas de forma superficial.
Ainda assim, o caos não é totalmente improdutivo. A ação, embora desorganizada em termos dramáticos, é conduzida com destreza técnica. As coreografias são inventivas, a fotografia sabe aproveitar os espaços urbanos e os efeitos especiais sustentam a urgência do momento. É um excesso que entretém, mesmo que não ilumine.
Entretenimento afiado
Quando o filme permite respirar, a crítica social volta a aparecer com força. A relação do público com a violência, a transformação de sofrimentos individuais em espetáculo e a necessidade de símbolos para aglutinar descontentamentos sociais são tópicos explorados de maneira instigante. Mesmo que não sejam aprofundados como poderiam, permanecem presentes como ecos do livro original de King.
No fim das contas, o longa funciona melhor quando abraça sua dupla identidade: um filme de ação de adrenalina em carga altíssima e uma sátira amarga sobre o modo como nos conectamos — e nos alienamos — através da tela. Esse equilíbrio, quando alcançado, rende alguns dos momentos mais fortes da produção.
Conclusão
A versão 2025 de “O Sobrevivente” não é perfeita, mas representa um passo significativo em direção ao espírito do livro de Stephen King. Seus altos e baixos narrativos revelam a ambição do projeto e sua disposição de dialogar com temas urgentes, ainda que nem todos encontrem o espaço ideal para se desenvolver. A força do elenco e a solidez técnica sustentam a experiência mesmo quando o roteiro se perde.
Como entretenimento, o filme funciona com vigor; como crítica social, provoca reflexões suficientes para permanecer na mente do espectador após os créditos. Mesmo com seus tropeços, esta adaptação finalmente entrega algo que o próprio King parece reconhecer: um retrato mais fiel, feroz e atual da distopia que imaginou décadas atrás.
Onde assistir ao filme O Sobrevivente (2025)?
O filme estreia nesta quinta-feira, 20 de novembro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.
Trailer de O Sobrevivente (2025), com Glen Powell
Elenco do filme O Sobrevivente (2025)
- Glen Powell
- Alyssa Benn
- Sienna Benn
- David Zayas
- Greg Townley
- Karl Glusman
- Joey Ansah
- James Frecheville













