O universo dos podcasts de true crime no Brasil ganhou uma dimensão ainda maior com a ascensão de “A Mulher da Casa Abandonada”, uma produção jornalística da Folha de S.Paulo que não só cativou o público em áudio, mas agora se desdobra em uma série documental no Prime Video, prometendo novas camadas a uma história já complexa.
Onde ouvir o podcast original A Mulher da Casa Abandonada?
Para os interessados em mergulhar na narrativa que deu origem a todo o fenômeno, o podcast “A Mulher da Casa Abandonada” está amplamente disponível nas principais plataformas de áudio. Produzido pela Folha de S.Paulo, a série é uma reportagem investigativa assinada pelo jornalista Chico Felitti, que dedicou seis meses à apuração dos fatos.
Os ouvintes podem acessar os episódios através de plataformas como Castbox, Apple Podcasts, Spotify e Deezer. A série de áudio, que conta com um total de 10 episódios, incluindo um extra que trouxe novas revelações, é conhecida por sua abordagem de “crime verdadeiro”, explorando a história de vida de uma figura misteriosa em um formato narrativo envolvente.
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A trama que chocou o país
O ponto de partida do podcast é a figura de “Mari”, uma mulher reclusa que habita uma mansão em ruínas no abastado bairro de Higienópolis, em São Paulo. O repórter Chico Felitti desvenda que “Mari” não é quem diz ser, escondendo a acusação de um crime hediondo cometido nos Estados Unidos duas décadas antes, tendo escapado de um julgamento e do FBI.
A verdadeira identidade da mulher é revelada como Margarida Bonetti, uma herdeira que cresceu na mesma mansão de Higienópolis e se mudou para os EUA no final dos anos 1970. A investigação do FBI apontou que Margarida e seu marido, Renê Bonetti, mantiveram uma empregada doméstica sem salário e sob agressões por cerca de vinte anos na cidade de Gaithersburg, Maryland. Enquanto Renê foi julgado, condenado e cumpriu pena nos EUA, Margarida fugiu para o Brasil, isolando-se na mansão decadente.
Histórias similares
O podcast também explora outras histórias similares de exploração e debate a persistência desses crimes no Brasil. Em um dos momentos mais aguardados, Margarida Bonetti concedeu uma entrevista ao podcast, defendendo-se das acusações e alegando um complô. Um episódio extra, lançado anos depois, trouxe informações inéditas, incluindo o período em que Margarida teria vivido em Campinas e o relato de uma mulher que se sentiu explorada por ela.
É crucial ressaltar que o podcast é uma reportagem baseada em registros de notório interesse público, que buscou ouvir todos os envolvidos e dar espaço às suas versões. A Folha de S.Paulo, como produtora, reitera que a série não é uma investigação policial nem um processo judicial, e condena qualquer forma de agressão ou perseguição às pessoas retratadas.
➡️ ‘A Mulher da Casa Abandonada’ é um exemplo raro de adaptação
➡️ ‘A Mulher da Casa Abandonada’ é baseada em uma história real?
➡️ ‘A Mulher da Casa Abandonada’ tem quantos episódios?

A adaptação para a série de A Mulher da Casa Abandonada
O sucesso do podcast pavimentou o caminho para uma adaptação visual. “A Mulher da Casa Abandonada” estreou como série documental no Prime Video em 15 de agosto, com três episódios disponíveis. Dirigida por Katia Lund, conhecida por seu trabalho em “Cidade de Deus”, a série promete ir além do que foi apresentado no áudio.
Chico Felitti, criador do podcast, explicou em coletiva de imprensa que a série não é uma mera transposição, mas sim “completamente outra história, só que no mesmo caso”. A adaptação documental traz novas revelações, detalhes inéditos e um foco geográfico que se expande para os Estados Unidos.
Entre as novidades, destacam-se depoimentos comoventes de Hilda Rosa dos Santos, a vítima da exploração, que não estavam na versão original do podcast, além de declarações inéditas do FBI sobre o crime. A série também explora como o caso resultou em uma mudança de lei com impacto nos EUA e até na ONU, um aspecto não abordado na investigação em áudio.
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O impacto e a subjetividade jornalística
A produção do podcast foi elogiada por sua qualidade e pela forma como o storytelling e a subjetividade do narrador, Chico Felitti, são empregados para criar uma imersão sensorial na realidade. Felitti utiliza uma locução subjetiva, recorrendo à primeira pessoa, para estabelecer um diálogo íntimo com o ouvinte, compartilhando impressões e dúvidas, sem, no entanto, negligenciar os valores jornalísticos de busca pela verdade e equilíbrio na apresentação dos fatos.
Pesquisas sobre a linguagem narrativa do podcast indicam um uso proeminente de “Descrições” para pintar cenários, personagens e situações, permitindo ao ouvinte “captar as nuances ambientais de onde o acontecimento se dá”, desde cores e sons até o movimento das ações. O impacto do podcast foi tamanho que muitos ouvintes se tornaram “viciados” no formato, explorando outros títulos do gênero.
Com a série, a expectativa é que o caso de Margarida Bonetti e as discussões sobre exploração e justiça alcancem um público ainda maior, adicionando elementos visuais e novas perspectivas a uma história que, por si só, já “parou o Brasil”. Seja através do podcast para uma experiência auditiva imersiva ou da série documental para detalhes visuais e novos depoimentos, a saga de “A Mulher da Casa Abandonada” continua a intrigar e provocar reflexão sobre as complexidades do crime e da condição humana.