No filme “Origin”, Ava DuVernay revisita sua capacidade de abordar questões sociais com profundidade e sensibilidade, entregando uma obra que transcende a mera biografia. Inspirado no livro Casta: As origens de nosso mal-estar, da jornalista e escritora Isabel Wilkerson, o longa equilibra uma narrativa pessoal e investigativa, explorando como sistemas de castas moldam injustiças ao longo da história.
Com atuações marcantes, especialmente de Aunjanue Ellis-Taylor, e uma direção ousada, o filme oferece uma experiência rica e bastante desafiadora.
Sinopse do filme Origin (2024)
Origin segue Isabel Wilkerson (Ellis-Taylor), uma escritora renomada que, após vivenciar a morte de três familiares em um curto período, decide canalizar sua dor em uma pesquisa acadêmica ousada.
A obra compara o racismo nos Estados Unidos ao Holocausto nazista e ao sistema de castas indiano. Essa busca atravessa fronteiras e tempos históricos, revelando como essas hierarquias estruturais permanecem presentes e influenciam as sociedades contemporâneas.
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Crítica de Origin, da Netflix
Ava DuVernay opta por uma abordagem narrativa que mistura elementos de ficção e documentário. Esse formato híbrido confere força ao discurso intelectual, mas também expõe limitações na construção de personagens tridimensionais. Isabel, apesar de brilhantemente interpretada por Ellis-Taylor, muitas vezes se torna um veículo para debates acadêmicos, o que dilui parte da profundidade emocional do roteiro.
A decisão de integrar o luto pessoal à trama é um dos acertos mais notáveis do filme. As perdas de Isabel não apenas impulsionam sua jornada, mas também permitem que o espectador se conecte com a protagonista em um nível mais humano. A interpretação de Ellis-Taylor é magnética, capturando com autenticidade as vulnerabilidades e a resiliência da personagem.
Do ponto de vista técnico, a fotografia de Matthew Lloyd adota um estilo quase documental, reforçando a sensação de que estamos acompanhando um estudo histórico vivo. A montagem, por outro lado, pode confundir em certos momentos, especialmente devido à interseção de linhas temporais e narrativas. No entanto, essa escolha parece intencional, refletindo a complexidade das conexões que Isabel busca desvendar.
O roteiro, também assinado por DuVernay, apresenta um tom professoral, algo que pode ser visto como positivo ou negativo, dependendo da expectativa do espectador. Por um lado, a cineasta abre espaço para discussões profundas sobre sistemas de opressão; por outro, essa abordagem pode afastar aqueles que preferem narrativas mais fluidas e menos explicativas.
Um destaque do filme é como ele utiliza eventos históricos para conectar tragédias aparentemente desconectadas, demonstrando que a desumanização é uma constante cíclica nas sociedades humanas. Essa perspectiva amplia o impacto emocional e intelectual da obra, tornando-a uma experiência provocativa.
Conclusão
“Origin” é um filme que desafia o público a refletir sobre questões profundas e sistêmicas. Embora ambicioso e, por vezes, irregular, ele se destaca por sua coragem em abordar temas sensíveis de maneira direta e impactante.
Ava DuVernay entrega uma obra que transcende o entretenimento, oferecendo um espaço para o diálogo e a conscientização. Apesar de suas imperfeições, “Origin” é uma obra essencial para entender as dinâmicas de poder e desigualdade que moldam o mundo contemporâneo.
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Onde assistir ao filme Origin?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Origin (2024)
Elenco de Origin, da Netflix
- Aunjanue Ellis
- Jon Bernthal
- Emily Yancy
- Niecy Nash-Betts
- Nick Offerman
- Vera Farmiga
- Audra McDonald
- Connie Nielsen
- Finn Wittrock
- Blair Underwood
Ficha técnica do filme Origin
- Título original: Origin
- Direção: Ava DuVernay
- Roteiro: Ava DuVernay
- Gênero: drama
- País: Estados Unidos
- Duração: 141 minutos
- Classificação: 14 anos
2 thoughts on “‘Origin’, uma análise profunda sobre castas e desigualdade racial”