“Quem Vê Casa” (No Good Deed), série de comédia sombria da Netflix, tenta explorar os dramas ocultos por trás da venda de uma casa histórica em Los Angeles. Criada por Liz Feldman, a mesma mente por trás de “Disque Amiga para Matar”, a produção promete um mix de mistério, humor ácido e emoções familiares intensas.
Com um elenco de peso liderado por Lisa Kudrow e Ray Romano, a série apresenta potencial, mas tropeça ao tentar equilibrar suas diferentes facetas.
Lydia (Lisa Kudrow) e Paul (Ray Romano) são um casal em luto pela trágica morte do filho adolescente, um evento que ainda assombra sua casa na prestigiada região de Los Feliz. Decididos a recomeçar, eles colocam a propriedade à venda, atraindo três famílias com suas próprias crises e segredos.
Entre os potenciais compradores estão Leslie (Abbi Jacobson) e Sarah (Poppy Liu), um casal enfrentando desafios na fertilização in vitro; Carla (Teyonah Parris), Dennis (O-T Fagbenle) e a controladora mãe dele, Denise (Anna Maria Horsford); além de JD (Luke Wilson) e sua esposa glamourosa e problemática, Margo (Linda Cardellini).
Enquanto disputam o imóvel, os personagens revelam segredos, ambições e lados sombrios, tornando a venda da casa um catalisador de caos e reviravoltas imprevisíveis.
“Quem Vê Casa” tenta replicar a fórmula bem-sucedida de “Disque Amiga para Matar”, mas o resultado final é inconsistente. A série se destaca em alguns momentos emocionais e cômicos, mas não consegue criar um equilíbrio entre humor absurdo e tragédia familiar.
Lisa Kudrow entrega uma atuação brilhante como Lydia, uma mãe devastada que tenta mascarar sua dor com sarcasmo. Suas interações com Linda Cardellini, que interpreta a imprevisível Margo, são os pontos altos da série.
Cardellini, com seu charme inato, transforma uma personagem potencialmente desagradável em alguém fascinante. Infelizmente, essas cenas são raras, deixando a sensação de que a química entre as atrizes foi subaproveitada.
Por outro lado, Ray Romano decepciona como Paul. Sua performance apática não combina com a energia de Kudrow, resultando em uma dinâmica de casal pouco convincente. A escrita de seu personagem também é problemática, recaindo em estereótipos cansativos do “marido emocionalmente reprimido”.
Falta de coesão no roteiro
O roteiro, embora cheio de reviravoltas, peca pela falta de coesão. Muitas das revelações parecem forçadas ou ilógicas, minando a tensão necessária para sustentar o mistério. Além disso, a série se apoia excessivamente em piadas que, por vezes, diminuem o impacto de momentos emocionais.
Apesar disso, o elenco coadjuvante oferece boas atuações, especialmente Luke Wilson e Teyonah Parris. No entanto, alguns personagens, como Leslie e Sarah, acabam com subtramas pouco desenvolvidas, limitando o impacto de suas histórias no enredo principal.
“Quem Vê Casa” não é um fracasso, mas tampouco atinge seu potencial. Com um elenco talentoso e uma premissa intrigante, a série poderia ter sido muito mais. A falta de equilíbrio entre comédia e drama, aliada a inconsistências no roteiro, impede que ela se destaque como algo memorável.
Ainda assim, é uma experiência de entretenimento leve e despretensiosa, ideal para quem busca algo rápido e divertido. Apenas não espere a genialidade emocional de “Disque Amiga para Matar” ou a profundidade de outras comédias sombrias.
Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.