Lançado de uma só vez na Netflix, o dorama “Querido Hongrang” mergulha o espectador em um mar de emoções intensas e silenciosas. O k-drama histórico, baseado no romance Tangeum, de Jang Da-hye, remonta à Coreia da dinastia Joseon e combina com maestria romance proibido, melodrama familiar, suspense psicológico e elementos quase sobrenaturais.
Com apenas 11 episódios, a série “Querido Hongrang” é uma dessas produções que não gritam: sussurram. E, por isso mesmo, machucam mais fundo.
Sinopse do dorama Querido Hongrang (2025)
No centro da trama está a poderosa família Sim, cuja aparente estabilidade é destruída após o desaparecimento do filho mais novo, Hong-rang, aos oito anos. Doze anos depois, um jovem homem reaparece afirmando ser o herdeiro perdido, embora sem memória do passado.
Seu retorno, longe de unir a família, acende uma série de tensões e desconfianças: a mãe, Min Yeon-ui, o aceita sem hesitação; o pai, Sim Yeol-guk, vê uma chance de restabelecer a ordem; já a meia-irmã, Jae-yi, oscila entre a fé e a dúvida. Para complicar ainda mais, Mu-jin, o órfão adotado para ocupar o lugar de Hong-rang, sente-se ameaçado – e talvez algo mais.
Por trás de olhares silenciosos e palavras não ditas, segredos obscuros se revelam. O que se inicia como um mistério de identidade rapidamente se transforma em uma teia emocional sobre pertencimento, luto, rancor e desejos inconfessáveis.
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Crítica da série Querido Hongrang, da Netflix
“Querido Hongrang” evoca o melhor do melodrama novelesco que encantou o público nos anos 1990. Famílias em conflito, herdeiros disputados, paixões proibidas, vilanias discretas e uma atmosfera sufocante de segredos. A diferença está na forma como o roteiro de Kim Jin-a e a direção sensível de Kim Hong-sun transformam esses ingredientes clássicos em uma ópera trágica de tons densos e sutis.
Ao abandonar a premissa inicial de dúvida sobre a identidade de Hongrang logo nos primeiros episódios, a série opta por mergulhar no psicológico do personagem. Lee Jae-wook brilha ao interpretar um protagonista que caminha entre o trauma, a ambição e a amargura. Seu Hongrang age como alguém que sabe exatamente o que perdeu – e o que está disposto a fazer para recuperar o que considera seu por direito.
Silêncios que dizem mais do que palavras
A força da série não está nos grandes diálogos ou nas reviravoltas barulhentas. Está no não-dito, nas pausas entre as falas, nos olhares demorados e nos gestos contidos. A relação entre Jae-yi (Jo Bo-ah) e Hongrang não se resume a uma trama incestuosa camuflada – embora flerte com isso de forma provocadora. É uma dança de dor e desejo, de saudade e desconfiança.
Além disso, Jo Bo-ah está excepcional ao encarnar uma mulher quebrada, mas não vencida, cuja força silenciosa é o fio condutor emocional da narrativa.
Mu-jin, interpretado com sensibilidade por Jung Ga-ram, é talvez o personagem mais trágico. Criado para substituir o irmão ausente, ele vive em constante estado de exclusão afetiva. Seu amor silencioso, sua lealdade não recompensada e seu lugar instável na hierarquia familiar formam um tripé de sofrimento quase insuportável.
Estética refinada e atmosfera hipnótica
Visualmente, “Querido Hongrang” é um espetáculo. A fotografia que alterna entre os verdes musgosos das florestas e os vermelhos saturados dos interiores cria um contraste emocional poderoso. As roupas tradicionais (hanboks) em movimento durante as cenas de ação são um deleite, mas é na iluminação suave das cenas noturnas que a série mais impressiona.
A trilha sonora merece aplausos à parte. Músicas como “Burning Petals”, de 4BOUT, amplificam a tensão com precisão cirúrgica, especialmente em momentos de contemplação ou ruptura emocional. É um trabalho de imersão estética que acompanha e potencializa o texto sem sobrecarregá-lo.
Entre a fantasia e o real: o luto como espectro
Mais do que uma história sobre identidade, “Querido Hongrang” é uma meditação sobre o luto e a impossibilidade de retorno. O suposto retorno de Hongrang reacende feridas que nunca cicatrizaram – e que talvez não fossem feitas para curar.
Ao longo dos episódios, a série insinua, com crescente intensidade, que há algo sobrenatural rondando a família. Um fantasma, talvez literal, mas certamente simbólico: o espectro do passado que não se deixa enterrar.
Conclusão
“Querido Hongrang” é um dorama histórico que rompe com a expectativa de narrativas tradicionais. Ele exige paciência, atenção e sensibilidade por parte do espectador. Não entrega respostas fáceis, não propõe finais felizes. Em vez disso, oferece uma jornada emocional densa, marcada por atuações intensas, direção precisa e uma estética arrebatadora.
Ao final, o que permanece não é a solução do mistério, mas a dor persistente da perda, a saudade do que nunca foi e a aceitação de que nem sempre é possível voltar. É um dorama que não tenta consertar ninguém — apenas nos convida a sentir. E, por isso, deixa uma marca profunda.
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Onde assistir ao dorama Querido Hongrang?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Trailer de Querido Hongrang (2025)
Elenco de Querido Hongrang, da Netflix
- Lee Jae-wook
- Cho Bo-ah
- Jung Ga-ram
- Uhm Ji-won
- Park Byung-eun
- Kim Jae-uck
Ficha técnica da série Querido Hongrang
- Título original: Tangeum / Dear Hongrang
- Criação: Kim Hong-sun, Kim Jin-a
- Gênero: drama, suspense, romance
- País: Coreia do Sul
- Temporada: 1
- Episódios: 11
- Classificação: 16 anos
Gostei demais da série as interpretações, excelente de todo o elenco. Tava com saudade de Lee Jae Wook, o ator é bom em qualquer papel, mas em série de época é imbatível
Concordo totalmente com está crítica e acrescento que a trilha sonora, tão primorosa como tudo que foi citado, amplifica ainda mais a imersão emocional profunda que está série provoca.
Fiquei muito impactada!