É muito comum nos perguntarmos quando uma produção dramática de forte impacto visual e narrativo como “Na Lama” chega às telas: seria ela baseada em uma história real?
A resposta, no entanto, é mais complexa do que um simples “sim” ou “não”, e revela o profundo trabalho de imersão que fundamentou esta nova aposta da Netflix.
Qual a história real de Na Lama?
“Na Lama” não é baseada em um caso real específico. No entanto, é fundamental destacar que a série, um spin-off da aclamada produção argentina “El Marginal”, inspira-se profundamente na vida dentro do sistema penitenciário feminino. O realismo de seus personagens e as situações extremas de sobrevivência que retrata levantaram, compreensivelmente, essa indagação entre o público.
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A inspiração na realidade carcerária feminina
Para conceber um retrato tão autêntico do ambiente prisional, o showrunner Sebastián Ortega e sua equipe de roteiristas realizaram uma extensa pesquisa. Ortega visitou prisões e conversou diretamente com detentas, recolhendo testemunhos que alimentaram o roteiro e moldaram os personagens.
Essa abordagem permitiu que a série fosse além da mera narrativa de ação ou crime, oferecendo uma visão profunda e autêntica do cotidiano atrás das grades.
A série “Na Lama” explora e reflete problemas recorrentes observados nos sistemas prisionais, especialmente na América do Sul, incluindo Argentina, Brasil e Equador. Entre os elementos realistas abordados estão:
Condições carcerárias desafiadoras
A produção ilustra a dureza da vida em prisões femininas, com questões como superlotação, escassez de recursos, dificuldades de acesso à saúde e programas educacionais inadequados. Relatos de direitos humanos indicam que muitas mulheres são frequentemente submetidas a revistas íntimas invasivas, isolamento prolongado e restrições sem avaliação individual, práticas que aumentam o risco de abuso e violência, e são espelhadas na série.
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Violência de gênero
A série aborda a violência de gênero dentro das prisões, um aspecto crucial da realidade carcerária feminina.
Tráfico humano e adoções ilegais
Um dos temas mais sombrios e impactantes da série é a exploração do tráfico humano e a atuação de uma rede ilegal de adoção de crianças dentro da prisão, liderada pela diretora Cecilia Moranzón e pelo Dr. Soriano.
Esse enredo ecoa denúncias e investigações de casos reais, inclusive com a série fazendo uma ponte direta com crimes de grande repercussão na Argentina, como o desaparecimento do menino Loan Danilo Peña em Corrientes, em 2024, que levantou suspeitas de tráfico infantil.
A atriz Ana Garibaldi, que interpreta Gladys “La Borges”, inclusive mencionou em entrevista que crimes como o tráfico infantil acontecem na vida real e que o título da série busca destacar essa verdade.
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Gangues prisionais e lutas por poder
A representação das gangues rivais na Penitenciária La Quebrada, lideradas por figuras como María Duarte, Fabi “La Zurda” e, posteriormente, Amparo “La Gallega”, reflete as dinâmicas de poder e as disputas territoriais observadas em prisões reais.
Essa constante luta pelo controle, que muitas vezes resulta em violência, espelha a realidade brutal de rebeliões e tragédias que ocorreram em presídios femininos da região, como o motim em Honduras em 2023, que resultou na morte de 46 mulheres.
O cenário fictício de “La Quebrada”
É importante ressaltar que, embora a narrativa se inspire em realidades prisionais, a locação principal, a prisão “La Quebrada”, não é uma penitenciária real em funcionamento. A equipe de produção montou o cenário detalhado do presídio dentro de uma antiga fábrica de tabaco abandonada em San Martín, nos arredores de Buenos Aires.
Contudo, algumas cenas cruciais, como o acidente que dá nome à série e deixa as protagonistas cobertas de barro, foram filmadas em locais reais, como o Puente Levadizo da Ilha Santiago, em Ensenada, La Plata, o que adiciona um impacto visual notável.
Em suma, “Na Lama” é uma obra de ficção que alcança voo próprio como um sólido spin-off de “El Marginal”. No entanto, sua força reside em sua capacidade de “borrar a linha entre ficção e realidade”, ao beber de fontes reais e testemunhos de vida para criar um drama prisional intenso e profundamente reflexivo sobre a sobrevivência em um sistema marcado por desigualdades e violência.
Onde assistir à série Na Lama?
A série está disponível para assistir na Netflix.
Assista ao trailer de Na Lama (2025)
Confira o elenco de Na Lama, da Netflix
- Ana Garibaldi
- Valentina Zenere
- Ana Rujas
- Rita Cortese
- Lorena Vega
- Carolina Ramírez
- Gerardo Romano
- Cecilia Rossetto
- Juana Molina
- Erika de Sautu Riestra